Manaus, 5 de maio de 2024
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Manaus, 5 de maio de 2024

Cidades

Especialista diz que covid-19 não se tornará endêmica: ‘a pandemia não acabou’

O biólogo destacou que a terceira onda da covid-19 em Manaus está bem evidente, embora aconteça em menores proporções do que em 2021

Especialista diz que covid-19 não se tornará endêmica: ‘a pandemia não acabou’

Foto: Divulgação / Arquivo pessoal

MANAUS, AM – Há dois anos, o vírus SARS-CoV-2, que ficou mais conhecido como covid-19, vem assolando todo o mundo, causando mais de 5,4 milhões de mortes e transtornos econômicos em todos os países.

Só na última semana foram registrados 1,45 milhão de casos em um único dia, por conta da nova mutação do vírus, a Ômicron. A nova variante surgiu na África do Sul, no final de novembro, embora não tenha um grau elevado de letalidade, a variante tem maior potencialidade de transmissão.

Em Manaus ainda não foram registrados casos com a nova variante, porém, já há uma previsão de que os casos aumentem após as festas de fim de ano. As análises a respeito do aumento de casos estão baseadas em estudos científicos, apontados pelo biólogo e doutorando do Programa de Biologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Lucas Ferrante, o qual afirmou que a cidade poderá ter um agravamento a partir de agora, devido ao aparecimento da variante Ômicron somado ao surto gripal que acomete o estado do Amazonas durante o chamado inverno amazônico.

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“Nós já temos estudos que comprovam que, logo após o final do ano, Manaus vai passar pela 3ª onda, em proporções bem menores que a segunda, só que ela pode ser agravada pela variante Ômicron, e ainda, potencializar o grau de mortalidade pela onda de gripe que está congestionando o sistema de saúde. Agora, nós já temos dois artigos científicos que mostram muito claramente, que estas festas de final de ano estão aumentando a transmissão comunitária e a terceira onda é inevitável porque Manaus tem índices de vacinação medíocres perto do que deveria ter”, disse o biólogo.

Ainda de acordo com Ferrante, o boicote à vacinação de crianças (entre 5 a 11 anos) pode ser prejudicial e o aumento dos casos deve ocorrer, além de novas medidas de isolamento social.

“Para frear a terceira onda, nós precisaremos intervir em novas medidas de isolamento social e vacinar as crianças de 5 a 11 anos. A imunidade de rebanho e o coronavírus só vão ser superados depois que nós vacinarmos as crianças. E é extremamente prejudicial para a pandemia, para o controle da pandemia, as ações do ministro da Saúde [Marcelo Queiroga] e do presidente da República [Jair Messias Bolsonaro] em boicotar a vacina de crianças. Manaus vai passar mais uma vez por mais uma onda por conta da negligência de técnicos incompetentes que precisam ser levados à Justiça pelas mortes que vão ocorrer”, comentou.

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Lucas Ferrante também alertou que a pandemia ainda não acabou e que em 2022 ela poderá sofrer outras mutações e provocar danos ao mundo, mesmo que em menores proporções.

“Um outro fator importante é que nós estamos avisando que Manaus passaria pela terceira onda se não vacinasse totalmente a população, desde março do ano passado. Inclusive, dei um pronunciamento na Aleam falando que era extremamente importante a população atingir a imunidade de rebanho, via vacinal, e, de fato não atingiu”, comentou.

Ele também afirmou que a doença não se tornará endêmica – doença infecciosa que ocorre habitualmente e com incidência significativa em dada população e/ou região – como alguns especialistas vêm falando, mas que ela ainda perdurará como pandemia.

“Então, a terceira onda, nesse momento, é inevitável principalmente pelos afrouxamentos do final de ano. Vai ser em proporções muito menores que a segunda, mas deve gerar pelo menos 900 mortes e ainda sendo potencializada pela variante Ômicron. Então a pandemia não acabou e não deve acabar, tampouco se tornar uma endemia, uma vez que a circulação comunitária em um determinado lugar tende a produzir o surgimento de novas variantes, assim como Manaus já produziu a variante Gama, com o retorno das aulas escolares que aumentou a transmissão comunitária e fez surgir a Gama”, disse.

“Uma vez que, nós continuemos deixando o coronavírus circular em Manaus, em uma parcela mesmo que pequena, ele tem chance de novas mutações e produzir uma nova variante, inclusive resistente às vacinas, o que tende a dar continuidade à pandemia e não gerar uma endemia, apenas para a região”, alertou novamente o biólogo Lucas. Ferrante.

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