Manaus, 7 de maio de 2024
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Manaus, 7 de maio de 2024

Economia

Pandemia: 51% dos amazonenses estão com o nome sujo, aponta Serasa

Dados do Serasa Experian mostram que mais da metade da população do estado está com o "nome sujo". Pandemia foi a principal justificativa para a inadimplência

Pandemia: 51% dos amazonenses estão com o nome sujo, aponta Serasa

(Foto: Shutterstock)

Manaus – Até dezembro de 2020, 51,5% da população do Amazonas está em débito com as próprias contas. Os dados são do serviço de proteção ao crédito Serasa Experian, e foram divulgados no dia 9 de março pela empresa, com sede em São Paulo.

Ao todo, são 1.437.468 pessoas inadimplentes. O número, embora seja alto, é menor do que o registrado no final de 2019: 1.486.921 amazonenses endividados. Na porcentagem geral, a queda foi de 3%. O estado tem a porcentagem mais alta de todo o Brasil.

O motivo principal para a inadimplência com as contas foi a pandemia da covid-19, que gerou uma “bola de neve”. Segundo o economista Ailson Rezende, a pandemia provocou o isolamento social, gerando demissões no Polo Industrial de Manaus (PIM).

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“O PIM é um dos principais responsáveis pela geração de emprego e renda no estado. Com a redução salarial e as demissões, a população acabou ficando sem renda para pagar suas dívidas e honrar seus compromissos. Isso gerou um alto índice de inadimplência que a gente vê agora nos dados do Serasa”, afirma.

Pandemia foi a principal responsável pela inadimplência, por causa do desemprego. Foto: Jota Erre/Photo Premium/Folhapress

A comerciante Marinilza Rocha, de 52 anos, foi uma das pessoas que ficou inadimplente durante a pandemia. Ela diz que começou a fazer faculdade em 2020, mas em junho, deixou de frequentar as aulas durante a pandemia e acabou não pagando as parcelas em débito.

“A dívida ainda está rolando na faculdade, e inclusive, eu nem consegui trancar o curso por isso. Na minha casa, são seis pessoas, mas só eu, meu marido e o filho mais velho trabalham. Inclusive, essa é a primeira vez que a dívida se arrasta assim, e eu até cancelei dois cartões de crédito por causa disso”, completa.

Dicas

Ficar com o nome “sujo”, isto é, perder o crédito com os credores, é uma das principais consequências de não pagar as dívidas. Entretanto, outras consequências também surgem, e, segundo Ailson Rezende, a dívida afeta primeiro o bolso, depois a saúde.

“O devedor fica com o nome sujo. Logo em seguida, a dívida cresce, por causa dos juros e multa por atraso. Além disso, a dificuldade em pagar as dívidas acaba gerando preocupação e ansiedade, que gera danos à saúde mental. Ou seja, é uma bola de neve que só vai crescendo”, apontou.

O economista salienta que o planejamento financeiro é fundamental para evitar o acúmulo de dívidas e a inadimplência. Ele afirma que o planejamento requer disciplina e organização, e dá a receita para evitar o acúmulo de dívidas.

“A pessoa precisa fazer um levantamento de receitas e despesas. Depois disso, o ideal é cortar os supérfluos e controlar os gastos da casa, principalmente nas contas de consumo. Além disso, o cartão de crédito também deve ser deixado de lado, e os pagamentos devem ser feitos em dinheiro. Isso é importante, porque com o uso do dinheiro, pode-se ter um controle maior dos gastos”, completou.