Manaus, 1 de julho de 2024
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Cidades

Dia do Pescador: conheça narrativas de pescadores do Amazonas

São Pedro é considerado pela Igreja Católica como o padroeiro dos pescadores, pois segundo a Bíblia, era pescador.

Dia do Pescador: conheça narrativas de pescadores do Amazonas

(Fotos: Acervo pessoal Mozamir Alves)

Manaus (AM) – Neste sábado, 29, é dia de São Pedro, santo considerado pela Igreja Católica como o padroeiro dos pescadores. Isso porque, conforme a tradição cristã, Pedro era pescador antes de se tornar um dos apóstolos de Jesus. E na ocasião do chamado, por ordem de Jesus, lançou as redes ao mar e pegou uma grande quantidade de peixes.

Talvez isso tenha estimulado tantos contos de pescadores com exageros em suas narrativas. Mas em época de câmeras em todos os celulares, fica bem mais fácil provar a veracidade da história, não é mesmo?

Como no caso desse pescador, que exibiu a enorme piraíba, o maior peixe de couro da Bacia Amazônica. Segundo ele, o peixe pesou 250 quilos.

 

Dia do Peixe e dia do pescador

José Xavier também é um pescador que tem muita história para contar. Segundo ele, em uma das pescarias, ele levou o filho pequeno para pescar, mas acabou sendo cercado por um bando de macacos. José Xavier é um pescador que acredita que tem dia que é do peixe, mas tem dia que é do pescador.

E neste dia em especial era o dia do peixe, segundo ele. Acontece, que assim que ele e o filho se organizaram para a pescaria, “um bando de macaco veio na nossa direção por cima das árvores que a gente estava beirando o lago. E os macacos começaram a derrubar galho em nossa direção. Um galho pegou na cabeça do meu filho. O meu filho ali, querendo chorar, eu olhei para ele e disse, meu filho, hoje não foi o dia do pescador, que somos nós, hoje foi o dia do peixe. Então, vamos voltar para casa que o mar não está para peixe!”, conta.

Mas, em uma outra ocasião, Xavier deu sorte e, mesmo sendo época de baixa temporada de pesca, ele conseguiu fisgar muitos peixes na malhadeira dele.

“Eu estava em casa, minha esposa disse que queria comer jaraqui. E eu disse: mas não é época de jaraqui. Mas, daqui a pouco, vamos colocar a malhadeira. A gente procura uma ponta dessa aí, e estica a malhadeira. Possa ser que a gente pegue pelo menos um jaraqui, se tu estás desejando, quem sabe não cai um jaraqui na malhadeira”, disse ele para a esposa.

O casal e o filho pequeno foram para um evento da igreja e, na volta para casa, Xavier disse que parou a canoa, e começou a esticar a malhadeira e a soltar a malhadeira, que tinha 70 metros. Para a surpresa dele, os peixes “pularam” para dentro da rede.

“Quando a gente estava na metade da malhadeira, que não era muito grande, o máximo era 70 metros de malhadeira, quando a gente estava soltando uns 30 para 35 metros, os jaraquis começaram a pular dentro e a gente fechou a rede, e era peixe pulando dentro da canoa, engatando na malhadeira, moral da história: a gente pegou mais de 80 jaraquis, então que é isso, é sorte!”, destacou José Xavier.

 

Lago dos Reis

Tradicional, no Careiro da Várzea acontece a pesca do peixe mapará do Lago dos Reis, todos os anos, no mês de março.

O secretário de Pesca e Aquicultura do Careiro da Várzea, Mozamir Alves, relatou que é preciso “ver para crer”, mas toda a população espera durante o “ano inteiro” para quatro dias de pescaria abundante.

“É uma coisa que só visto, porque contado muita gente não acredita. Este ano, por exemplo, foram tirados 312 toneladas de peixes em quatro dias de pesca, dentro do Lago do Reis, por aproximadamente 1.400 pescadores”, conta Mozamir Alves. Segundo ele, são 500 canoas cadastradas e quase 1.300 pescadores.

A pesca do peixe mapará do Lago dos Reis é bem tradicional e antiga. Uma pesca que começou pelas comunidades, agora, a prefeitura dá todo o suporte e aparato de segurança, de limpeza, dos caminhos para chegar até o lago. Os pescadores pescam e vendem na mesma hora, lá, o dinheiro é vivo, explica Mozamir Alves, que ressalta a felicidade de seis comunidades do arredor do lago, que participam do evento.

Alves explica que o nome do Lago se dá porque, na época passada, os reis e as rainhas apareciam no local para pescar. Eles — os reis — conseguiam retirar tracajá e peixes diversos peixes nobres do lago. O local é cercado por mais 62 pequenos lagos ao redor dele, aí, vira o Lago dos Reis, juntando tudo.

A abertura da pesca é sempre em 16 de março, logo após o término do Seguro-Defeso, no dia 15, a gente faz o monitoramento. A partir de fevereiro, a secretaria começa a monitorar o lago e fazer a limpeza dos canais. Quando é dia 16 de março, a pesca está lá. A gente cadastra as canoas. No dia do evento, às 6 horas da manhã, é aquela arrancada, é aquela corrida atrás do melhor local.

Mozamir conta que “são muitos peixes colhidos em 4 dias; mas após esses 4 dias, é difícil para pescar de novo. Parece que o pessoal consegue colher quase todos nesses dias”.

Ainda segundo Mozamir, com a estiagem do ano passado, o tamanho do peixe ficou comprometido, embora a quantidade não tenha sido afetada, o peixe que pesa em média 840 gramas (dos peixes pescados neste ano) não atingiram nem 650 gramas.