Manaus, 21 de maio de 2025
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Cidades

Greve dos rodoviários: passageiros reagem à ‘ameaça’ de fim dos cobradores

Os grevistas reivindicam, entre outros pontos, um reajuste salarial de 12% e a permanência dos cobradores no transporte coletivo da capital.

Greve dos rodoviários: passageiros reagem à ‘ameaça’ de fim dos cobradores

(Foto: Dhyeizo Lemos/Semcom)

Manaus (AM) – Encaminhando para o segundo dia da greve dos rodoviários, a população, ouvida pelo Portal AM1, avalia a possibilidade de remoção dos cobradores dos transportes coletivos. Os grevistas reivindicam, entre outros pontos, um reajuste salarial de 12% e a permanência dos cobradores no transporte coletivo da capital.

A greve dos trabalhadores do transporte coletivo em Manaus, iniciada na terça-feira (15), continua nesta quarta-feira (16). O próprio presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Manaus, Givancir Oliveira, confirmou a continuidade da paralisação em conversa com a imprensa.

A paralisação mantém as seguintes diretrizes: 70% da frota deve operar nos horários de pico, das 6h às 9h e das 17h às 20h. Nos demais períodos, a circulação mínima exigida é de 50% dos ônibus, sob pena de multa de R$ 60 mil por hora em caso de descumprimento.

Retirada dos cobradores

Enquanto os rodoviários pedem a permanência desses profissionais, a possibilidade de sua retirada voltou à pauta nos últimos dias. Na última semana, o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), abordou a possibilidade de eliminar o uso de dinheiro nos coletivos da cidade. Na ocasião, mencionou uma transição gradativa para esse novo modelo.

Durante a coletiva de imprensa realizada para a entrega de novos ônibus na capital amazonense, o prefeito destacou que o Ministério Público do Amazonas (MPAM) e a Justiça vêm recomendando a retirada do uso de dinheiro nos coletivos. A possibilidade poderia impactar cerca de 1,5 mil cobradores.

“O Ministério Público do Estado está orientando a retirada da circulação de dinheiro de dentro dos ônibus. A Justiça já sinalizou sobre essa questão. O próprio Ministério do Trabalho também. Nós estamos buscando aqui um diálogo para que a gente não precise desempregar cerca de 1,5 mil cobradores. Isso é um problema. Então, estamos ajustando com as empresas para aproveitá-los dentro do sistema, como motoristas”, explicou David Almeida.

Segundo o prefeito, a substituição do pagamento em dinheiro por métodos eletrônicos segue uma tendência nacional. Ele citou como exemplo uma linha de ônibus com 485 passageiros, dos quais apenas oito utilizaram dinheiro em espécie.

“Eu vou dar uma informação para vocês: tem linhas de ônibus em Manaus em que, do total arrecadado, o pagamento em dinheiro representa apenas 2,5%. Em uma linha com 485 passageiros, somente 8 pagaram em dinheiro. Então, isso é uma tendência mundial, e as grandes cidades brasileiras já adotaram essa prática”, afirmou na ocasião.

O que pensa a população?

A equipe do Portal AM1 foi às ruas de Manaus para ouvir a opinião da população sobre a possível saída dos cobradores do transporte coletivo. De forma geral, os entrevistados defenderam a permanência desses profissionais.

Entre os argumentos mais frequentes apontados pelas pessoas ouvidas, a segurança no transporte coletivo aparece como uma das principais razões para a manutenção desses trabalhadores.

A moradora de Manaus, Silvana Cristina, defendeu a permanência dos cobradores. Para ela, a ausência desses profissionais pode contribuir para o aumento dos assaltos nos coletivos, uma vez que apenas motoristas e passageiros ficariam dentro dos veículos.

“Vão tirar os cobradores e vão ficar só os motoristas e os passageiros. E os assaltos vão aumentar. Vai ficar mais perigoso ainda pra população que viaja nos coletivos”, defendeu Silvana.

Na visão da aposentada Francisca Ferreira, a remoção dos cobradores pode contribuir para a segurança, ao reduzir o uso de dinheiro nos ônibus e, consequentemente, os assaltos. “Isso até ajudaria em situações de roubo, porque andaríamos com menos dinheiro”, explicou Francisca.

O autônomo Luiz Pereira considera essencial a presença dos cobradores. Ele observa que a ausência desses profissionais em algumas linhas gera atrasos, já que os motoristas assumem a responsabilidade de passar o troco aos passageiros.

“Os cobradores precisam trabalhar, e eles também têm família. Então, eu acho que a permanência deles é melhor. Quando a gente faz uma viagem que não tem cobrador, ela atrasa um pouco, porque o motorista fica esperando pra passar o troco e, às vezes, a gente perde alguns minutos”, explicou Luiz Pereira.

A doméstica Ângela Maria apontou o risco de aumento no desemprego como motivo para se opor à remoção dos cobradores. “Como vai ser quando for só o motorista? Ele vai ter que dirigir e lidar com os passageiros também?” questionou.

“Eu não concordo, não, porque vai deixar muitas pessoas sem emprego. O desemprego em Manaus já é alto, e vai aumentar com a retirada dos cobradores”, disse Ângela.

 

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