
(Foto: divulgação / redes sociais)
Manaus (AM) – Na última quarta-feira (12), um indígena isolado da região de Mamoriá Grande fez contato voluntário com moradores da comunidade ribeirinha Bela Rosa, localizada às margens do Rio Purus, entre os municípios de Pauini e Lábrea, interior do Amazonas.
Em um vídeo gravado pelos comunitários, é possível ver que o indígena chegou descalço e trajado com uma indumentária de fibras que cobria a região genital. O garoto indígena interage com um morador, enquanto outros ribeirinhos assistem ao encontro. O morador mostra para ele um isqueiro, o qual demonstra estar impressionado e tenta aprender a usar o objeto nunca visto antes.
O indígena tenta se expressar por um idioma até o momento não identificado, enquanto os moradores ribeirinhos tentam conversar em português e com gesticulações.
Segundo a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o indígena já retornou à aldeia de origem, localizada em uma região de floresta no sudoeste do Amazonas. Um plano de contingência foi estabelecido em conjunto com a Frente de Proteção Etnoambiental (FPE) Madeira Purus, pela Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC) e pela Secretaria de Saúde Indígena (SESAI) para a assistência do indígena.
O Portal Amazonas1 conversou com uma especialista em sociologia que nos explica mais sobre o impacto social e cultural desse encontro inesperado. A socióloga Bianca Rocha, explica que o isolamento das comunidades indígenas é uma forma de proteção e preservação cultural, o que impõe desafios que podem acertar a continuidade e adaptação das tradições indígenas.
“Parando para analisar, esse encontro desse nativo que vivia isolado com a civilização pode gerar diversos impactos sociais e culturais, e pra ambos, porque se você pensa de uma forma positiva, nós vamos ter uma troca de conhecimento, nós vamos ter acesso a uma diversidade cultural gigantesca. Mas, digamos que essa aproximação, esse encontro com essa comunidade nativa também vai gerar inúmeros desafios com essa integração. Quando a gente fala no uso da linguagem, nós vamos ter um grande fator preponderante por conta da falta dessa comunicação, se formos analisar tudo isso, é algo muito brusco para um indígena nativo”, afirma Rocha.

(Foto: divulgação / Bianca Rocha)
Sobre os efeitos sociais e culturais
“O isolamento dessa comunidade indígenas pode ter um efeito bem complexo, a gente consegue analisar observando pontos positivos e negativos desse isolamento. Um ponto positivo é que aquela tribo vai continuar mantendo seus valores, as suas tradições, elas vão continuar ali, preservando todos esse habitat natural deles, com uma linguagem, a vestimenta como eles ou a não vestimenta. Porém, o isolamento vai trazer inúmeros desafios para a tribo que vive ali, isolada, sem contato com a civilização. Por exemplo, falta de vacinas que a gente pode salientar, lembrando que o indígena tem seu direito, e esse isolamento pode limitar como saúde, segurança, o básico que é de direito deles”, acrescenta a socióloga.
Comunidade isoladas no Amazonas?
“Se a gente parar pra pensar se realmente existem de fato tribos indígenas isoladas aqui na nossa Região Norte, com toda certeza, a resposta será sim”, a socióloga Bianca lembra que, em 2021, foi confirmada oficialmente pela Funai a presença de povos indígenas isolados na região da Base de Proteção Etnoambiental Mamoriá Grande, entre os municípios de Pauini e Lábrea, interior do Amazonas.
Confira vídeo na íntegra
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