Manaus, 4 de maio de 2024
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Manaus, 4 de maio de 2024

Política

Especialistas analisam os impactos do crescimento tímido do eleitorado em Manaus

Para cientistas políticos, o crescimento dará o tom do direcionamento das campanhas eleitorais tendo em vista o perfil do "novo eleitor"

Especialistas analisam os impactos do crescimento tímido do eleitorado em Manaus

Os maiores colégios eleitorais da capital permanecem sendo os mesmos, totalizando cinco maiores Zonas Eleitorais. São elas: 62ª ZE; 63ª ZE; 40ª ZE; 65ª ZE e 32ª ZE. (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

Manaus (AM) – O eleitorado da capital amazonense evoluiu timidamente desde as últimas eleições municipais. Dados do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) apontam que, até 2020, Manaus tinha 1.415.957 eleitores. Hoje, o número de eleitores na capital é de 1.432.334, uma evolução de exatamente 16.377 eleitores (1,16%).

Os eleitores estão divididos em 3.915 seções eleitorais, sendo 3.866 urbanas e 49 rurais. Dos 1.432.334 eleitores da capital, 1.420.527 são da área urbana e 11.807 de áreas rurais. Os dados foram extraídos do site do órgão nos dias 26 e 27 de setembro.

Para o cientista político, antropólogo e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Ademir Ramos, é preciso considerar não apenas a questão quantitativa em relação ao aumento da densidade, mas principalmente a qualitativa.

Ademir Ramos, Cientista Político

“É um pequeno acréscimo no eleitorado do município de Manaus, que compreende tanto o perímetro urbano, quanto o rural. E pela experiência que temos, esse aumento contempla, sobretudo jovens e mulheres, periferias e área rural, então é algo importante a ficarmos atentos. Quem são essas pessoas, esses novos eleitores?

Possivelmente são jovens, mulheres e moradores de periferia ou de área rural, porque é onde se concentra a maior densidade devido a estrutura de desigualdade que vivemos no Brasil e, particularmente, no Amazonas”, destacou o especialista.

Ademir chamou a atenção para um olhar mais profundo sobre o aumento do eleitorado, enfatizando que é preciso reconsiderar alguns encaminhamentos, como por exemplo, a questão do voto e a das demandas sociais.

O cientista político destacou algumas dessas demandas, como o transporte coletivo, a qualidade de vida dos moradores da periferia da capital, a qualidade do asfalto e da moradia.

“A prefeitura está fazendo um programa voltado para a moradia, tanto ela, quanto o governo e isso na véspera de uma eleição, que já é no próximo ano. Isso são demandas populacionais justamente para atender esse novo eleitor, moradores da periferia e da área rural, como a zona leste”, explicou.

O antropólogo também considerou importante observar a ausência de políticas públicas concretas em relação às mulheres e aos jovens, citando o aumento do feminicídio no país (5º no ranking nacional) e a precariedade em relação à saúde voltada ao público feminino.

“E em relação à juventude, o que se tem feito? Há algum programa em relação ao primeiro emprego, à inserção da juventude no mercado de trabalho? Como está a questão da educação, saúde e o primeiro emprego, como é que fica?  Quer dizer, essa é a discussão que é preciso fazer, uma vez que isso tudo resultará em voto no próximo pleito”, afirmou.

Mudança nas campanhas

Na visão de Gilson Gil, sociólogo, cientista político, especialista em eleições e professor da Ufam, mais eleitores significa que os candidatos terão que usar mais recursos, assim como utilizar mais a mídia, fazer mais propagandas e planejar suas campanhas olhando para esse quantitativo.

Gilson Gil, Sociólogo

 

“Ao saber quem são esses novos eleitores e onde esse crescimento foi registrado, os políticos terão indicações de quais rumos devem adotar em suas campanhas. Especialmente, os candidatos aos cargos legislativos, por exemplo, que precisam saber quais as áreas mais populosas para que direcionem seus esforços”, disse.

Gilson também compartilha do pensamento do professor Ademir, de que parte desses novos eleitores é jovem e para ele em especial essa característica pode indicar algum tipo de preferência, fazendo com que os candidatos possam agir sobre esse novo contingente.

Cenário de cada colégio eleitoral

Os maiores colégios eleitorais da capital permanecem sendo os mesmos, totalizando cinco maiores Zonas Eleitorais. São elas: 62ª ZE; 63ª ZE; 40ª ZE; 65ª ZE e 32ª ZE.

Na 62ª Zona Eleitoral, que corresponde os bairros da Paz; Redenção; Santa Etelvina; Lago Azul; Planalto; Tarumã; Tarumã Açú e Zona Rural, o número de eleitores nas eleições de 2020 era de 133.418, atualmente esse número é de 136.074 eleitores. Assim como na 63ª ZE que existiam 129.310 eleitores e hoje são 131.311.

Já no terceiro maior colégio eleitoral de Manaus, a 40ª ZE, o aumento foi tímido, de 124.333 para 125.096 eleitores. Em seguida aparece a 65ª Zona que anteriormente contava com 121.530 eleitores e agora possui 123.913.

Por último, aparece a 32ª ZE, que antes possuía 120.149, hoje tem 120.426 eleitores, um aumento de 277.

O aumento da densidade eleitoral revela ainda, que os maiores crescimentos aconteceram em três maiores colégios eleitorais da capital. Na 62ª Zona o aumento foi de 2.656; na 63ª ZE o crescimento foi de 2.001 e na 65ª Zona foi de exatamente 2.383 eleitores.

A 63ª ZE corresponde aos bairros localizados na zona Leste: São José Operário, Gilberto Mestrinho e Tancredo Neves. O mesmo acontece com a 65ª ZE que abrange parte de bairros da zona Leste e outros da zona Norte, sendo Colônia Terra Nova, Monte das Oliveiras, Nova Cidade e Novo Israel.