Manaus, 20 de abril de 2024
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Cenário

Instituto Afro critica David Reis e David Almeida por desrespeito histórico em Manaus

A praça levava o nome do ativista negro, Nestor Nascimento e com a sanção do prefeito o espaço passou a se chamar 'Praça Oscarino Peteleco'

Instituto Afro critica David Reis e David Almeida por desrespeito histórico em Manaus

MANAUS (AM) – Após os movimentos negros de Manaus criticarem a decisão do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante) de sancionar a Lei nº 2.767, de 23 de julho de 2021, que nomeia uma praça no bairro Praça 14 de Janeiro como Praça Oscarino Peteleco, David voltou atrás na decisão e vai encaminhar o projeto de lei revogando a legislação.

A crítica dos movimentos negros da capital amazonense sobre a mudança na nomenclatura da praça ocorreu porque o espaço levava o nome do ativista negro do Amazonas, Nestor Nascimento, que marcou a história do estado devido a sua luta racial e conquistou destaques internacionais. Com a sanção de David realizada na segunda-feira (23), a praça passou a se chamar “Praça Oscarino Peteleco”, uma homenagem ao popular ventríloquo que morreu aos 81 anos de idade em 2018. A legislação é oriunda do PL de autoria do presidente da Câmara Municipal de Manaus (CMM), vereador David Reis (Avante) e foi aprovado na CMM no início do mês.

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Para o presidente do Instituto Nacional Afro Origem (Inaô), Christian Rocha, a atuação de David Reis e David Almeida evidencia o déficit intelectual que o parlamento e o poder municipal possuem sobre a história do Amazonas e da capital.

“Esse ato reflete a falta de conhecimento sobre a história da nossa sociedade. A nossa sociedade perdeu o costume de ler e conhecer sobre a sua origem e isso faz com que seja criada uma luta entre a memória e o esquecimento. O Oscarino, de fato, foi uma figura grande, mas outro lugar poderia levar seu nome, como já acontece no Parque do Prosamin, na Praça 14. O que Martin Luther King é para o movimento negro internacional, o Nestor Nascimento é para o movimento negro amazonense. Então, quando essa falta de conhecimento cai nos poderes municipais, fere a origem da sociedade. Todos nós nos sentimos feridos e machucados, pois ficamos refém do déficit intelectual dos políticos eleitos”, explicou.

Cristian também afirmou que – apesar da situação ser preocupante – o parlamento municipal deve aprender com o erro e entender que política se faz junto à sociedade e por meio de discussões.

“Acredito que esse ato foi o último que feriu a comunidade negra, assim eu quero acreditar. Espera que o Legislativo e Executivo municipal tenham aprendido que uma causa se constrói com debate em plenário e nas comissões. A política se faz ouvindo a população e não para encher os olhos de alguém sem consultar a comunidade”, defendeu Rocha.

Em nota à imprensa, David Reis (Avante) afirmou que vai apresentar projeto de lei revogando a Lei 2.767/2021 e apresentará novo projeto oficializando a denominação do logradouro público de Nestor Nascimento, consolidando desejo manifestado pela população do bairro.

“Ao tempo em que abre caminho para atender à vontade popular, o presidente David Reis esclarece que não houve, da parte dele, a intenção de apagar ou macular a memória e a honra de Nestor Nascimento, reconhecidamente o maior líder negro da história do Amazonas. Além de idealizador e fundador do Movimento Alma Negra do Amazonas (MOAM), a primeira organização voltada às causas negras no Estado, Nestor Nascimento esteve à frente, desde os primórdios, da luta em defesa do reconhecimento oficial do Quilombo Urbano do Barranco de São Benedito, segundo quilombo urbano certificado do país, no ano de 2014.

David Reis afirma que, o suposto conflito de interesse gerado pela sua proposta de dar ao espaço público o nome do ventrículo Oscarino Farias Varjão, criador do boneco Peteleco, figura pública igualmente marcante na história do bairro Praça 14 e na cultura amazonense, deveu-se, unicamente, em razão da inexistência de registros oficiais sobre a denominação do local. Situação que será corrigida, em breve, com a aprovação de novo projeto de lei, que ele apresentará no parlamento municipal, tão logo se cumpra o rito de revogação da Lei 2.767/2021.”

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