Manaus, 27 de junho de 2024
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Manaus, 27 de junho de 2024

Opinião

Carlos Santiago

O discurso contrário ao caciquismo político vai continuar na eleição?

A onda eleitoral de negação dos políticos tradicionais ganhou força no Brasil a partir das manifestações populares de 2013 e do impeachment presidencial de 2016.

O discurso contrário ao caciquismo político vai continuar na eleição?

Foto: Divulgação/ montagem/ AM1

Por Carlos Santiago*

O governador do Amazonas, o prefeito de Manaus e os presidentes das Casas Legislativas de Manaus e Estado foram eleitos com narrativas contra os caciques da política do Amazonas. Porém, será que no pleito de 2024 o discurso do anticaciquismo vai continuar funcionando? A onda eleitoral de negação dos políticos tradicionais ganhou força no Brasil a partir das manifestações populares de 2013 e do impeachment presidencial de 2016, elegendo vários prefeitos, governadores, senadores, deputados e vereadores sem tradição caciquista na política partidária, chegando, em 2018, a eleger o presidente da República, como o representante também do movimento antissistema.

No Amazonas, a narrativa contra o caciquismo foi a proposta de Wilson Lima contra Amazonino Mendes, em 2018. O mesmo discurso foi protagonista na eleição municipal de 2020, na cidade de Manaus, por meio de David Almeida, para atingir Amazonino Mendes. E, em 2022, novamente, Wilson Lima usou o mesmo discurso para vencer a eleição de Amazonino e de Eduardo Braga. Assim, conquistou um novo mandato de governador. No contexto político atual, o Amazonas é governado por políticos do discurso anticaciquismo e outras narrativas similares, como o antissistema e a necessidade do novo na política e na gestão pública.

Na eleição municipal, os carimbados caciques políticos do Estado não estarão nas urnas. Eduardo Braga, Omar Aziz e Arthur Neto não são pré-candidatos. E todas as pré-candidaturas lançadas são da nova safra de políticos e sem o carimbo da velha política, indicando mudança de discurso eleitoral. O prefeito de Manaus David Almeida, pré-candidato à reeleição, pode até ser cobrado pelos adversários (se confirmados os apoios de Braga e de Aziz à sua reeleição), pois ele usava palanques e eventos públicos para combater os caciques que hoje estão juntos dele. Porém, parece que o discurso anticaciquismo vai perder força em 2024.

Então, qual o discurso ou a narrativa convincente para o próximo pleito de outubro? Não faço uma conclusão. Mas, por enquanto, os temas locais e os problemas concretos da cidade estão pautando os pré-candidatos David Almeida e Amom Mandel que estão liderando as pesquisas de opinião já publicadas, deixando em segundo plano a polarização ideológica nacional e a estratégia de colar o nome do pré-candidato na figura do governador Wilson Lima.

Portanto, a possível diminuição da força do discurso anticaciquismo e o desempenho muito aquém dos pré-candidatos da polarização entre esquerda x direita, pode trazer para o centro dos embates eleitorais os temas locais, problemas e soluções, porque o município de Manaus precisa.

(*) Sociólogo, Advogado e pós-graduado em Ciência Política.

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