Manaus, 8 de maio de 2024
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Cenário

Entra governo e sai governo e a BR-319 fica só no discurso

A BR-319 é a única rodovia que liga os estados do Amazonas e de Roraima com Rondônia, e, consequentemente, com o restante do Brasil, interligando 22 municípios.

Entra governo e sai governo e a BR-319 fica só no discurso

(Fotos: Divulgação)

Manaus (AM) – ” Ter liberdade de ir e vir”, esse é o clamor de quem depende da estrada pavimentada para diminuir a distância que afasta o Amazonas do progresso do País. Construída em 1976, a BR-319 é a única ligação por terra de Manaus a Porto Velho e com o restante do país. A pavimentação dos 900 quilômetros, mas principalmente de um trecho de 400 quilômetros, conhecido como “meião” ou “trecho do meio”, está sempre nos discursos de apelo eleitoral, já sabendo que, ao final, o entrave ficará sempre na conta do licenciamento ambiental.

A dona de casa Regiane Alves, tem 67 anos, e relembra as inúmeras viagens que, quando ainda muito jovem, costumava fazer com os pais. Segundo Rê, como é chamada pelos amigos, já enfrentavam diversos atoleiros, mas os pais dela conseguiam se programar para ir ao município de Humaitá, cidade ao Sul do Amazonas, vizinha de Porto Velho e do coração do Brasil.

Porém, o abandono por parte do governo fez com que os moradores do Estado amazonense ficassem isolados do restante do País e, assim, o direito virou assunto eleitoreiro.

Quando ainda fazia campanha para ser presidente, Jair Messias Bolsonaro (PL) prometeu que iria pavimentar a BR-319. Durante o governo dele, o grupo “Amigos da BR” e outros movimentos chegaram a fazer atos em prol da rodovia, na tentativa de somente asfaltar uma estrada pronta.

É inegável a necessidade de se ter o acesso terrestre. Basta lembrar da pandemia de covid-19, em que o Amazonas viveu a crise por falta de oxigênio, e o transporte por estrada gerou uma outra crise.

Em julho de 2022,  ainda na gestão do presidente Bolsonaro, o Ibama concedeu uma licença prévia para que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) iniciasse as obras de infraestrutura no trecho do meio. A licença, assinada pelo presidente do Ibama, Eduardo Bim, prevê a construção de três guaritas para fazer o monitoramento e fiscalização da área.

Mas, pouco foi feito, acabou o mandato de Bolsonaro e as promessas se foram junto.

Mudou o governo e os entraves retornaram. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse em 27 de março, em visita a Manaus para avaliar o impacto das chuvas, que a licença ambiental concedida pelo Ibama seria revisitada. E em outra ocasião, em novembro de 2023, argumentou que é preciso comprovar a viabilidade econômica, social, ambiental e cultural da estrava e ainda questionou se os amazonenses queriam a estrada “apenas para passear de carro”. E novamente colocou a floresta como o motivo de não deixar o Estado do Amazonas e sua gente se desenvolver.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na cúpula climática COP28, em Dubai, Emirados Árabes Unidos, em 1 de dezembro de 2023, também disse que iria pavimentar a rodovia BR-319, mesmo com a fala da ministra dele sendo contra.

O governador do Amazonas, Wilson Lima, já se comprometeu em uma parceria com o governo federal, garantir o cumprimento das condicionantes ambientais para que a rodovia seja um modelo de desenvolvimento sustentável.

Mas tudo está ainda no discurso. E a BR-319 segue sem solução.

 

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