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A crise provocada pela pandemia do coronavírus, que vem afetando o mundo há mais de um ano, elevou o número de golpes praticados por pessoas que não mostram empatia com o próximo. Muitos foram os mecanismos para usurpar o pouco dinheiro que as pessoas guardavam, principalmente, para enfrentar o pico da 2ª onda da covid-19.
Falso cilindro
Entre os golpes, no mês de janeiro, um chamou bastante atenção. Durante a crise do oxigênio na capital amazonense, criminosos usaram da dor de famílias, que viam seus entes queridos morrendo sem o gás nos hospitais, e vendiam extintores como falsos cilindros para reposição do oxigênio medicinal. Na ocasião, um trio foi preso quando tentava fazer mais uma vítima na zona Leste de Manaus.
Eles pintavam os extintores de incêndio e anunciaram em um site de compra com o valor de R$ 1.2 mil. Nesse caso, o comprador se atentou que poderia ser um golpe e acionou a polícia.
Teste de Covid-19 falso
Como se o golpe dos extintores não fosse suficiente, os bandidos resolveram vender testes falsos de covid-19. Na última terça-feira (9), um falso laboratório foi descoberto realizando os testes, no bairro Adrianópolis, zona Sul de Manaus.
Para o delegado titular da Delegacia Especializada em Crimes Contra o Consumidor (Decon), Eduardo Paixão, a busca por testes mais baratos leva as pessoas a essas clínicas.
“As pessoas vão pelo mais barato, pela oferta completamente diferente do mercado e é nesse momento que elas caem no golpe. A pessoa faz um teste que não é válido, que não é oficial, e possui outras irregularidades. Ela está correndo o risco de ser contaminado lá dentro e até mesmo risco de vida”, alertou Paixão.
Além destes, há outras modalidades de golpes que você deve ficar atento, como o de pessoas se passando por funcionários do Ministério da Saúde para pegar dados pessoais. Nessa lista também pode aparecer funcionário de banco, que tenta pegar os dados para realizar transações financeiras ilegais. Outro golpe comum é o falso agendamento da vacina que solicita que a vítima envie para eles um código recebido através de mensagem de texto (SMS).
Leia mais: População deve ficar atenta a golpes em plataformas de venda on-line
Golpe da cura milagrosa
Toda doença desconhecida faz com que as pessoas busquem por respostas e até por remédios que supostamente trazem a “cura milagrosa”. Este é um dos crimes mais aplicados na internet. O delegado Eduardo Paixão disse que a pandemia abriu um leque para golpistas e estelionatários executarem os crimes, devido ao aumento do consumo por meios eletrônicos. Esse tipo de consumo, segundo ele, necessita de muita atenção por parte do consumidor ao que pode se tornar um possível golpe.
“Hoje a lição que fica sobre essas vendas mirabolantes e miraculosas na internet é de que o consumidor tem que ter aquela ‘malícia’ de ver o que pode ser um golpe e o que não é, prestando atenção para alguns indícios e seguindo algumas regras padrões de consumo”, destaca o delegado.
Precauções
Entre as perguntas padrões que o consumidor deve fazer para evitar cair “nas mãos” dos golpistas estão:
- O valor é a média de mercado?
- Existe CNPJ de quem vende?
- Está pedindo para fazer depósito em conta de empresa ou pessoa física?
- Existe um endereço físico para consultar ou recorrer?
- Existe um SAC ou Call Center para entrar em contato?
- Eu consultei em fonte confiável?
O delegado também deixou claro que não é fácil reaver um valor pago aos golpistas, pois eles estão nos mais diversos locais. Segundo ele, a cautela ainda é a melhor prática na hora de adquirir um produto ou serviço por meio eletrônico.
“Estes golpistas estão em qualquer parte do Brasil e do planeta. Depois que você perde o dinheiro, dificilmente você vai ter recuperação porque o bandido não vai ficar aqui em Manaus na porta da casa dele esperando a polícia chegar. É mais fácil prender o bandido, do que recuperar o valor”, alerta Eduardo Paixão.
O delegado alerta ainda que é preciso formalizar as denúncias para que haja a investigação sobre os casos.
“Os golpes são muito simples. Se você respirar fundo, contar até três, não agir pela emoção e conversar com um familiar, você pode evitar cair em um golpe”, enfatiza o delegado.
Criminalização
O deputado federal Marcelo Ramos (PL) apresentou um projeto no ano passado que pode tornar o furto mediante fraude eletrônica em tipificação criminal.
Confira alguns dos golpes que apareceram ou cresceram na pandemia:
- Golpe do pedido de doação para a “fabricação de vacina covid-19” – Este golpe consiste em uma campanha falsa para financiamento de uma suposta vacina contra o coronavírus.
- Golpe do cartão de crédito clonado – O consumidor clica em um link de oferta e ao entrar na página da loja, digita seus dados pessoais e do cartão de crédito que é clonado.
- Aplicativos que rastreiam a covid-19 pelo mundo – os falsos aplicativos realizam uma espécie de “sequestro” de seu smartphone. Se você utilizá-los, os criminosos mudam a senha e pedem um resgate em bitcoins para liberá-lo.
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