Manaus, 27 de abril de 2024
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Opinião

Helder Mourão

O Brasil é líder novamente

Há uma nova ordem mundial se formando, com duas frentes, uma das quais o Brasil faz parte e outra na qual ele está investindo.

O Brasil é líder novamente

(Foto: Reprodução/Freepik)

Por Helder Mourão*

Com a mudança radical de governo que o Brasil passou na transição de 2022 para 2023, passamos a ter um novo projeto de nação. Isso significa ter nova abordagem sobre diversos temas da gestão pública. Por isso, toda semana essa coluna discutirá uma das esferas mais afetadas pela mudança e que também se tornou protagonista do mundo moderno da emergência climática global e pós-pandemia: as relações internacionais.

Não temos tempo e nem espaço para apresentar de forma profunda o que são as relações internacionais, mas podemos apresentar alguns pilares fundamentais que serão foco de nosso debate daqui em diante.

Stoessinger, teórico dos Estados Unidos, apresenta três grandes princípios da área: a) a análise sistemática sobre a tensão entre a luta pelo poder e luta pela ordem; b) a divergência entre as imagens que as nações fazem dos assuntos internacionais, e uma das outras entre si e a realidade internacional tal qual realmente é; c) a luta do oriente contra o ocidente.

Antes de debater esses pontos, que são fundamentais para o Brasil e o mundo de hoje, precisamos aproveitar o conceito de John Rourke, para o qual é fundamental um paralelo entre a esfera internacional e o drama humano, ou seja, a dinâmica da luta pelo poder e manutenção da soberania nacional, mas com atenção especial às necessidades dos povos e das comunidades, ou seja, o bem-estar.

Para muitas correntes, a política e mesmo a economia, parecem agentes ou entes abstratos, que voam em um plano tão alto, que a população não visa alcançar ou mesmo não os vê fazendo parte de seu mundo. Para essa coluna, a economia-política e as relações internacionais tem como foco o drama humano e qualidade de vida nacional e internacional.

Voltemos às esferas de Stoessinger: a) a análise sistemática sobre a tensão entre a luta pelo poder e luta pela ordem.

Há uma nova ordem mundial se formando, com duas frentes, uma das quais o Brasil faz parte e outra na qual ele está investindo. A primeira é o bloco dos BRICS, sigla que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Há um entendimento de que são os países emergentes que têm movimentado o cenário mundial. São eles que tocam as principais pautas do mundo moderno, como a emergência climática global e o desenvolvimento sustentável. O Brasil é líder do debate sobre a ampliação dos BRICS, aumentando o impacto geopolítico.

A outra frente é a da economia e da política mundial. O crescimento China como potência econômica e a crise decorrente da guerra entre Rússia e Ucrânia acarretou na quebra do monopólio do dólar como moeda da economia mundial. Assim, a China e a Rússia aproveitaram para ampliar sua influência no mundo e dar mais poder a moeda chinesa. O Brasil está com Rússia e China nos BRICS, mas também sempre foi parceiro comercial e político dos Estados Unidos.

É opinião minha que a nova ordem mundial pende cada vez mais pela influência chinesa. Essa é opinião de muitos jornalistas e especialistas e parece também a opinião do governo brasileiro no momento. A China é um dos maiores parceiros comerciais do Brasil, compramos e vendemos muitos produtos para eles.

Ou seja, é uma aposta importante e acredito que certeira. Que sejamos enquanto nação soberana, protagonistas da solidificação da nova ordem mundial capitaneada pela China. As mudanças de poder que vêm ocorrendo no mundo nascem de tensões para depois penderem à ordem. O Brasil tem tradição histórica de país pacífico e promotor da ordem.

Com a errônea exceção dos governos de Bolsonaro e Temer, o Brasil foi e é uma nação de valor internacional, cujo apoio é pleiteado e a presença é respeitada. A nova ordem mundial e as relações internacionais precisam do Brasil e é importante para nossos interesses que possamos ter voz ativa na reorganização do mundo.

Entre outros temas, preciso destacar a necessidade de falar nas semanas seguintes dos impactos e da presença brasileira na guerra entre Rússia e Ucrânia, da governança mundial em temas internacionais urgentes, dos acordos internacionais e a relação MERCOSUL/União Europeia, bem como da Amazônia enquanto menina dos olhos do mundo, parafraseando o livro de Thiago de Mello e a toada de Demétrios Haidos.

Longe de esgotar esse debate que só se inicia no mundo e também aqui no Amazonas1, nas próximas semanas vamos falar sobre as demais esferas das relações internacionais propostas por Stoessinger: b) a divergência entre as imagens que as nações fazem dos assuntos internacionais, e uma das outras entre si e a realidade internacional tal qual realmente é; c) a luta do oriente contra o ocidente.

(*) Jornalista e professor

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