Gafes, apoio a Pazuello e vaias: saiba como foi a visita de Bolsonaro a Manaus

MANAUS, AM – Entre protestos e manifestações de apoio, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) visitou Manaus nesta sexta-feira (23). Ele participou da inauguração da segunda etapa do Centro de Convenções do Amazonas Vasco Vasques (CCAVV), no bairro Dom Pedro, Zona Oeste da capital.

O presidente desembarcou no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus, por volta das 9h da manhã. Com ele, vieram os ministros Gilson Machado (Turismo), João Roma (Cidadania), Marcelo Queiroga (Saúde), Milton Ribeiro (Educação) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional – GSI). O ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, e o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, também estavam na comitiva do presidente.

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A visita foi marcada por um forte esquema de segurança da Polícia Militar. Segundo o tenente-coronel Auzier Peixoto, mais de 300 policiais estavam envolvidos na segurança externa do evento, cobrindo a Arena da Amazônia, o Sambódromo e o CCAVV. Ele não demonstrou preocupação com possíveis confrontos entre apoiadores e opositores.

“Inclusive, temos até mesmo policiais à paisana, sem farda. Desde a madrugada, nós estivemos identificando apoiadores e opositores. Estamos fazendo um monitoramento contínuo destes grupos, e cremos que não vai haver confronto. Porém, se estiver, estaremos preparados”, afirmou.

Apoiadores

Mais de 400 apoiadores do presidente estiveram presentes no local do evento. Eles permaneceram na entrada do Centro de Convenções pela avenida Pedro Teixeira, com faixas de apoio ao presidente. No local, também foram entoadas palavras de ordem, como “Bolsonaro Mito”, “Bolsonaro, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver!”, entre outras. Vale lembrar que todos estavam aglomerados, em um só local.

Uma apoiadora do presidente, inclusive, tentou entrar pelo mesmo local onde as autoridades estavam tendo acesso ao Centro de Convenções. A situação foi flagrada pela equipe de reportagem do Amazonas1 durante a confirmação do credenciamento dos profissionais de imprensa.

Questionada, ela disse que queria entrar porque era “convidada de honra do presidente”, e que queria vê-lo porque era do povo.

“Presidente, meu aniversário é no domingo! Me dê esse presente de aniversário e me deixe lhe ver mais de perto”, gritava ela.

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Presente no local em apoio ao presidente, o agente de turismo Geraldo Mesquita disse que foi “de graça” levantar a bandeira brasileira em prol do “Mito”. Ao mesmo tempo, Mesquita disse que também veio pedir ao presidente uma atenção maior ao setor de turismo.

“Estamos há 11 meses sem trabalhar, sem nada, esperando um auxílio de, pelo menos, R$ 200,00 para quem trabalha no setor. Então nós viemos pedir ao presidente que olhe por nós, e junto com o prefeito e o governador, eles façam alguma coisa pelo turismo do nosso Estado. Estamos aqui de graça, apoiando ele”, salientou.

A chegada

Bolsonaro chegou ao Centro de Convenções por volta das 9h50, acompanhado da sua comitiva, do governador Wilson Lima (PSC) e de outros políticos e autoridades. Ainda fora do local, ele (sem máscara) cumprimentou os apoiadores – que permaneceram em uma espécie de curral – e parou até mesmo para fazer algumas selfies.

O evento, marcado para começar ás 10h, iniciou por volta das 10h20 da manhã. No local, estiveram presentes deputados estaduais, vereadores, prefeitos da Região Metropolitana de Manaus e representantes da sociedade civil. O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), também esteve no evento. Logo após a entrada do presidente, seus apoiadores foram autorizados a entrar no pavilhão que estava sendo inaugurado no Centro de Convenções.

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Em outro “curral” destinado a eles, os apoiadores continuaram entoando palavras de ordem em apoio ao presidente. Parlamentares e outras autoridades, entretanto, foram vaiadas pelos bolsonaristas. Por pelo menos duas vezes, os apoiadores gritaram “Pazuello Governador”, antes de começar o evento.

No evento

Em seu discurso, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, disse que em dois anos do atual governo, o banco já deu mais lucro que oito anos de Lula e oito anos de FHC. Segundo ele, o atual foco do banco é a ajuda às pessoas mais humildes. O ministro ainda disse que pretende realocar os recursos de patrocínio do banco para parques e reservas naturais.

“Antes, a Caixa Econômica gastava centenas de milhões de reais patrocinando clubes de futebol. Na nossa gestão, isso acabou. Hoje, o banco vai investir mais de R$ 100 milhões de reais para patrocinar reservas ambientais. Metade destas reservas estão no Amazonas, e a nossa prioridade é patrocinar cerca de 20 parques. Podemos dizer que um terço do que se gastava com clubes, hoje, será usado para preservar 20 parques”, afirmou Guimarães.

Já o ministro do Turismo, Gilson Machado, destacou que o Amazonas vai receber cerca de R$ 128 milhões. A verba é oriunda do Fundo Geral do Turismo (Fungetur). O crédito vai ser viabilizado pelo Banco da Amazônia.

“O Amazonas oferece uma experiência turística sem igual. O Brasil sempre foi um país que exportava turistas, com cerca de 11 milhões de turistas por ano. Devido à pandemia, esses brasileiros estão viajando dentro do Brasil, se deslumbrando com belezas como a Amazônia”, salientou.

Gafes

Embora o teor do evento fosse sério, algumas gafes foram percebidas. A primeira delas foi quando o próprio ministro Machado resolveu apresentar um número musical logo após seu discurso.

Machado toca acordeão, e disse que apresentaria uma música conhecida: um sucesso da banda Carrapicho, “genuinamente amazonense”. No entanto, a música que foi ouvida pelos presentes foi Chorando Se Foi, gravada pela banda Kaoma – que não é amazonense.

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Para tentar se desculpar, logo em seguida, o ministro tocou a canção Asa Branca, de Luiz Gonzaga. A empolgação foi tanta que até mesmo o presidente se levantou da sua cadeira e gritou um “irra!” no microfone.

Outra gafe, com cunho mais político, aconteceu quando bolsonaristas resolveram aclamar o general Eduardo Pazuello. Eles entoaram a palavra de ordem “Pazuello Governador”, lançando a candidatura do ex-ministro da Saúde ao Governo do Amazonas em 2022. Cabe lembrar que o ministro deve ser um dos investigados na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, no Senado Federal.

Cidadão do Amazonas

No final da cerimônia, Bolsonaro recebeu o título de Cidadão do Amazonas. A entrega foi feita pelo governador Wilson Lima e pelos deputados estaduais Roberto Cidade (PV) e Delegado Péricles (PSL). O projeto foi votado em caráter de urgência na terça-feira (20).

O presidente agradeceu a entrega e lembrou da primeira visita que fez a Manaus. Ele disse que foi bem recebido na ocasião, e que isso fez toda a diferença no processo eleitoral. Na ocasião, o presidente também aproveitou para criticar o que ele chamou de “esquerda nefasta”.

“Dou graças a Deus porque fui eu que venci as eleições. Imagina se Haddad fosse nosso presidente? Era lockdown na certa! Infelizmente, a pandemia tem sido usada para fins políticos, mas com fé em Deus, nós vamos vencer. Brasil acima de tudo, e Deus acima de todos”, completou.

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