Manaus, 18 de maio de 2024
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Manaus, 18 de maio de 2024

Política

Oposição chilena decide boicotar almoço de Bolsonaro com Piñera

Outro tema que vem causando polêmica é que o convite para o almoço com Bolsonaro estabelece um "dress code" de ternos para homens e vestidos para mulheres.

Oposição chilena decide boicotar almoço de Bolsonaro com Piñera

Foto: Reprodução

As principais lideranças do centro e da esquerda chilena, apesar de convidadas, decidiram não ir ao almoço que será oferecido pelo presidente Sebastián Piñera ao brasileiro Jair Bolsonaro em Santiago, no próximo sábado (23).

Foto: Reprodução

Quem se pronunciou primeiro foi o líder do Senado, Jaime Quintana, do Partido pela Democracia, que disse que não iria ao palácio de La Moneda (sede do governo chileno, onde ocorrerá o evento) por “convicção política”. E acrescentou: “Nem no almoço nem em nenhum evento da programação enquanto Bolsonaro estiver em solo chileno”.

Quintana foi apoiado pela bancada de seu partido e causou debate nas redes sociais.

Piñera respondeu que a atitude era antirrepublicana, e que o convite para o almoço foi feito a mais de 90 pessoas de diferentes partidos.

Quintana então postou: “Em uma visita oficial (não sendo de Estado), o Senado não tem obrigação de participar. O presidente Piñera nos convidou para almoçar para fazer uma homenagem a Bolsonaro, e decidimos não ir. Minha convicção não me permite homenagear aqueles que se manifestam contra minorias sexuais, mulheres e indígenas”.

Políticos ligados à Nova Maioria, coalizão de centro-esquerda que substituiu a antiga Concertação, também afirmaram que não irão, principalmente pelo fato de o convite mencionar a palavra “homenagem”, segundo a deputada Maite Orsini, da Revolução Democrática.

O vice-presidente do Senado, Alfonso de Urresti, do Partido Socialista, afirmou que não comparecerá porque Bolsonaro “é um perigo para a democracia do Brasil e da região”. “É um ultradiretista que pode provocar muito dano para a América Latina.”

Em entrevista à imprensa local, porém, fez a ressalva: “Esse é um gesto de protesto contra Bolsonaro, não contra o povo brasileiro”.

Do Partido Liberal, o deputado Vlado Mirosevic, que integra a comissão de Relações Exteriores da Câmara, disse que “o presidente não deve dizer que estamos sendo antirepublicanos quando Bolsonaro é que consiste numa ameaça ao republicanismo”.

Outro tema que vem causando polêmica é que o convite para o almoço com Bolsonaro estabelece um “dress code” de ternos para homens e vestidos para mulheres.

Orsini foi uma das deputadas que criticaram a medida. “Evidentemente é uma celebração do machismo e da xenofobia do convidado do presidente Piñera. O governo tem de entender que estamos em 2019, e um convite assim não é aceitável.”

Nas ruas de Santiago também é possível perceber a expectativa com relação à chegada de Bolsonaro. Na manhã desta quarta-feira (20), numa livraria do centro de Santiago, duas pessoas conversaram sobre um vídeo em que Bolsonaro, segundo eles, um fascista, ensina uma criança a fazer o gesto de uma arma com as mãos. Para eles, o presidente brasileiro está liberando Piñera a ir mais para a direita.

Outras pessoas, porém, opinaram que o encontro pode ser bom para o Chile. “Piñera tem medo de ser muito duro na área de segurança porque perderia apoio na esquerda, mas as propostas de Bolsonaro poderiam ser boas para o Chile também”, disse o comerciante José Ojeda, 63.

O mandatário chileno tem tomado medidas mais duras na área de segurança, um tema muito discutido na imprensa local. Na última segunda-feira (18), por exemplo, Piñera mandou ao Congresso um projeto de lei para que pessoas que tenham entre 14 e 18 anos possam ser revistados pela polícia sem o consentimento dos pais.

 

 

*Informações retiradas da Folhapress