Manaus já tem mais de 85 mil pessoas infectadas com a Covid-19.
O isolamento social conseguiu mudar a curva de contaminação, porém, se ocorrer o afrouxamento do isolamento, a capital amazonense poderá ter um pico de contaminados e de mortes em junho.
A diretora-presidente da Fapeam, Márcia Perales, e o professor e pesquisador da Ufam, Alexander Steinmetz apresentaram nesta segunda-feira, 18, a pesquisa sobre a curva epidemiológica da Covid-19 em Manaus.
A pesquisa foi realizada por 10 pesquisadores, em dois grupos, com a participação de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais e teve como objetivo compreender o contágio em Manaus.
Foram avaliados e cruzados dados da FVS-AM de 1700 caos de Covid-19 confirmados até 20 de abril, os primeiros sintomas, data de internação e tempo de recuperação.
Segundo a pesquisa a partir de 7 de abril tiveram casos retardados por conta do isolamento social, foi verificado que uma pessoa que faleceu no dia 18 de abril, poderia ter infectado 130 pessoas até 30 de março.
Isolamento Social
Manaus tem 40% da população em isolamento social, mas segundo a pesquisa da Ufam, o isolamento deveria ser de 60%.
Para o pesquisador da Ufam, Alexander Steinmetz o isolamento social da capital amazonense ainda “não é o ideal, mas teve algum efeito” no mês de abril.
Se continuar o isolamento de 40% até 31 de maio, ele estima que mais de 60 mil pessoas sejam infectadas.
“Temos um grande número de infectados, enquanto isso não diminuir, teremos uma situação complicada”, disse Alexander Steinmetz.
Se as medidas de isolamento social aumentarem, e chegarem a 60%, há uma estimativa de que 40 mil pessoas sejam infectadas, porém se houver um relaxamento ou afrouxar do isolamento de 20 %, Manaus corre o sério risco de ter um pico ainda maior de mortes e infectados.
O uso de máscaras e das outras medidas de prevenção salvou no mínimo 2.500 vidas.
“Tivemos um certo pico artificial, se agente afrouxar, poderemos ver o verdadeiro pico em junho, com muito mais óbitos e infecções”, disse.
Propagação
De acordo com a pesquisa, a propagação da doença começou no final de fevereiro, com no mínimo 20 pessoas infectadas até 23 de março e 6.600 pessoas infectadas até dia 19 de março.
“A epidemia ainda se encontra nos estágios iniciais no interior. O translado de pacientes para capital deve manter a pressão sobre os hospitais aqui em Manaus”, comentou Alexander Steinmetz.
Imunização Coletiva
A pesquisa estudou os dados até 11 de maio, para o pesquisador existe uma baixa porcentagem de pessoas recuperadas da Covid-19 e que não é recomendado esperar a imunização de rebanho ou imunização coletiva, termo utilizado na ciência para falar sobre a resistência de um grupo ou população à introdução e disseminação de um agente infeccioso.
“O nosso estudo foi elaborado até 11 de maio, a gente só consegue essa tendência, ainda não podemos falar de controle na minha visão e sim de alerta máximo, 10% a 15 % de recuperados, isso está muito longe de efeito de rebanho, se 80% [da população manauara] tivesse pegado a doença teríamos em torno de 12 mil mortes, é um custo muito alto, não é desejável chegar a esse ponto”, afirmou.
A recomendação da pesquisa é que o governo tenha cautela e aumente as medidas de isolamento social.
“É cedo para falar em estabilização, não devemos comemorar neste momento, devemos ter cautela, se as medidas forem fortalecidas, e a população continuar aderindo, a gente pode ver uma luz no fim do túnel”, finalizou.
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