Brasília (DF) – O líder Yanomami, Davi Kopenawa, esteve em Brasília para pedir socorro às autoridades para a população indígena.
Kopenawa é considerado uma das pricipais lideranças do etnia no mundo.
Na opinião do líder, os esforços do governo federal não têm sido suficientes para sanar as necessidades do povo Yanomami.
Uma das questões mais complicadas para os indígenas da região é o problema com o garimpo ilegal.
Segundo o governo federal entre março e julho deste ano, mais de mil operações foram realizadas para desarticular acampamentos de garimpeiros que se instalaram na região.
Na última semana, militares atuaram contra o garimpo ilegal às margens do rio Uraricoera, o local de acordo com portais de notícia do estado, fica há 30 quilômetros da Terra Indígena.
“Os garimpeiros continuam escondidos trabalhando, é preciso que o governo continue atuando para a retirada destes grupos”, disse o líder político.
Durante a passagem pela capital federal, o porta-voz do povo Yanomami teve uma breve conversa com a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia. O encontro ocorreu em um dos corredores do Supremo Tribunal Federal (STF). A visita durou poucos minutos. Kopenawa reforçou à presidente sobre a necessidade da retirada do garimpo ilegal da região.
“Falei muito pouco, o garimpo está matando os meus parentes, meus netos e continua adoecendo o meu povo”, disse o líder.
Ainda aproveitado a estadia em Brasília, Kopenawa conseguiu conversar com a ministra da Saúde, Nísia Trindade.
Na pauta, o líder tratou sobre as dificuldades do povo com a malária e criticou a gestão atual.
“Ela (a ministra) não está conseguindo tapar os buracos deixados. Precisa reconhecer a minha população Yanomami de Roraima e do Amazonas, melhorar o trabalho com médicos, enfermeiros, técnicos e equipamentos de saúde”, disse o indígena.
Malária na Terra Yanomami
Um estudo do Instituto Oswaldo Cruz mostra que o garimpo ilegal tem relação direta com aumento dos casos de malária. Em 2020, a Fiocruz registrou 29 mil em Roraima. Desses, 18,6 mil ocorreram em terras indígenas.
Conforme a coordenadora da pesquisa, a ação humana no garimpo favorece a transmissão da doença.
“Os garimpeiros invadem a floresta e escavam a terra, formando poço que, por sua vez, funcionam como criadouros de proliferação de mosquitos anofelinos, que transmitem a malária. Ou seja, com mais mosquitos e mais pessoas, cujo sangue serve de alimento para os mosquitos, está criada a situação ideal para a transmissão da doença. Isso acontece ao lado das aldeias, e os indígenas passam a viver perto de núcleos de transmissão de malária, que antes, não existiam”, como conclui o estudo.
Segundo o presidente da associação Wanasseduume Ye’kwana, Júlio Yekwana, depois que o governo Lula decretou emergência em saúde pública, em janeiro de 2023, as coisas começaram a mudar; mas o povo ainda precisa de ajuda.
“Falta muito para ser melhorado, a malária está impossível, muito difícil de controlar”, disse Júlio ao Portal AM1.
Encontro com o presidente Lula
O líder político tentou conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antes do lançamento do Programa Periferia Viva, mas a espera não foi contemplada pela reunião com o chefe de Estado.
Quando o presidente chegou ao evento, Kopenawa entregou um presente, o livro “A queda do céu” escrito por ele. Após a entrega, foi direcionado à saída do evento.
A reunião com Lula trataria de três temas: saúde indígena, a continuidade do trabalho de retirada dos garimpeiros e a construção de postos de vigilância para proteção do povo.
Os encontros não estavam marcados nas agendas das autoridades.
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