
(Fotos: Reprodução/Facebook)
Manaus (AM) – O prefeito de Humaitá, Dedei Lobo (UB), e o ex-prefeito Herivaneo Vieira (MDB), que também concorre às eleições municipais deste pleito, estão na mira do Ministério Público Eleitoral (MPE). O órgão fiscalizador ajuizou, nesta segunda-feira (30), duas ações de investigação para que o registro de candidaturas dos políticos sejam cassados.
Segundo o MPE, as ações são fundamentadas em suspeita de abuso de poder político e econômico por parte dos candidatos e, por essa razão, pede a cassação e a inelegibilidade destes por oito anos.
Segundo o Ministério Público Eleitoral, Dedei Lobo teria usado seu poder de prefeito para coagir 73 servidores municipais comissionados a realizar atos de apoio político à sua administração, sob pena de exoneração. Esses servidores teriam sido obrigados a participar de um grupo no WhatsApp, criado exclusivamente para disseminar conteúdo favorável a ele e à sua gestão.
Relatos dos servidores também apontam que o prefeito e seu chefe de gabinete, identificado como Jhonatan Maciel, teriam exigido que os servidores evitassem divulgar qualquer informação que pudesse prejudicar a imagem de Dedei, “caracterizando um claro abuso do poder político”.
Além disso, conforme o órgão, outros depoimentos realizados em janeiro deste ano apontam que Jhonatan Maciel teria dito aos servidores que a permanência deles em seus cargos dependia de demonstrações públicas de apoio ao prefeito, candidato à reeleição.
“Se você não acompanha o governo, é muito fácil ele (prefeito) chegar com juiz, com o promotor, com o vereador ou quem quer que seja, e falar assim ‘não, pode botar outra pessoa (comissionada), porque essa não acompanha o nosso governo”, teria dito o chefe de gabinete aos servidores.
O MPE revelou, ainda, que ficou comprovado que servidores que expressaram críticas ao prefeito foram ameaçados de exoneração.
Milícia digital
Já no caso do ex-prefeito e candidato ao cargo no próximo domingo (6), quando serão realizadas as Eleições de 2024, Herivaneo Seixas, há acusação de montagem de uma milícia digital, organizada entre 2021 e 2024, financiada com recursos não declarados à Justiça Eleitoral.
Esse grupo, segundo o MPE, “tinha o objetivo de promover desinformação e ataques contra adversários políticos. A prática incluía a criação e distribuição de conteúdo difamatório em redes sociais, além da apresentação de notícias de fato infundadas ao Ministério Público, em uma estratégia conhecida como “lawfare” (uso estratégico do sistema judicial) para desgastar a imagem de oponentes e ganhar vantagem eleitoral”.
Herivaneo também é apontado por suposto financiamento à defesa legal de membros de sua equipe envolvidos nas ações da milícia, oferecendo proteção jurídica e custeando advogados.
O núcleo da milícia digital era formado por Geandre Soares da Conceição e Samuel Costa da Silva, responsáveis pela formulação de denúncias ao Ministério Público, e Luiz Dávila da Silva Barroso e Claudionor Gonçalves de Oliveira, encarregados da criação e divulgação dos conteúdos difamatórios.
As postagens eram distribuídas em massa por grupos de WhatsApp, como “Língua de Fogo”, “A Bronca do Povo”, “A voz do povo” e “Tá na boca do povo”, alcançando grande parte da população de Humaitá.
Diante da gravidade dos fatos, o MPE pede a cassação dos registros ou diplomas dos candidatos e a realização de novas eleições, caso os réus sejam condenados.
Procurados pelo Portal AM1 para esclarecimentos sobre o assunto, nenhum dos políticos respondeu aos questionamentos até à publicação da matéria. O espaço continua aberto para posicionamentos.
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