Escudeiros de Bolsonaro, políticos do PL silenciam sobre ataque de Bosco ao ex-presidente

(Foto: Divulgação CMM/Daniel Nogueira/Paulo Ferraz/Jammes Aguiar/Divulgação/Ney Fábio/Emerson Lamego)

Manaus (AM) – Após a declaração do superintendente da Suframa, Bosco Saraiva (SD), de que o plano original do governo Bolsonaro era acabar com o Polo Industrial de Manaus (PIM), somente dois políticos bolsonaristas defenderam o ex-presidente: deputado federal Capitão Alberto Neto (PL) e o vereador Coronel Rosses (PL), pois a maioria dos parlamentares bolsonaristas eleitos pelo Amazonas silenciaram sobre o assunto.

Diante do pronunciamento de Bosco, nessa terça-feira (25), o Portal AM1 questionou os deputados da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), da Câmara dos Deputados e os vereadores da Câmara Municipal de Manaus (CMM) — todos do Partido Liberal (PL)—, sobre o impacto da fala do superintendente na imagem de Bolsonaro no estado.

No entanto, até o fechamento desta matéria, os parlamentares permaneceram em silêncio sobre o assunto.

Capitão Alberto Neto, por outro lado, rebateu Bosco Saraiva e apresentou dados que, segundo ele, contradizem a afirmação do superintendente.

“Os números mostram um fortalecimento significativo do Polo Industrial de Manaus no período [governo Bolsonaro], com 668 novos projetos aprovados e um faturamento recorde acima de R$ 100 bilhões pela primeira vez na história”, destacou o parlamentar.

Ele também citou a liberação de 186 processos produtivos que estavam travados há mais de dois anos e a criação de incentivos voltados à bioeconomia na Amazônia Ocidental como “exemplos do compromisso” da gestão Bolsonaro com o desenvolvimento regional.

“O credenciamento de 435 instituições de ciência e tecnologia é outra evidência de que houve investimento no futuro tecnológico da região”, acrescentou.

Para o parlamentar, as declarações de Bosco Saraiva são mais um reflexo das disputas políticas do que uma análise baseada em fatos.

“Estas realizações concretas sugerem que a declaração do superintendente atual pode estar mais alinhada com disputas políticas do que com a realidade dos fatos e números registrados durante o período em questão. A população amazonense provavelmente levará em consideração esses resultados tangíveis ao formar sua opinião sobre a administração anterior”, concluiu.

Dados

Com base nos dados do Caderno de Indicadores da Suframa, veja o faturamento do Polo Industrial de Manaus (PIM) e a comparação com as declarações de Capitão Alberto Neto.

Faturamento do PIM em reais (R$):

2019: R$ 104,82 bilhões;
2020: R$ 120,28 bilhões;
2021: R$ 160,75 bilhões (recorde nominal em reais);
2022: R$ 82,31 bilhões (até junho).

(Fonte: Suframa/ZFM)

Segundo os dados apresentados, houve, de fato, um faturamento recorde em reais em 2021 (R$ 160,75 bilhões), o que pode justificar a fala de Alberto Neto sobre o crescimento do PIM no governo Bolsonaro.

No entanto, a afirmação de que o faturamento foi o maior da história pode ser contestada quando se observa os valores em dólares, que ainda ficaram abaixo dos patamares mais altos do passado.

Isso significa que, apesar do crescimento nominal em reais, o desempenho do PIM em dólares ainda não superou os melhores anos da ZFM.

Confira abaixo os dados disponibilizados pela Suframa:

Problemas maiores

O vereador de primeiro mandato, Coronel Rosses, lembrou que a gestão de Bolsonaro enfrentou problemas inimagináveis como a pandemia da Covid-19, e mesmo assim, conseguiu entregar resultados positivos para a Zona Franca de Manaus.

“O presidente Bolsonaro assumiu um governo contaminado pela corrupção e ainda enfrentou uma pandemia mundial. É claro que como amazonense, gostaria de mais benefícios para nossa Zona Franca de Manaus. Porém, só os idiotas e aproveitadores ignoram o mundo globalizado que vivemos”, afirma o parlamentar.

O político também apontou que o governo Bolsonaro resistiu a inúmeras investidas para enfraquecer a ZFM e, segundo ele, as narrativas como a de Bosco Saraiva não se sustentam.

Ficou irritado

Outro político que ficou irritado com a declaração de Bosco Saraiva é o ex-superintendente Coronel Menezes (PP). Ele foi gestor da Suframa no governo Bolsonaro, durante 2019-2020.

Menezes publicou um vídeo nas redes sociais irritado com as declarações de Saraiva e afirmou que o pronunciamento de Bosco “é uma mentira descarada e absurda”.

“Isso é uma mentira descarada, sem base, sem provas, sem credibilidade. Parece mais uma tentativa de ‘lacração’ para ganhar likes na internet. Além de ser absurda, essa afirmação é uma covardia inominável!”, declarou.

O presidente municipal do Parido Progressistas ainda desafiou Bosco Saraiva para um debate entre eles para comparar ambas as gestões à frente da Suframa. Menezes defendeu o compadre e afirmou que foi durante a sua gestão que a ZFM bateu o recorde de faturamento dos últimos seis anos.

“Pelo contrário, protegemos e garantimos suas vantagens comparativas. Na minha gestão, nós modernizamos os processos internos, aumentamos os empregos, batemos recordes de faturamento, ultrapassando a marca de R$ 100 bilhões dos últimos 6 seis anos, em 2020. E destravei várias plantas que, logo depois, se instalaram no PIM”, relembrou.