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Pagamento ilícito no Amazonas continuou de Braga para Omar, diz delator

Pagamento ilícito no Amazonas continuou de Braga para Omar, diz delator

Braga Omar:Divulga;áo

Além de realizar pagamentos ao governador Eduardo Braga (PMDB), do Amazonas, a Camargo Corrêa seguiu repassando verbas a seu sucessor, Omar Aziz (PSD, na época PMN), diz Arnaldo Cumplido, ex-diretor da construtora, em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF). Mais uma vez, o ex-executivo não soube informar sobre valores ou parcelas de pagamento, mas disse, em vídeos de delação premiada divulgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que a construtora local Etam, de Manaus, pagava ao novo governador. As informações são do jornal Valor Econômico. 

Veja a matéria aqui: http://www.valor.com.br/politica/4938022/pagamento-ilicito-no-amazonas-continuou-para-aziz-psd-diz-cumplido

Assim que Braga deixou o governo para disputar o Senado, Aziz assumiu. Cumplido, então, se encontrou com José Lopes, um pecuarista local — considerado grande lobista da região —, e um empresário pediu que os pagamentos que eram destinados a Braga continuassem para Aziz. Na época, a Camargo buscava um adititvo ao contrato da Ponte Rio Negro, de mais de 50% do valor original, projeto que gerou o dinheiro transferido ao governador. O chamado “ajuste”, que era o repasse ao governador, foi estendido com base no novo valor. O encontro e toda a operacionalização da propina foram costurados por Henrique Domingos Barroso, antes chefe de obras da ponte, que se tornou superintendente do projeto da ponte pouco depois de Cumplido assumir sua nova função na construtora, diz o delator. Ele também teria arranjado contratos fictícios com uma fornecedora de combustíveis, em cerca de R$ 1 milhão, para contornar um impedimento de transferência de valores da Etam para o governador do Amazonas. Além disso, Cumplido conta que se encontrou por algumas vezes com Aziz para acertar pontos da obra e do aditivo necessário — assinado por volta de junho de 2010 —, mas em duas oportunidades, em São Paulo, o encontro foi ainda acompanhado por José Lopes. Aziz, contudo, nunca tratou de pagamentos ilícitos, completa o delator, nem mesmo nesses encontros. Lopes seria o intermediário desses repasses. No último dos encontros em São Paulo, Aziz quis tratar de um potencial financiamento para sua campanha ao governo do Amazonas também em 2010. Segundo Cumplido, ele diria que “pelo porte da obra” que era a Ponte Rio Negro, os valores deveriam girar em torno de R$ 10 milhões. Com a negativa categórica do então diretor da Camargo Corrêa, as relações com o governo do Amazonas “azedaram”, diz Cumplido. Ainda segundo a delação premiada do ex-executivo, Antonio Miguel Marques, na época presidente da construtora, sempre soube desses pagamentos e nunca os impediu de serem realizados.