Manaus, 4 de maio de 2024
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Manaus, 4 de maio de 2024

Economia

Pandemia tira emprego de mais de 21 mil profissionais com deficiência

Segundo o Dieese, trabalhadores PCDs foram responsáveis por mais de 4% do fechamento do total de vínculos formais do País

Pandemia tira emprego de mais de 21 mil profissionais com deficiência

Um retrato que há anos faz parte da economia brasileira ganhou ainda mais relevância com a crise decorrente da covid-19: a baixa participação de profissionais com deficiência no mercado de trabalho formal.

Levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), obtido pelo G1, aponta que 73,5 mil pessoas com deficiência (PCDs) foram desligadas de um trabalho formal de janeiro a setembro — 0,6% do total de desligamentos. No mesmo período, as contratações somaram 51,9 mil.

Com isso, o saldo das contratações menos demissões de PCDs de janeiro a setembro ficou negativo em 21,7 mil.

Esses dados desconsideram o item “não informado” na seção “tipo de deficiência”, que representam 0,3% da respostas. Segundo a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, o elemento representa uma “informação inválida, não informada de forma correta pelo empregador.”

Segundo o Dieese, o número de vínculos formais para pessoas com deficiência passou de 486,8 mil para 523,4 mil de 2018 a 2019. “Apesar do aumento, aproximadamente 50% dos postos de trabalho deixaram de ser preenchidos dentro da lei de cotas”, afirmou o economista da entidade, Leandro Horie.

O relatório “Inclusão no mercado de trabalho e a pessoa com deficiência”, realizado pela entidade, aponta também que, enquanto o mercado de trabalho registrou uma deterioração mais acentuada a partir de março, para as pessoas com deficiência essa piora já ocorria desde janeiro.

Além disso, a recuperação de vagas para PCDs é tardia (a partir de agosto) e menos intensa.

Na avaliação de Fabio Bentes, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), o grande problema do mercado de trabalho para pessoas com deficiência é que não há mudança de padrão de acordo com o setor e, tampouco, avanços representativos.

“O ponto principal de todos os números [do Caged] é que o mercado de trabalho melhora para quem não tem deficiência; e para quem tem, a situação tem piorado”, explicou ele.

Ativista da causa por conta de um amigo, Bentes avalia que seria necessário um crescimento econômico vrituoso para aumentar a demanda por emprego para PCDs — o que não tem previsão de acontecer por enquanto.

“Temos um elevadíssimo estoque de desempregados e uma capacidade ociosa elevada. Isso pode jogar contra as pessoas com deficiência. Não descarto uma regressão desse quadro, mas o máximo que podemos esperar é que ele se torne menos negativo”, prevê o economista.

(*) Com informações da G1