Manaus, 18 de maio de 2024
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Manaus, 18 de maio de 2024

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Em meio a atrito, Brasil negocia com a China equipamentos contra Covid-19

"É uma guerra de vida e morte", define o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Tang.

Em meio a atrito, Brasil negocia com a China equipamentos contra Covid-19

O Brasil tem enfrentado obstáculos para comprar da China equipamentos hospitalares para o combate ao coronavírus. O país asiático é o maior produtor de máscaras e de respiradores no planeta, e a pandemia da covid-19 fez com que aumentasse a demanda mundial por esses equipamentos. Lei da oferta e da procura: a China tem margem para negociar e fazer exigências.

“É uma guerra de vida e morte”, define o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Tang. “Como o mundo inteiro está brigando para comprar, os produtores da China estão pedindo o pagamento adiantado.” Apesar de equipamentos chineses já estarem sendo esperados no Brasil, contratos de compra não são garantia de recebimento em meio a essa disputa comercial.

Para piorar a situação, ocorreram recentemente dois atritos diplomáticos entre Brasil e China. O último deles envolveu o ministro da Educação, Abraham Weintraub, que no último sábado, 5, ofendeu os chineses publicando um post nas redes sociais. Weintraub usou o Cebolinha, da Turma da Mônica, para ridicularizar o sotaque dos chineses e insinuar que o país asiático sairia fortalecido da crise mundial causada pela covid-19.

Em resposta, a embaixada da China afirmou que as declarações eram difamatórias, tinham cunho “racista” e eram “influências negativas no desenvolvimento saudável das relações bilaterais China-Brasil”. O ministro retirou o post sem pedir desculpas, e o governo federal não se pronunciou.

No dia 18 de março, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), escreveu uma mensagem no Twitter responsabilizando o governo chinês pela pandemia do novo coronavírus. Enquanto isso, municípios, estados e o governo federal enfrentam obstáculos para comprar máscaras, ventiladores, macacões e insumos do país asiático. O Ministério da Saúde tem uma compra assinada com uma fábrica chinesa para receber 15 mil respiradores, com o pagamento de R$ 1 bilhão. Essa aquisição aumentaria em um terço o total de aparelhos disponíveis no Brasil nos hospitais públicos pelo SUS.

Ontem o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, afirmaram que, em conversa telefônica, ambos estabeleceram reforço na colaboração bilateral, especialmente entre os Ministérios da Saúde da China e do Brasil para combater o coronavírus. Segundo Wanming, o acordo entre os dois países será para o compartilhamento de experiências sobre a covid-19 e no “enfrentamento conjunto desse desafio global.”

(*) Com informações do UOL