
(Foto: divulgação/ Polícia Federal / reprodução/redes sociais)
Manaus (AM) – Um indígena isolado da região de Mamoriá Grande, no Amazonas, fez contato com ribeirinhos da comunidade Bela Rosa, localizada às margens do Rio Purus, na última quarta-feira (12). O episódio acendeu um alerta entre especialistas da saúde, devido aos riscos que esse tipo de interação pode representar para povos que vivem sem contato com a sociedade.
Em entrevista ao Portal AM1, a infectologista Fabiane Giovanella Borges explicou que indígenas isolados são mais vulneráveis a doenças imunopreveníveis, uma vez que não possuem imunidade prévia contra vírus e bactérias comuns na população em geral.
“A situação de isolamento do indígena o torna mais suscetível à aquisição de doenças imunopreveníveis, pois não apresenta imunidade prévia. Grupos indígenas isolados fazem parte do grupo considerado como em condição de vulnerabilidade”, salientou.
Diante dessa vulnerabilidade, o Ministério da Saúde estabelece protocolos específicos para casos de contato com indígenas isolados. Conforme a Nota Informativa n.º 279/2018, há um esquema de vacinação padronizado para indígenas de recente contato, dividido em três faixas etárias: menores de um ano, crianças de um a sete anos e adultos.
“Povos indígenas isolados são caracterizados por ausência de relação com a sociedade e, num adulto, deverá ser orientada a administração do maior número possível de vacinas na primeira visita reduzindo a possibilidade de doenças como sarampo, caxumba, rubéola, varicela, gripe, difteria, tétano, coqueluche, poliomielite, hepatites, febre amarela, meningites entre outras”, detalhou a infectologista.
A recomendação do governo federal é que apenas profissionais capacitados e atualizados realizem esse tipo de atendimento, garantindo a avaliação individual de cada caso. O objetivo é minimizar os riscos à saúde da população indígena e evitar a repetição de surtos que, no passado, dizimaram grupos inteiros após o contato com o homem branco.
Quem é responsável pela saúde indígena no Brasil?
A Secretaria de Saúde Indígena (SESAI), criada em 2010, é responsável por coordenar e executar a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas e todo o processo de gestão do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS) no Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, a Secretaria de Saúde Indígena (SESAI) do Ministério da Saúde atende mais de 762 mil indígenas aldeados em todo o Brasil.
A Secretaria conta com mais de 22 mil profissionais de saúde, sendo que destes, 52% são indígenas, e promove a atenção primária à saúde e ações de saneamento, de maneira participativa e diferenciada, respeitando as especificidades epidemiológicas e socioculturais destes povos.
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