Manaus, 28 de março de 2024
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Cidades

Mulheres jovens e com baixa escolaridade estão mais suscetíveis ao HPV no Amazonas

O HPV é o vírus mais comum de infecção sexualmente transmissível no mundo e atua no desenvolvimento do câncer de colo de útero

Mulheres jovens e com baixa escolaridade estão mais suscetíveis ao HPV no Amazonas

Foto: reprodução

MANAUS, AM – Um estudo analisou 268 mulheres em idades entre 18 e 64 anos ingressas no sistema prisional do Amazonas demonstrou, entre outros fatores, que mulheres jovens e com baixa escolaridade estão mais suscetíveis à infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV). O vírus é responsável pelo desenvolvimento de mais de 99%, dos casos de câncer de colo de útero.

A pesquisa fomentada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) sugere ainda que mulheres expostas a outras condições como, maior número de filhos, menor idade e início de atividade sexual em idade precoce, estejam mais vulneráveis ao risco de contrair o HPV que mulheres com outras variáveis.

Leia mais: Problemas com vacina contra HPV são descartados pelo governo

Mulheres que iniciam a vida sexual precocemente têm a possibilidade de entrar em contato mais cedo com o vírus, dando ao HPV mais tempo para a transmissão infecciosa, que anos mais tarde, pode levar ao desenvolvimento do câncer de colo uterino.

A falta de conhecimento dessas mulheres sobre o HPV associado à desinformação sobre medidas preventivas é outra condição que as tornam mais vulneráveis à infecção pelo vírus.

O projeto “Correlação de escolaridade e idade de paciente com diagnóstico de HPV no Sistema Prisional do Amazonas” foi desenvolvido no Sistema Prisional do Amazonas, nos regimes fechado, semi-aberto e aberto, pela Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon) e, amparado pelo Programa de Programa de Apoio à Iniciação Científica do Amazonas (Paic/AM), edição 2019/2020 da Fapeam.

HPV

O HPV é o vírus mais comum de infecção sexualmente transmissível no mundo e desempenha um papel importante no desenvolvimento do câncer de colo de útero. Possui diversos subtipos oncogênicos, ou seja, que têm associação comprovada entre a infecção e o desenvolvimento de alguns tipos de cânceres.

De acordo com o estudante do curso de medicina da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e bolsista do Paic, Henrique Pereira, o câncer de colo de útero tem incidência maior no Amazonas em comparação ao resto do Brasil, por isso a importância de desenvolver um estudo especificamente sobre o tema.

“Há diversos fatores envolvidos na etiologia do câncer do colo do útero, mas as infecções persistentes pelo HPV são o principal deles”, disse Henrique Pereira.

Metodologia

Para as análises, as participantes do estudo autocoletaram amostras cérvico-vaginais. A autocoleta consiste no uso de um dispositivo estéril com o qual a própria mulher coleta células do canal vaginal e do colo do útero para avaliar a presença do HPV.

O método alternativo de rastreamento obteve ótima aceitabilidade entre as mulheres estudadas e, deve auxiliar no diagnóstico precoce das lesões precursoras do câncer de colo uterino.

O material biológico colhido foi enviado para investigação em um laboratório na cidade São Paulo. As mulheres que tiveram resultado positivo para HPV foram submetidas à avaliação colposcópica, exame complementar que visa rastrear lesões que antecedem o câncer de colo do útero.

Nas amostras analisadas foram constatadas a prevalência de infecção por HPV em 66 mulheres (26%) e observada positividade para os genótipos do vírus 16 e18. Em conclusão, eles são considerados altamente oncogênicos e, possivelmente responsáveis pelo início e a manutenção do processo que culmina no câncer cervical.

Vacina

Desde 2014, está disponível, na rede pública, a vacina tetravalente contra os subtipos 6, 11, 16 e 18 do HPV para meninas de 9 a 13 anos; e, a partir de 2017, também para meninos de 11 a 13 anos. Apesar da sua importância epidemiológica, o câncer do colo uterino possui alto potencial de cura quando diagnosticado em estágios iniciais.

Premiação

O projeto desenvolvido por Henrique Pereira e orientado pela professora Hilka Espírito Santo está entre os três trabalhos científicos melhor colocados entre os apresentados na IX Jornada Científica do Programa de Apoio à Iniciação Científica (Paic/FCecon – 2019/2020).

Ao todo, 44 alunos de Instituições de Ensino Superior (IES) públicas e privadas participaram da IX Jornada Científica, com defesas orais de conclusão dos projetos, que trataram sobre áreas estratégicas para a unidade hospitalar, como prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer.

Estimativa

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca) o número de casos novos de câncer do colo do útero esperados para o Brasil, para cada ano do triênio 2020-2022, será de 16.590, com um risco estimado de 15,43 casos a cada 100 mil mulheres.

Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer do colo do útero é o segundo mais incidente nas Regiões Norte (21,20/100 mil), Nordeste (17,62/100 mil) e Centro-Oeste (15,92/100 mil). Já 00a Região Sul (17,48/100 mil) ocupa a quarta posição e, na Região Sudeste (12,01/100 mil), consequentemente, a quinta posição.

A estimativa mundial aponta que o câncer do colo do útero foi o quarto mais frequente em todo o mundo, com uma estimativa de 570 mil casos novos. Isso representando 3,2% de todos os cânceres. Em termos de mortalidade, no Brasil, em 2017, ocorreram 6.385 óbitos, e a taxa de mortalidade bruta por câncer do colo do útero foi de 6,17/100 mil.

Paic

O Paic é um Programa da Fapeam que apoia, com recursos financeiros e bolsas institucionais, estudantes de graduação interessados no desenvolvimento de pesquisa em instituições públicas e privadas do Amazonas.

*Com informações da assessoria Fapeam