MANAUS (AM) – Bafo, balela, conto, fábula, fraude, “invencionice”, inverdade, fake news ou apenas mentira. Com a difusão da comunicação, especialmente nas redes sociais, a mentira ganhou força e tem interferido, mais do que nunca, nos rumos da sociedade. Para especialistas, em excesso, a mentira pode caracterizar até uma doença.
Celebrado neste sábado (1º), Dia da Mentira, Dia dos Tolos ou Dia dos Bobos, remonta à França da segunda metade do século XVI. De acordo com o UOL Escola, em 1564, o rei francês Carlos IX tornou oficial nos domínios de seu reinado o novo calendário, definido durante o Concílio de Trento (1545 a 1563).
Esse novo calendário ficou conhecido como calendário gregoriano por ter sido proposto pelo Papa Gregório XIII. O calendário gregoriano substituiu o calendário juliano (proposto por Júlio César no século I a.C.), provocando alterações fundamentais, como a mudança de datas comemorativas.
Segundo o psicólogo e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Sérgio Freire, todo mundo mente em diferentes graus e hoje mentimos muito mais do que antes por conta da sociedade da visibilidade.
A sociedade da visibilidade é conceituada por filósofos e especialistas como uma existência vinculada à visibilidade, e consequentemente à celebridade.
O conceito é uma ramificação da “sociedade da transparência”, definida na obra com o mesmo nome, do filósofo sul coreano Byung-Chul Han, como uma sociedade da desconfiança e da suspeita, que se baseia no controle em virtude do desaparecimento da confiança.
Para o filósofo Byung-Chul Han, a “transparência é um dos conceitos para compreender os fenômenos sociais e cibernéticos que consolidam a sociedade contemporânea como um regime de controle, cujo reflexo imediato é a cultura da exibição, da desritualização e da nudez”.
Excesso de mentira
O excesso de mentiras pode acabar se tornando hábito e degradando as relações sociais. Nas últimas eleições no Brasil, por exemplo, uma rede de mentiras difundidas amplamente, especialmente na Internet, trouxe à tona o amplo alcance das “fake news” – mentiras criadas a partir de um fato inexistente para gerar ganho ou prejuízo.
“Mentira é um termo mais genérico. Toda fake news é mentira, mas nem toda mentira é fake news”, explicou o psicólogo e professor Sérgio Freire.
A legislação brasileira define, no Código Penal, pelo menos três crimes relacionados à difusão de informações falsas (fake news) e/ou ligados a boatos e mentiras: calúnia, difamação e injúria, punidos com penas de detenção e multa.
Para o psicólogo, o excesso de mentiras pode acabar degradando as relações sociais.
De acordo com ele, há graus de mentira e isso é fator determinante para definir quando uma mentira pode acabar sendo um transtorno psicológico.
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