Manaus, 30 de junho de 2024
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Cidades

No AM, crimes contra população LGBTQIA+ crescem 61,1% de 2021 a 2022

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Amazonas ocupa a 8ª colocação entre os estados que mais registraram mortes à comunidade.

No AM, crimes contra população LGBTQIA+ crescem 61,1% de 2021 a 2022

No Brasil, a cada 38 horas uma pessoa LGBTQIA+ foi assassinada, aponta Dossiê (Foto: Reprodução/Freepik)

Manaus (AM) – Em levantamento de dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, índices de crimes contra população LGBTQIA+ cresceram em 61,1% de 2021 a 2022 no Amazonas. No cenário nacional, em 2023, a cada 38 horas um LGBTQIA+ foi assassinado no país, aponta dossiê do Observatório de Mortes e Violências LGBTQIA+ no Brasil.

O Brasil assassinou um LGBT a cada 38 horas em 2023 (Foto: Reprodução/Observatório de Mortes e Violências LGBTI+ no Brasil)

Os 56 anos da instituição do Dia do Orgulho LGBTQIA+ são celebrados; porém, dados ainda apontam atrasos na proteção a essa população. Ao Portal AM1, a psicóloga afirmativa Thais Dias, formada na Universidade Federal do Ceará (UFC), explica as raízes históricas da data.

“O Dia do Orgulho é uma referência a um movimento que conhecemos como a Revolta de Stonewall, em 1969. Localizado em Nova York, Stonewall era um bar gay onde pessoas da comunidade frequentavam. Um fato importante é que as pessoas que frequentavam esses espaços eram pessoas de cor, latinos e outros grupos marginalizados pela sociedade. Essa revolta foi uma resposta dessas pessoas às constantes invasões de policiais nesses bares gays e à violência policial que acontecia”, explica psicóloga.

Vulnerabilidade

Conforme Dias, a vulnerabilidade às situações de violência, não-aceitação e preconceito causam prejuízos futuros à vivência de pessoas LGBTQIA+.

“Todos os fatores citados trazem prejuízos para a saúde desses indivíduos: é comum que eles cresçam acreditando que não são dignos de amor e afeição. Estar diante de ambientes que violentam e excluem os faz estar distantes de suas próprias identidades, tentando disfarçá-las e de alguma forma compensar o fato de serem LGBT+. Isso restringe o acesso dessas pessoas a experiências e locais importantes para a vida em geral”, escalare Dias.

Apesar da existência de cenários negativos relacionados à população LGBTQIA+, a psicóloga acredita que existe uma abertura maior para discutir a temática e, atualmente, a comunidade possui mais oportunidades para ocupar espaços políticos.

“Possuímos, hoje, maior abertura para falar sobre a temática e para essas pessoas se expressarem. Por exemplo, em escolas públicas que possuem disciplinas eletivas, é possível ver disciplinas voltadas a gênero e sexualidade, algo que, poucos anos atrás, não existia. Além disso, olhamos para pessoas da comunidade em cargos importantes, como a deputada Erika Hilton, que dá tanta visibilidade à causa. Ainda assim, temos um longo percurso a percorrer em termos de aceitação. A educação, especialmente, e as representações em termos de governo precisam estar mais alinhadas. Vemos ainda muita violência e repressão voltadas a essas pessoas”, completa.

Isolamento social

A pandemia acentuou os desafios enfrentados pela comunidade LGBTQIA+. Dados levantados pela Fiocruz apontam que 55% da população LGBTQIA+ teve piora em quadro de saúde mental durante período da pandemia da Covid-19, em 2020. A psicóloga Bárbara Couto, especialista em relacionamentos, explica a obrigação de sobreviver em ambientes familiares hostis.

“A pandemia aumentou a dificuldade e os desafios que essa comunidade já enfrenta. Piorou a sensação de isolamento social, o aumento da vulnerabilidade econômica e, muitas vezes, a obrigação de ter que estar em ambientes familiares hostis, aumentando o estresse e a ansiedade”, explica especialista ao Portal AM1.

Dados do Dossiê do Observatório LGBTQIA+, divulgados pela colaboração entre a Acontece Arte e Política LGBTI+, Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra) e Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), indicam que, em 2023, registraram-se 230 mortes de pessoas LGBTQIA+ de forma violenta no Brasil, sendo 184 assassinatos, 18 suicídios e 28 mortes por outras causas. O Amazonas ocupa a 8ª colocação entre os estados do país que mais registraram mortes da comunidade, aponta o documento.

 

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