A denúncia do pagamento de propina feita a políticos no País tem gerado uma grave instabilidade política, afetando diretamente a economia brasileira. No Amazonas, o presidente do Sindicato dos Economistas do Amazonas (Sindecon-AM), Marcus Evangelista, avaliou que o momento deve ser de cautela na iniciação de novos negócios e apostas em investimentos.
“Vínhamos num caminho de recuperação econômica. O PIB (Produto Interno Bruto) já sinalizava um pequeno crescimento esse ano, a taxa de juros da Selic apresentava um viés de baixa e a inflação se encontrava abaixo da média da meta. Todos esses fatores sinalizavam que 2018 deveria ser um ano de aquecimento econômico. Com todos esses acontecimentos, é preciso aguardar para ver qual será o comportamento do mercado”, alertou Evangelista.
O presidente do Sindecon-AM definiu três principais dicas para os empreendedores se comportarem frente às mudanças políticas que estão ocorrendo no País. A principal delas é avaliar a aplicação de investimento financeiro em um novo negócio ou ampliação de um negócio existente. “A saída de recursos financeiros que estavam guardados deve seguir um minucioso estudo de mercado. A área de serviços, neste período, ainda é a mais indicada, mas o mercado é dinâmico”, disse.
Outra orientação do especialista é o investimento em conhecimento de mercado. “Se o momento é arriscado para empreender em novos negócios, ele é favorável a buscar conhecimento sobre os principais segmentos que estão em alta. O mercado é volátil e o que deu faturamento em janeiro deste ano na cidade de Manaus, por exemplo, não pode ter o mesmo desempenho cinco meses depois na mesma região. Ou o que é uma boa aposta em investimento no Rio de Janeiro pode ser diferente para o Amazonas”, explicou Marcus Evangelista.
A terceira dica do especialista para os empreendedores nesse período turbulento da política é poupar dinheiro em locais seguros e a orientação do presidente do Sindecon-AM é voltada às Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). “São títulos de renda fixa emitidos por bancos e têm o mesmo nível de segurança da poupança. São parecidos com os Certificados de Depósito Bancário (CDBs), porém isentos de imposto de renda”, explicou.
Cuidados com a bolsa e o dólar
As delações dos irmãos Wesley e Joesley Batista, donos da JBS, influenciou diretamente nas bolsas de valores do País e na cotação do dólar surgindo até suspeitas de que os irmãos tenham cometido crime de mercado.
No primeiro dia após o vazamento de escutas envolvendo o presidente Michel Temer e Joesley Batista, a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) caiu 8,8% e o dólar subiu como não se via desde 1999, ano da maxidesvalorização, e acabou fechando o dia com alta de 8,62%, cotado a R$ 3,40 para a venda. O tombo do real só não foi maior porque o Banco Central interveio, com quatro leilões.
Há informações de que o grupo teria vendido quase 32 milhões de ações de sua companhia em um negócio de R$ 328 milhões e comprou US$ 1 bilhão no mercado local já prevendo as mudanças diante das delações que a família pretendia fazer. O caso está sendo investigado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que fiscaliza as ações de mercado.
“Diante de toda essa especulação em torno das bolsas de valores e do dólar qualquer movimentação de investimento sobre eles é altamente arriscada, principalmente, para o investidor iniciante, que não conhece as malícias do mercado. Portanto, nos próximos três meses, o correto é ficar distante dessas aplicações”, concluiu o presidente do Sindicado dos Economistas.
A JBS é uma empresa familiar e foi criada a partir de um pequeno açougue na cidade de Anápolis (GO), na década de 1970. O grupo é dono das marcas como Friboi e Seara, e se tornou a maior processadora de carnes do mundo e a maior empresa privada em faturamento no Brasil, só perdendo para a Petrobras
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