
Edilene, esposa do ex-governador, foi conduzida nesta terça para prestar depoimento (Foto: Raimundo Valentim/TJAM)
O delegado da Polícia Federal, Alexandre Teixeira, chefe da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros, não descartou a possibilidade da ex-primeira-dama do Estado, Edilene Gonçalves Gomes de Oliveira, ser intimada novamente para prestar depoimento. Na operação desencadeada na manhã desta quinta-feira (21), Edilene foi conduzida à sede da PF e depois liberada. Duas empresas das quais ela é sócia foram alvo de busca e apreensão para colheita de provas.

Edilene, esposa do ex-governador, foi conduzida nesta terça para prestar depoimento (Foto: Raimundo Valentim/TJAM)
Nesta quinta, a PF deflagrou a Operação Estado de Emergência em conjunto com a Controladoria Geral da União (CGU) e o Ministério Público Federal (MPF). Esta é a terceira fase da Operação Maus Caminhos, deflagrada em setembro de 2016 para investigar desvios de verbas da Saúde pública do Estado.
De acordo com o delegado Alexandre Teixeira, o alvo dessa fase da investigação era o ex-governador “e um pequeno núcleo relacionado a algumas empresas administradas por sua esposa, com movimentações financeiras atípicas”.
“A investigação se baseia em material colhido nas fases anteriores e que permitiram identificar pagamentos de vantagens indevidas ao ex-governador”, afirmou Alexandre Teixeira.
Foram cumpridos oito mandados, sendo sete de busca e apreensão em sete imóveis residenciais e comerciais localizados na Região Metropolitana de Manaus, além de um mandado de prisão em nome do ex-governador.
O caseiro do sítio de José Melo também preso, mas a prisão foi em flagrante por estar armado, segundo informou o delegado Alexandre Teixeira, que conduz as investigações.
Pagamento de propina
A investigação abrange os crimes praticados pelos membros da organização criminosa alvo da primeira fase que corromperam diversos agentes públicos do Estado do Amazonas, por meio do pagamento de propina, utilizando-se de recursos públicos desviados do Fundo Estadual de Saúde, para obter o direcionamento de contratos, acelerar a liberação de pagamentos e acobertar os ilícitos praticados.

Operação da PF foi realizada em conjunto com o MPF e a CGU (Foto: Arlesson Sicsú)
O nome da operação é uma referência à situação de calamidade pública que se encontrava a prestação de serviços públicos de saúde no Estado, sendo decretado pelo então governador, em 31 de agosto de 2016, o Estado de emergência econômica na saúde estadual, mês anterior à deflagração da primeira fase da Operação Maus Caminhos.
Na ocasião, foi criado o Gabinete de Crise, composto pelas secretarias Estaduais de Saúde, da Casa Civil, da Fazenda e de Administração e Gestão. Os ex-secretários foram presos na Operação Custo Político, deflagrada no último dia 13.
De acordo com a Polícia Federal, os fatos relacionados ao envolvimento do ex-governador do Estado somente apareceram após o avanço da investigação e dão conta de que o chefe maior do executivo estadual recebia pagamentos periódicos dos membros da organização criminosa.
Maus Caminhos

Moustafa foi preso na primeira fase da Maus Caminhos
Melo foi cassado por compra de votos
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou, no dia 4 de maio, a cassação do mandato do governador reeleito do Amazonas, José Melo (PROS), e de seu vice, José Henrique de Oliveira, por compra de votos nas eleições de 2014.

José Melo foi o primeiro governador cassado na história do Amazonas (Foto: Secom)
Por maioria de votos (5 a 2), os ministros entenderam que José Melo tinha, pelo menos, conhecimento da compra de votos realizada por Nair Queiroz Blair dentro do próprio comitê de campanha do candidato, no dia 24 de outubro de 2014.
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