Ao menos 26 membros das milícias pró-governo do Afeganistão morreram neste sábado (29) em um ataque do grupo extremista Taleban na região norte do país, informou o Ministério da Defesa. Outros nove ficaram feridos no atentado, que aconteceu no distrito de Nahrin, na província de Baghlan.
O episódio coincide com a abertura da sétima rodada de negociações de paz, em Doha, no Catar, entre negociadores talibãs e americanos.
As conversas serão conduzidas por Zalmay Khalilzad, o enviado da paz dos EUA para o Afeganistão, que já realizou seis rodadas de negociações com o Taleban em Doha desde outubro.
Os esforços para se chegar a um acordo de paz até agora não diminuíram a luta entre as forças dos talibãs e do governo.
Um alto funcionário do Ministério da Defesa em Cabul disse que o ataque indicava que o Taleban queria negociar a partir de uma posição de força. O porta-voz do grupo, Zabihullah Mujahid, disse que não há conexão entre a ação militar e as negociações de paz: “Continuaremos a lutar contra as forças estrangeiras e afegãs até que um acordo de paz seja assinado.”
Cerca de 20 mil soldados estrangeiros, a maioria deles americanos, estão no Afeganistão como parte de uma missão da OTAN liderada pelos EUA para treinar e auxiliar as forças afegãs. Parte das forças americanas realizam operações de combate ao terrorismo.
O foco das negociações de paz tem sido a exigência do Taleban de que as forças estrangeiras saiam, por um lado, e a demanda americana de uma garantia de que o Afeganistão não será usado como base para ataques em outros lugares, por outro.
Duas outras questões são um cessar-fogo e diálogos entre os insurgentes e o governo apoiado pelo Ocidente, que os talibãs denunciam como “fantoche”.
Um alto funcionário dos EUA, que se recusou a ser identificado por não estar autorizado a falar com a imprensa, disse que antes da última onda de violência foi relatado que havia “um sentimento genuíno de expectativa em ambos os lados. É um momento decisivo”.
Um líder talibã no Catar, que também se recusou a ser identificado, disse que as negociações seriam cruciais.
Na terça-feira (18), o Secretário de Estado americano, Mike Pompeo, declarou que esperava chegar a um acordo de paz com os talibãs até 1º de setembro.
O Taleban controla metade do Afeganistão, mais do que em qualquer momento desde que foram expulsos pelas forças lideradas pelos EUA no final de 2001.
O Afeganistão deve realizar uma eleição presidencial neste ano, mas os militantes descartam o processo e querem formar um governo interino –algo que o presidente Ashraf Ghani e os partidos políticos da oposição rejeitam.
Horas antes do início das negociações, Ghani decretou a formação de um ministério pela paz para pressionar por negociações diretas com o Talibã, a ser chefiado por seu principal assessor, Abdul Salam Rahimi, disse o porta-voz de Ghani.
Algumas autoridades afegãs temem que os Estados Unidos e o Taleban façam um acordo que permita a Washington acabar com seu envolvimento no país, deixando as forças do governo local lutarem sozinhas.
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Os membros da milícia mortos neste sábado estavam entre os milhares de homens recrutados localmente que são trazidos para ocupar áreas recapturadas dos militantes, liberando o exército para novas operações.
Na sexta-feira (28), o Ministério da Defesa informou que um importante líder do Taleban foi morto em um ataque aéreo na província de Logar, no leste do país, e que um comandante militante foi morto em confrontos com forças de segurança afegãs na província de Balkh, no norte. O grupo extremista rejeitou os relatórios como propaganda.
(*) Com informações da Folhapress
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