MANAUS – Sentir o cheiro de um perfume e o gosto de uma comida são alguns dos pequenos prazeres da vida. Por isso, a perda desses sentidos, para vários pacientes com covid-19, se tornou o sintoma mais incômodo da doença – podendo durar dias e até meses – e é claro, gerou várias dúvidas sobre o assunto.
Ao Portal Amazonas 1, o médico otorrinolaringologista Luiz Carlos Nadaf, formado na Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Mestre em Otorrinolaringologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), explicou a causa desses problemas e deu algumas dicas.
Segundo ele, a perda do olfato se dá quando o vírus se liga a mucosa nasal. “Pode levar a um processo inflamatório próximo ao epitélio olfatório, localizado em uma determinada área dentro das nossas fossas nasais, lesando-o parcialmente ou totalmente e, com isso, levando a alteração da sua função”, explicou.
Em relação ao paladar, ele explicou que o mecanismo seria basicamente o mesmo, ou seja, o vírus afeta as células sensoriais responsáveis pela gustação. Quanto a duração desse sintoma, Nadaf diz que não há um tempo determinado: “A duração dependerá do grau lesão sofrido e a velocidade e grau de recuperação”.
No caso da jornalista Heliany Rodrigues, 39, os sintomas persistiram por semanas, e em um dos momentos que ela estava mais vulnerável. “Fiquei sem olfato e paladar durante dois meses. Foi um dos piores períodos da minha vida. Eu ainda amamentava, fiquei isolada com a bebê e, tive que me virar para dar conta de tudo”, disse.
Heliany conta que antes dos sentidos retornarem ao normal, também sentiu uma alteração no paladar que modificava o sabor dos alimentos. Por esse motivo, é importante estar alerta a possíveis mudanças nos sentidos, como explicou o especialista.
“A covid-19 pode desencadear tipos diferentes da perda de olfato, sendo eles: a Anosmia, que é a perda total do olfato; a Parosmia, que é cheirar uma determinada coisa e sentir o cheiro de outra; a Fantosmia; que é sentir determinados cheiros que não existem no ambiente em que estamos e a Cacosmia, que nada mais é do que sentir cheiros desagradáveis sempre”, ressaltou.
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Perda de olfato persistente
Assim como no caso de Heliany, é comum que os sintomas durem por meses, é por isso que Nadaf indica que o melhor é consultar um especialista para receber uma orientação adequada. Ele afirma que existem tratamentos específicos para ajudar esses pacientes.
“Um tratamento interessante para tentar acelerar a recuperação do olfato é feito através do chamado Treinamento Olfatório, que é uma espécie de reabilitação do olfato feito através de determinadas substâncias que estimulariam áreas diferentes do nosso epitélio olfatório”, recomendou.
Além disso, o médico enfatiza que o olfato oferece muito mais que prazer, é um sentido que garante segurança, por isso ele dá algumas orientações para que os pacientes não corram nenhum risco. “Pessoas com perda de olfato deveriam ser orientadas a adquirir sensores para detecção de vazamento de gás e de fumaça para ajudar na detecção, evitando a inalação dos mesmos, podendo levar a intoxicação ou até mesmo explosões”.
Outra orientação importante aos pacientes que possuem alteração de olfato seria no sentido de prestar atenção a validade dos alimentos, haja vista, que com o comprometimento do seu olfato terão dificuldade em sentir o cheiro de alimentos potencialmente estragados”, finalizou.
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