
(Foto: Imagem gerada com uso de IA - ChatGPT)
Brasília (DF) – O mercado de trabalho vive em constante transformação. Com o avanço da tecnologia e da Inteligência Artificial (IA), profissões tradicionais enfrentam o risco de desaparecer, enquanto novas funções surgem exigindo uma atualização do currículo dos trabalhadores.
Segundo um estudo da consultoria internacional Deloitte, apresentado em 2024, 58% das empresas no Brasil usam IA em seu dia a dia.
Funções como atendente de telemarketing, caixa de supermercado, operador de linha de produção e agente de viagens estão entre as mais afetadas pela automação com IA.
O atendimento ao cliente, por exemplo, passou por uma transformação com a implementação da automação. Se antes o contato com o consumidor exigia uma grande equipe atualmente chatbots inteligentes fazem este papel com agilidade e personalização.

Foto: (Arquivo pessoal)
O estrategista de marketing Bruno Rietcher, que atua no setor desde 2018, destacou ao Portal AM1 que a automação deste serviço não vem necessariamente para tirar o emprego do vendedor ou do atendente, mas vem aperfeiçoar este contato, levando ao profissional apenas quem realmente deseja finalizar o processo ou ao a compra.
“É uma conversa automatizada de inteligência artificial. Um atendente que nunca vai estar sobrecarregado, sempre de bom humor para conversar com os interessados. Ele faz a pré-venda para facilitar o trabalho do vendedor,” pontuou o especialista.
Rietcher mudou a forma de produção de sua empresa com a implementação da IA. Tudo começou em 2022, quando a equipe usou pela primeira vez um aplicativo de imagem criando um rinoceronte humanizado para uma campanha de marketing.
“não era nosso objetivo implementar a IA como um processo (…) olhei o orçamento do cliente e disse não vai dar para implementar a ideia, (…) e fomos testando a IA, depois a imagem passou por um aperfeiçoamento humano com as nossas ferramentas e conseguimos fazer a entrega final,” disse o estrategista.
O empresário destacou que nos últimos três anos os processos dentro da empresa foram alterados, com a criação de novas funções e cargos.
“Antes, um diretor de arte que criava as imagens para a campanha, com o apoio de uma equipe. Hoje ele é diretor criativo baseado em IA, trabalha sozinho e ganha pelos três,” explicou.
Atualmente, apenas 5 pessoas são contratadas pela agência, e mesmo com o número reduzido de funcionários, a empresa consegue realizar campanha em até três dias, trabalho que antes seria entregue em um mês.
Substituída por uma câmera robótica

Cinegrafista Andressa Libório – Foto: (Arquivo pessoal)
A cinegrafista Andressa Libório, de 33 anos, foi demitida após a implementação de uma nova tecnologia no estúdio: câmeras robóticas, operadas remotamente, sem a necessidade dos operadores locais.
Ao Portal AM1, ela destacou que antes da demissão o chefe do setor comentava com os cinegrafistas sobre a implementação das câmeras, mas não forneceu treinamento para tal função.
“Sempre o nosso chefe falava, a gente vai instalar a câmera robótica, e a gente não acreditava. Certo dia, o pessoal foi instalar a câmera, passou uma semana, de dez cinegrafistas apenas dois ficaram na empresa, (…) Ninguém sabia nem mexer em câmera robótica,” explicou Libório.
Andressa afirmou que os funcionários que restaram na empresa aprenderam “na marra”, com um curso de uma semana. Após o ocorrido, ela ficou com medo de não conseguir um novo trabalho por não ter aprendido a operar a câmera.
No novo emprego, Libório passou por um treinamento em outro estado para atualizar o currículo, e aprender novas habilidades da profissão, e novamente a câmera robótica estava no pacote.
“Recente eu fiz um curso de robótica em SP, aprendi a câmera robótica, mas a minha função agora é atuar nas externas [fora do estúdio], mas se me colocarem hoje na robótica eu faço,” disse Libório.
Andressa também se especializou um uso de drones para a captação de imagens, ampliando suas possibilidades na área.
Com tantas mudanças, quais profissões estão surgindo?
De acordo com o Fórum Econômico Mundial, as mudanças do mercado de trabalho devem representar 22% dos empregos até 2030 com 170 milhões de novas funções e 98 milhões de trabalhos descontinuados.
Pessoas com características de resiliencia, liderança e habilidades cognitivas terão, segundo a pesquisa, uma melhor resposta a mudanças no ambiente corporativo.
IA no Polo Industrial

Professor Sandro Breval – Foto: (Arquivo Pessoal)
Na Zona Franca de Manaus, as mudanças também estão acontecendo. No setor de manutenção por exemplo sensores com visão computacional direcionados pela IA monitoram os equipamentos em algumas fábricas prevendo falhas antes que elas ocorram e outros monitoram o trabalho dos operários e conseguem identificar até a fadiga do funcionário.
O professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) Sandro Breval destacou ao Portal AM1 que a vantagem das alterações é a melhoria da eficiência operacioal.
“Usando o IA com base nesses dados gerados em tempo real pelos equipamentos, a gente consegue verificar em algum momento e prever a falha antes que elas ocorram. Isso é bem interessante. O outro dado que é interessante também, obviamente, é um controle de qualidade automatizado,” explicou o professor.
Outro ponto de evolução no Polo Industrial de Manaus (PIM) está relacionado ao reordenamento das funções colaborativas com a prontidão tecnológica, que, segundo Breval, passam pela Reskilling (Requalificação) e Upskilling (atualização de habilidades).
“Fizemos um mapeamento na Zona Franca de Manaus, e existe sim uma prontidão tecnológica, ou seja, as pessoas não têm resistência às novas tecnologias, mas é preciso melhorar as habilidades comportamentais,” explicou o professor.
Como exemplo de Reskilling, Breval exemplificou a pessoa que atua na área manual, como na área fabril ou na administração que com a requalificação vai fazer o mesmo trabalho com ferramentas de apoio.
“Essas ferramentas de apoio requer novas habilidades digitais e obviamente o uso dentre elas, de inteligência artificial,”pontuou Breval.
No caso da atualização de habilidades, o colaborador vai ser incorporado em outro setor, pois o seu trabalho foi sustituído pela atuação da máquina.

Professor Manoel Cardoso – Foto: (Arquivo pessoal)
Para o pesquisador e doutor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) Manoel Cardoso, a implementação da automação junto a IA no PIM exige projetos não apenas técnicos, mas econômicos.
“É, a questão toda é que a digitalização e a conectividade, que são as bases para você poder aplicar a sistemas inteligentes, elas vêm no sentido de poder expandir a percepção a percepção são de oportunidades de melhorias que você tem,” disse o especialista.
Em Manaus, uma fábrica de plástico que atua com máquinas ejetoras adicionou IA para analisar o que acontece com a operação durante todo o trabalho, neste caso, o olho humano não conseguiria antecipar o que pode acontecer com a ejetora.
Segundo Cardoso, no momento em que a IA identifica uma anormalia, uma mensagem chega no funcionário responsável pela operação.
“Você tem 24 horas um um auditor que não erra, não mente, não cansa e que está o tempo todo observando para você as condições que você tem que atuar quando necessário. ,” disse o professor.
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