Manaus, 20 de abril de 2024
×
Manaus, 20 de abril de 2024

Brasil

Jovem é demitida pelo pai por criticar atos de Bolsonaro

O pai da jovem tatuadora, seu patrão na ocasião, se sentiu ofendido e lhe enviou uma resposta em áudio no WhatsApp

Jovem é demitida pelo pai por criticar atos de Bolsonaro

Foto: Divulgação/ redes sociais

Brunna Letícia Venancio, de 29 anos, disse que sentiu um “misto de indignação, tristeza e decepção” após ser demitida pelo próprio pai da empresa onde atuava como como supervisora. Segundo ela, a demissão foi motivada por uma postagem dela nas redes sociais contra ao presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais. Brunna entrou com um processo judicial contra o próprio pai. As informações são do jornal O Globo.

O episódio ocorrido em 8 de setembro do ano passado foi levado à Justiça. O Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região decidiu, na última sexta-feira, que ela deverá ser indenizada em R$ 20 mil por danos morais.

Leia mais: Bolsonaro é alvo de ação de vereadoras por frases homofóbicas em podcast

A jovem opinou às véspera de uma manifestação feita por bolsonaristas em todo o país. “Sou completamente contra esse desgoverno e esse ser humano horroroso, corrupto, mal caráter, fascista, nazista, imbecil, incapaz e medíocre”, escreveu Brunna.

Por apoiar o presidente Bolsonaro, o pai da jovem tatuadora, seu patrão na ocasião, se sentiu ofendido e lhe enviou uma resposta em áudio no WhatsApp.

Leia mais: Bolsonaro alfineta Lula: ‘bêbado que quer dirigir Brasil’

“Bom dia, Brunna. Antes de ter as suas exposições de ira e deboche em suas posições políticas, lembre em respeitar quem está do outro lado, não se esqueça que eu tenho posições antagônicas”, dizia o áudio no WhatsApp, que depois foi transcrito na sentença.

“Entrei na Justiça com um misto de indignação, tristeza e decepção. Eu não queria chegar a esse extremo. Não é fácil processar o próprio pai”, disse Brunna.

Esta não foi a primeira vez que pai e filha se desentenderam em razão de terem opiniões divergentes sobre política. Em outra ocasião, Brunna comentou com o pai a situação dos brasileiros e o retorno do Brasil voltou para o mapa da fome no governo Bolsonaro. Na ocasião, Brunna foi agredida verbalmente na ocasião.

“Ele me chamou de esquerdopata e petralha. Desde então, eu não tocava mais no assunto”, afirmou a tatuadora. “Eu sempre tive que me silenciar, ele sabia das minhas opiniões políticas e eu sabia as dele, mas a gente não entrava nesse assunto”, disse Brunna ao explicar que processou o pai por ter se sentido chantageada.

“Eu acho que [a indenização] repara o dano. Ele me mandou áudios absurdos, me humilhando, falando coisas pesadas. Eu não poderia aceitar. Ele queria me chantagear com o emprego que eu tinha: ‘Ou você apaga agora, ou você sabe que posso te punir”, explicou Brunna.

A empresa Grupo Popular, onde seu pai é um dos sócios, negou que a demissão de Brunna estivesse relacionada com suas opiniões políticas.

No entanto, a juíza Camila Afonso de Novoa Cavalcanti, do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, se baseou no áudio enviado pelo pai de Brunna em que as opiniões políticas de Brunna suscitavam atritos entre ambos.

Com isso, a juíza entendeu que a conduta da empresa viola a legislação por promover discriminação por opinião política. A empresa ainda pode recorrer da decisão.