Manaus, 30 de abril de 2024
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Manaus, 30 de abril de 2024

Cenário

CMM vai entregar Carta Aberta ao governo federal para destravar recuperação da BR-319

O secretário estadual de Meio Ambiente destacou o compromisso que o governo do Amazonas já assumiu com o governo federal, para garantir a viabilidade ambiental da rodovia.

CMM vai entregar Carta Aberta ao governo federal para destravar recuperação da BR-319

(Foto: Divulgação)

Manaus (AM) – Nessa terça-feira (16), uma audiência pública realizada na Câmara Municipal de Manaus (CMM) decidiu sobre a possibilidade de revogar os entraves ambientais que impedem a recuperação da BR-319 – rodovia que liga Manaus a Porto Velho e ao restante do país.

O autor da propositura, vereador Diego Afonso (União Brasil), destacou que o objetivo é encaminhar uma Carta Aberta ao Governo federal, e com isso, pressionar a elaboração de um estudo ambiental a fim de que seja aprovada a liberação da pavimentação da rodovia, mas especificamente dos 405 quilômetros do chamado “trecho do meio” da via, que sofre com a ausência de asfaltado, impedindo o direito de ir e vir de quem precisa usar a estrada no dia a dia.

“Há décadas, a rodovia vem sendo prejudicada sem a conclusão do asfaltamento do ‘trecho do meio’, por causa de entraves ambientais”, destaca o parlamentar.

“Aqui, o objetivo único é discutir, mas principalmente, que possamos sair daqui não só com uma Carta Aberta, mas com uma direção de tirar do papel todos os entraves, que todos nós estamos cansados de saber. O governo federal, após a implantação desse grupo de trabalho, que de forma célere em 90 dias apresentou um relatório viável ao presidente Lula e reuniu recentemente o seu colegiado de líderes e nós escutamos as declarações dos senadores Omar Aziz e Eduardo Braga, de que existe vontade, sim, desse governo agora, de trazer os investimentos necessários e destravar os entraves ambientais que a nossa legislação tem causado ao principal trecho que é o do meio”, pontuou o parlamentar.

Diego Afonso frisou, ainda, que a BR-319 vai tirar o Amazonas do isolamento e trazer desenvolvimento. E falou do problema de logística e o principal modal brasileiro para a Zona Franca de Manaus não tem. A vontade desse Poder de aprovar essa audiência pública e nesse exato momento em que existe vontade do governo federal, da nossa bancada federal, em Brasília, e a Câmara Municipal não poderia fugir do debate e se hermanar com o governador Wilson Lima, e todos os que têm interesse, e são sabedores que a responsabilidade principal é do governo federal”, defendeu.

Sema

O secretário estadual de Meio Ambiente, Eduardo Costa Taveira, destacou o compromisso que o governo do Amazonas já assumiu com o governo federal, para garantir a viabilidade ambiental da BR-319 e cooperação com os órgãos federais, para que se evitem desmatamentos e invasões de terras.

“É importante mencionar que algumas salvaguardas ambientais já estão prontas. Temos ali um conjunto significativo de Unidades de Conservação tanto estaduais como federais.

Há uma agenda incomum com o Ministério do Meio Ambiente e Ibama para que se fortaleça a gestão dessas Unidades de Conservação que estão no trecho do meio. O governo do Estado já tinha se colocado à disposição para assumir com os órgãos federais a gestão daquelas áreas”, explicou.

Ibama

O representante do Ibama, superintendente Joel de Araújo Filho, pediu para colocar no telão uma imagem sobre o trecho do meio. Ele disse que a rodovia tem 820 quilômetros.

“O trecho do meio que é o grande objeto das discussões da BR, ele não pode ser tratado da mesma forma devido a herda da camada de asfalto que levou a regeneração vegetal e recuperação da floresta. E isso exigiu, segundo os técnicos que avaliaram, que houvesse um processo de licenciamento novo. É o trecho mais importante que é o maior com 655 quilômetros”, explicou.

Fieam

Já o representante da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas, (Fieam), Nelson Azevedo, afirmou que, há algum tempo, participa da discussão em prol da BR-319.

“Veja o que agora inventaram. Querem fazer uma cerca na estrada que não entendi por quê. A seca desse ano vai ser bem pior que a do ano passado e temos que nos prevenir, o Polo Industrial de Manaus teve dificuldades.

Tivemos uma reunião no MPF com o Brasil inteiro presente e o Comando Militar da Amazônia, comunidades indígenas e todos que se manifestaram foram favoráveis à estrada”, avaliou.

“Já que o problema é controle, por que não se constrói três unidades militares? Uma em Humaitá, no meio da estrada, e outra em Manaus, com os órgãos de controle. Tudo depende da decisão de fazer, para termos a estrada funcionando. Temos um polo industrial pujante, mas temos muita dificuldade. E Amazonas e Roraima estão isolados do Brasil”, insistiu.

Associação de defensores

O presidente da Associação Amigos e Defensores da BR-319, André Marcílio, durante a audiência pública fez uma denúncia. Ele afirmou que a BR-319 foi explodida, e disse que tem testemunhas.

“Nessa seca passava mil carretas por dia na BR-319. No inverno continuou passando 800 carretas, coisa que nunca aconteceu, passar carretas com verdura e carnes com produtos perecíveis. Imaginem senão estivessem passando, como estariam os nossos supermercados e feiras? Vou continuar falando: essa BR foi explodida criminalmente e nós temos testemunhas oculares”, denunciou.

O vereador William Alemão também se manifestou e relembrou que sua família chegou a Manaus vindo do Sul pela BR-319, na década de 80.

“Eu também faço parte da família que veio para o Norte usando a BR-319, em meados de 84 e 85, isso há 40 anos. Quando comento com amigo de outros estados que não se consegue sair de Manaus nos períodos de chuva, é quase inacreditável. Estar isolado no interior do Amazonas é quase normal, mas estar isolado à beira de uma BR, longe de cuidados médicos, e isso ainda acontece. Levantei a bandeira da BR-319 logo que fui eleito, mas infelizmente não foi feito muito”, lamentou.

Representantes da Fieam, Ibama, ACA, Corpo de Bombeiros, Crea Amazonas, entre outros órgãos participaram do evento.

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