
(Foto: Divulgação/Cream-AM)
Manaus (AM) – Por indicação direta do governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), o ex-superintendente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia no Amazonas (Crea-AM), Gustavo Picanço, foi nomeado diretor-presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam).
Gustavo Picanço assume o cargo em um momento “crítico”, após a exoneração do ex-presidente do Ipaam, Juliano Valente.
A exoneração ocorreu após uma operação da Polícia Federal (PF) revelar um esquema de corrupção envolvendo fraudes fundiárias e a venda ilegal de créditos de carbono.
A PF conduz as investigações, que apontam para um esquema que teria causado um prejuízo estimado de quase R$ 1 bilhão.
A operação – deflagrada em dezembro de 2024 – incluiu ações simultâneas nos estados do Amazonas, Pernambuco e Rondônia, resultando em buscas e apreensões, inclusive contra Dionísia Soares Campos, superintendente de Agricultura e Pecuária do Amazonas, esposa de Juliano Valente e filha do deputado estadual Sinésio Campos (PT).
As investigações indicam que servidores do órgão teriam utilizado suas posições para facilitar práticas ilegais, como a emissão de licenças ambientais fraudulentas, suspensão de multas e concessões irregulares de autorizações para desmatamento.
Em consequência, a Justiça Federal determinou o afastamento de cinco servidores do Ipaam, incluindo Juliano Valente.
Com a saída de Juliano Valente, Rosa Mariette Geissler, diretora técnica do Ipaam, assumiu interinamente o comando do órgão até a nomeação de Gustavo Picanço.
Apesar de ser uma indicação do governador, Gustavo Picanço também mantém proximidade com o deputado estadual Sinésio Campos. Em uma confraternização promovida pelo parlamentar, ele foi visto ao lado de Alzira Miranda, presidente do Crea-AM, e do próprio Sinésio, reforçando os laços políticos entre eles.
Em maio de 2024, o deputado estadual Sinésio Campos solicitou a realização de uma Sessão Especial em homenagem aos 50 anos do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Amazonas (Crea-AM).
No requerimento, Sinésio destacou o papel crucial do Crea no desenvolvimento e na “regulamentação das atividades de engenharia, agronomia, geologia, geografia e meteorologia no Brasil”.
Receita do IPAAM
Conforme apurado pelo Portal AM1 na página de acesso à informação do Ipaam, a receita do instituto em 2024 foi de R$ 30,6 milhões.
Desse montante, R$ 24,8 milhões foram provenientes de licenciamento ambiental, R$ 5,7 milhões de taxas do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e R$ 63 mil de outros recursos. Os dados são da Gerência de Orçamento e Finanças e foram atualizados no dia 6 de janeiro.
O valor representa um aumento de 32% em relação a 2023. Juliano Valente, ex-diretor-presidente do Ipaam, foi nomeado para o cargo no primeiro mandato de Wilson Lima, em 2019, e reconduzido no segundo mandato, em 2023. Desde 2019, a receita do instituto registrou crescimento significativo de 84,6%, passando de R$ 16,6 milhões para os atuais R$ 30,6 milhões.
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