Manaus, 25 de abril de 2024
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Manaus, 25 de abril de 2024

Economia

Para sobreviver à pandemia, Sebos de Manaus focam no comércio on-line

Eles também foram impactados pela pandemia e precisaram romper com o tradicionalismo para investir ainda mais nas redes sociais

Para sobreviver à pandemia, Sebos de Manaus focam no comércio on-line

(Foto: Reprodução/ Instagram)

Manaus – Os sebos sempre foram uma boa opção para os amantes da literatura e da arte que buscam verdadeiras relíquias ou apenas produtos mais baratos. Mas, assim como diversos setores da economia, eles também foram impactados pela pandemia da covid-19 e precisaram romper com o tradicionalismo para investir ainda mais no comércio on-line.

“Precisamos nos reinventar enquanto espaço analógico, para sobreviver nesta ‘selva hitech’ que é a internet”, afirmou Antônio Rodrigues Jr., que junto de Jorge Bandeira, é sócio-proprietário de ‘O Alienígena Espaço Cultural‘, sebo localizado no Centro da capital amazonense.

A estratégia veio como uma saída para superar um dos piores momentos da crise. “As vendas caíram vertiginosamente e as contas continuaram chegando normalmente, o que nos gerou um prejuízo substancial (dentro da nossa realidade) ao ponto de, pela primeira vez, sentarmos, Jorge e eu, para conversarmos sobre um possível encerramento das atividades”, contou Antônio.

Só neste ano, o sebo fechou as portas por 56 dias (Foto: Arquivo pessoal)

No Instagram, o Alienígena possui duas contas que juntas somam mais de 5 mil seguidores. Uma delas foi criada durante a pandemia e é específica para a venda de discos de vinil para fora da cidade. Além disso, também foi criado um serviço de entrega, o “DeliverAlien”, que contempla toda a cidade por uma taxa fixa de R$ 10,00, além da opção do drive-thru “Alien Thru”.

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A mesma estratégia de investir nas redes sociais foi seguida por Fernando Coelho, proprietário do Sebo Art Vinil, localizado na Praça do Congresso, também no Centro da capital. Coelho afirma que nos últimos meses o negócio funcionou com muitas dificuldades e foi preciso se adequar a nova realidade.  “As estratégias foram bastante divulgação nas redes sociais. Trabalhamos drive-trhu, delivery e com reservar de material (livros, discos de vinil e outros)”, disse.

(Foto: Divulgação/ Sebo Amazônia)

Joaby Carvalho, do Sebo Amazônia, localizado no bairro Betânia, zona Sul de Manaus, também facilitou a entrega dos produtos e aumentou a interação nas redes socias. “Passamos a funcionar 85% online e 15% para visitas físicas sempre com as devidas precauções (álcool em gel, máscara e luvas) com entregas nos supermercados, logo que os mesmos sempre estavam funcionando e nós continuamos a entregar e intensificamos as entregas em domicílio”, explicou Joaby.

Para Einar D’ambarr e Wirginia Goiabeira, do Sebo Edipoeira, apesar das vendas terem oscilado, foi possível perceber uma procura maior pelo livros e discos de vinil, mudança que eles atribuem ao tempo livre na quarentena. Seguindo a estratégia dos demais, o trabalho foi realizado em home office, com o auxílio das redes sociais.

“Nós focamos ainda mais nas postagens diárias utilizando o acervo que está em nossa casa, oferecendo também outras formas de pagamento sem contato, assim, como as entregas e ou retiradas por meio do drive-thru, correio, barco, ônibus e o nosso delivery cultural, onde contamos com a parceria do nosso amigo Daniel Alves, que trabalha como motorista de aplicativo da Uber”, contou D’ambarr.

Mudança no público

Segundo Coelho, do Sebo Art Vinil, também houve uma mudança no comportamento dos leitores e colecionadores. “Teve uma procura melhor de livros de Literatura estrangeira e Amazonense. A mudança maior foi a procura por discos de Vinil (devido a vendas de vitrolas ter aumentado) no mercado”, afirmou.

Assim como ele, D’ambarr, do Sebo Edipoeira, também percebeu algumas mudanças no conteúdo procurado pelos clientes, mesmo tendo um público bem diversificado. Parece que a pandemia mexeu com o imaginário dos leitores e aumentou a curiosidade por alguns clássicos: “Houve uma procura maior sobre os livros que tratavam de assuntos diatópicos, como 1984, Admirável Mundo novo entre outros clássicos”, finalizou.