Manaus, 11 de maio de 2024
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Manaus, 11 de maio de 2024

Cidades

Mesmo com incertezas sobre a ZFM, Polo de Duas Rodas se recupera

Os bons resultados reforçam a expectativa de crescimento do setor de duas rodas, estimada em 4,2% para este ano

Mesmo com incertezas sobre a ZFM, Polo de Duas Rodas se recupera

A produção de motocicletas nas fábricas do Polo Industrial de Manaus (PIM) alcançou, em fevereiro deste ano, 101.243 unidades, representando uma alta de 21,1% em relação ao mesmo mês do ano passado (83.632 unidades). Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), nos dois primeiros meses do ano foram fabricadas 185.249 unidades, correspondendo a um aumento de 12,3% em relação a igual período de 2018 (164.938 unidades).

No ano passado, por conta da greve dos caminhoneiros, as vendas sofreram queda de 11,3% na comparação com maio do mesmo ano. Segundo a associação, a paralisação afetou o recebimento de insumos e reduziu a distribuição de motocicletas. Em 2018, o total de vendas internas foi de 146.767 mil em fevereiro e, neste ano foi 177.082 mil no mesmo período. A comparação representa um crescimento de 20,7% nas vendas.


O vice-presidente Mourão afirmou que a Zona Franca de Manaus é prioridade no governo vigente e que é necessário fazer melhorias e valorizar o que há na Amazônia – (divulgação)

Para o presidente da entidade, Marcos Fermanian, os bons resultados reforçam a expectativa de crescimento do setor, estimada em 4,2% para este ano. “Os números do primeiro bimestre comprovam a retomada do crescimento do mercado de duas rodas. Hoje o consumidor sente-se mais seguro em investir na compra de um bem de maior valor agregado. Essa confiança está baseada num cenário econômico mais favorável, marcado pela redução nas taxas de juros e dos índices de inflação”, afirma.

A produção de bicicletas também aumentou, os dados atualizados da Abraciclo apontam um crescimento de 12% entre janeiro e fevereiro deste ano. A produção em janeiro foi de 58.611 mil e em fevereiro foi de 66.110 mil.

Já a exportação, no entanto, caiu 49,5%, isso porque no primeiro bimestre de 2018 foram exportadas 15.573 mil motos, e em fevereiro deste ano, apenas 7.857 mil.

O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo, considera esses números um resultado positivo em relação aos últimos anos. “A expectativa é de que seja melhor do que o ano passado, em uma proporção superior a 10% ou até mais. Até agora é isso que os resultados têm apresentado, apesar das incertezas e divergências políticas, principalmente em relação ao executivo e legislativo” disse.

Para ele, essas oscilações políticas no âmbito da Zona Franca de Manaus (ZFM) têm uma influencia muito grande na economia, já que gera a incerteza e isso resulta em uma desconfiança no investidor.

ZFM e incentivos fiscais

Na última sexta-feira, 29, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB) esteve na capital amazonense para dar uma palestra na sede da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam) sobre “A importância estratégica da Amazônia para o Brasil”. Na ocasião, em coletiva de imprensa, ele afirmou que a Zona Franca de Manaus é prioridade no governo vigente e que é necessário fazer melhorias e valorizar o que há na Amazônia.

De acordo com o Nelson Azevedo, no próximo mês o presidente Jair Bolsonaro (PSL) também virá a Manaus e fará visitas nas fábricas do PIM, o que ele considera a grande oportunidade para contrapor a fala de que a ZFM é renúncia fiscal e não incentivos fiscais.

“Nós somos vistos como se fossemos maus para o país, quando na verdade somos um benefício. Já arrecadamos muito mais do que aquilo que recebemos de volta. Por exemplo, se nós arrecadamos 14 bilhões, só recebemos um retorno de 4 bilhões. Ou seja, só recebemos um terço” disse Azevedo.

Em janeiro deste ano, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) sancionou a Lei Nº 13.799, que prorroga até 2023 os incentivos fiscais do Imposto de Renda das empresas instaladas nos Pólos Industriais nas zonas Norte e Nordeste. No entanto, a equipe econômica do presidente discordou da sanção e, por isso, Bolsonaro assinou um decreto que, na prática anula os efeitos do ato sancionado por ele.

Para a economista, Bianca Mourão, os incentivos fiscais são importantes, já que servem para amenizar os custos de se produzir longe dos mercados consumidores bem no coração da floresta amazônica. Além disso, há um retorno para as empresas. “É claro que as empresas têm um bom retorno ou não estariam aqui, mas esse retorno é reinvestido todo na melhoria dos produtos e processos.”

A economista traça um comparativo e afirma que sem o PIM, a população amazonense estaria fadada aos trabalhos de extrativismo, como nos tempos antigos. “Basta se fazer a seguinte pergunta, qual atividade estaríamos fazendo se não houvesse o modelo ZFM? Comércio? Não comporta tanta mão de obra. Turismo, também não, somando ao fato de que não temos infraestrutura nenhuma pra desenvolver essa atividade. Sem o modelo ZFM nossa população seria obrigada a se voltar para a Floresta para sobreviver, primeiro atrás da Madeira e depois da riqueza no subsolo” declara.