Manaus, 20 de abril de 2024
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Cenário

Fausto Júnior é ‘emparedado’ na CPI: de testemunha a investigado

Fausto Júnior acreditava que iria responder apenas questionamentos referentes ao relatório final da CPI da Saúde do Amazonas, em 2020

Fausto Júnior é ‘emparedado’ na CPI: de testemunha a investigado

Fausto Júnior saiu da condição de testemunha a investigado na CPI da Covid-19

BRASÍLIA, DF – O deputado estadual Fausto Júnior (MDB) teve uma virada em depoimento da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, na manhã desta terça-feira (29), em Brasília.

De testemunha, Fausto e sua mãe, a conselheira do Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), Yara Lins, serão investigados pela comissão, que é presidida pelo senador Omar Aziz (PSD). Omar disse que vai pedir a quebra de sigilo fiscais e bancários das pessoas citadas pelo presidente da Comissão.

“Cabe a mim fazer o que se deve. Nós iremos encaminhar à Procuradoria Geral da República (PGR) e pedir ao Tribunal de Contas do Estado ( TCE-AM), os relatórios das viagens da conselheira para que a gente possa mostrar ao estado do Amazonas como é que está. Por isso é que está desse jeito”, disse Omar afirmando que vai investigar o deputado Fausto e sua mãe.

Fausto foi convocado à CPI pelo senador Marcos Rogério (DEM-RO). O parlamentar foi relator na CPI da Saúde, que investigou as gestões governamentais entre 2011 a 2020, realizada, no ano passado, na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).

“É importante ressaltar que a presença do deputado aqui seria uma oportunidade única que ele teria na vida para explicar o que que realmente se passou e não ficar protegendo pessoas que levaram programas lá do governo federal que ao invés de ajudar, mataram amazonenses, como: o TratCov, tratamento precoce e outras coisas mais, invés de ter colocado oxigênio e terem realmente se mobilizado com o governo estadual e federal para trazer o oxigênio para o Amazonas”, disse Aziz logo no início da oitiva.

Acreditando que falaria apenas do relatório da CPI da Saúde do Amazonas, Fausto levou uma cópia do relatório final a cada um dos membros da comissão e fez uma breve explanação sobre tudo o que foi apurado durante os três meses da realização da CPI.

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O que o deputado não esperava era que passaria pelo crivo da CPI da Covid com uma interlocução mais incisiva sobre todos os fatos ocorridos no estado nas primeiras e segunda ondas do vírus no Amazonas.

O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), da mesma sigla partidária de Fausto, perguntou quais os problemas detectados na saúde, em 2020, após a primeira onda no Amazonas.

“Nós não conseguimos prorrogar a CPI da Saúde no Amazonas e certamente poderíamos ter contribuído muito com o nosso estado. É importante deixar claro que essa não foi somente uma CPI da Covid, mas da Saúde. Nosso estado lamentavelmente possuía um dos piores sistemas do Brasil, mesmo tendo um dos maiores investimentos per capita. Nosso papel na CPI era de contribuir para que esse cenário mudasse e que o nosso sistema de saúde pudesse oferecer um serviço de qualidade”, disse o deputado a Calheiros.

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Empresas

De acordo com Omar Aziz, o relator teve a oportunidade de indiciar o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), mas não o fez por sua família possuir vínculos empresariais em contratos firmados com o Governo do estado.

Na ocasião, o deputado amazonense disse que não escolhe sozinho por indiciar alguém ou não. Questionado por Omar Aziz se houve comunicação aos outros deputados na Aleam, de que poderiam indiciar o governador, Fausto Júnior não conseguiu responder com clareza a pergunta.

Entre as empresas citadas por Omar, estão: a Tec Way, a TCD Transporte, a Matrix, a PH Rodrigues, a DR7, a LBC Conservadora, a empresa G.A., a empresa A.G., a BRB, a CC Batista, a Podium, a Live Saúde e Nova Renascer. As empresas trabalham nas áreas da saúde, construção, manutenção e aluguéis de carro.

Fausto disse desconhecer todas as empresas citadas por Omar Aziz. “Eu desconheço”, disse o deputado amazonense.

Moradia de luxo

Na interlocução, Aziz questionou Fausto Júnior sobre a troca de endereço residencial do parlamentar, que em pouco tempo era um local mais simples para um condomínio de luxo, localizado em uma das áreas mais nobres da cidade, no Adrianópolis, zona Centro-Sul de Manaus.

Omar mostrou fotos de duas casas sendo construídas no condomínio e disse que cada terreno custa R$ 2 milhões. “Eu desconheço esse endereço”, comenta Fausto Júnior, que reclamou das observações e se disse vítima de perseguição..