MANAUS, AM – Com o aumento dos casos de covid-19 na capital, usuários com melhores condições financeiras estão recorrendo às redes privadas de saúde para obter atendimento adequado. No entanto, até mesmo na rede privada a situação está complicada. Usuários do Hospital Samel, localizado no Centro de Manaus, denunciaram falta de atendimento adequado para a testagem da doença nesta quarta-feira (19).
Em vídeo enviado à equipe do Amazonas1, é possível ver uma grande fila, de mais de três voltas, formada dentro do Hospital, somente para triagem e testagem dos usuários, sendo que muitos deles estavam com sintomas da doença há dias. O que causa mais espanto é que, de acordo com relatos de usuários, havia apenas um atendente para suprir a demanda intensa de pessoas que tinham recomendação médica para fazer o teste para detecção da doença.
A assistente social Lívia Araújo, de 37 anos, foi uma das pessoas que passou pelo problema. Ela e o noivo, André Laborda, de 26 anos, tiveram que enfrentar mais de 1h30 de fila para que ele pudesse ser testado, mesmo estando com todos os sintomas. Segundo ela, o único atendente que estava no local até tentava convencer os usuários a desistirem de fazer o teste para detecção da doença.
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Veja vídeo!
“Meu noivo veio no pronto-socorro no sábado, e a médica que o atendeu disse que ele não tinha como fazer o exame no mesmo dia. Deu o encaminhamento para ele fazer hoje (19), mesmo ele estando com os sintomas gripais. Quando chegamos para fazer o exame, nos mandaram para a fila, que dava três voltas na recepção. Questionei o motivo da demora, e o atendente me falou que só estavam fazendo o teste em quem estava com sintomas para internação e saturação baixa”, afirmou.
A assistente social trabalha na rede pública de saúde, e já havia testado positivo para a doença na unidade de saúde onde trabalha. Ela chegou a questionar do atendente da Samel sobre a questão dos atestados, e recebeu a resposta de que a rede estava dando apenas uma carta para levar para a empresa. Ainda de acordo com ela, o atendente até teria sugerido que o teste fosse feito em uma farmácia.
“Eu achei um completo absurdo, porque tem empresas que exigem o exame de covid, e não apenas o atestado. O detalhe é que o meu noivo estava com o encaminhamento médico em mãos para fazer o teste dentro da Samel, e esse atendente simplesmente disse que os testes estavam em falta e até sugeriu que fizéssemos em uma farmácia, sendo que o convênio é pago e por isso, temos direito a ser atendidos pelo convênio”, desabafou.
Histórico
No início da pandemia de covid-19, a Samel foi acusada por pacientes de cobrar caução de até R$ 100 mil para poder internar os pacientes pelo período de cinco dias em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). No entanto, a rede informou que o depósito-caução seria de R$ 50 mil por cinco dias de internação, e que as diárias adicionais seriam de R$ 5 mil. Mesmo assim, o depósito de caução para internação de emergência ainda é ilegal.
Ainda durante a pandemia, a rede privada entrou em convênio com a Prefeitura de Manaus, então comandada por Arthur Neto (PSDB), para administrar o Hospital de Campanha Gilberto Novaes, cujas atividades foram encerradas em junho de 2020, após a primeira onda de casos de covid-19. Já um ano depois, em 2021, a Samel fez estudos para uso do medicamento proxalutamida. Os testes nos pacientes foram recheados de controvérsias, inclusive com a morte de pacientes durante o estudo.
O grupo é comandado por Luiz Alberto Nicolau, irmão do deputado estadual Ricardo Nicolau (Solidariedade), que é pré-candidato ao governo do Amazonas. Já o mais novo dos irmãos, o ex-vereador Hiram Nicolau (PSD), também é pré-candidato no pleito de 2022, mas para o cargo de deputado estadual.
A reportagem entrou em contato com a assessoria da Samel para pedir uma posição sobre o ocorrido nesta quarta-feira. Em nota, a Samel informou que, para evitar o déficit de testes para diagnóstico da doença, está segundo as recomendações estabelecidas na Nota Técnica nº. 004, da Fundação de Vigilância Sanitária Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), que orienta a realização de testes para pacientes apenas com sintomas mais graves da doença.
Leia a nota completa abaixo.
Para evitar um déficit de testes para diagnóstico de COVID-19 em suas unidades hospitalares proveniente da atual situação epidemiológica caracterizada por um rápido aumento do número de casos e o consequente aumento repentino de testes rápidos para diagnóstico, o Grupo Samel informa que está seguindo as recomendações estabelecidas na Nota Técnica Da Vigilância Sanitária Nº 004/FVS – RCP – SES – AM sobre o uso de testes rápidos de antígeno na rede de assistência e vigilância do Estado do Amazonas, cujo item 7.1.1 da referida nota orienta apenas a realização de testes para pacientes com sintomas mais graves da doença.
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