Manaus, 3 de maio de 2024
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Manaus, 3 de maio de 2024

Política

PL será o décimo partido da vida pública de Bolsonaro, que pode levar os filhos para a sigla

Especialista no jogo político, presidente muda de sigla como quem troca de roupa.

PL será o décimo partido da vida pública de Bolsonaro, que pode levar os filhos para a sigla

Foto: Roberto Jayme/Ascom/TSE)

MANAUS, AM – A trajetória da família Bolsonaro na política do Brasil é de muitas mudanças e trocas partidárias, desde o chefe do clã, presidente Jair Messias Bolsonaro (sem partido), até os seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro.

Ao longo de mais de trinta anos de vida pública, o presidente veio construindo sua carreira política passando de sigla em sigla e, assim seguem seus filhos. Prova disto, foi que ao se eleger em 2018 foi para o PSL, e, em 2019, se desfiliou. Para 2022, o cenário não será diferente na corrida pela cadeira da Presidência, ao qual Bolsonaro já anunciou filiação ao Partido Liberal (PL), de Valdemar Costa Neto, para concorrer à reeleição.

Vale lembrar que Costa Neto, presidente nacional do PL teve envolvimento no esquema de mensalão, na gestão do ex-presidente Luís Inácio da Silva (PT), entre 2003 a 2011.

Antes de ser presidente eleito pelo Partido Social Liberal (PSL), Bolsonaro foi vereador pelo Rio de Janeiro, no período de 1989 a 1991, após isso, foi eleito deputado federal, onde permaneceu no Congresso Nacional de 1991 a 2018. Nisso, o chefe da nação já esteve em nove siglas partidárias, desde então e o PL será a décima, entre elas: PDC, de 199 ; PPR; PPB; PTB, de 2003 a 2005; PFL, de 2005 a 2005; PP, de 2005 a 2016; PSC, 2016 a 2018; PSL, 2018.

Bolsonaro logo no início de seus mandatos como deputado federal - Foto: Arquivo Câmara dos Deputados
Bolsonaro logo no início de seus mandatos como deputado federal – Foto: Arquivo Câmara dos Deputados

Jair Bolsonaro já esteve no PP, do atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, por cerca de 20 anos, antes o partido tinha a sigla PPB (Partido Progressista Brasileiro). Após namoro para voltar para a sigla, o chefe do Executivo optou em se filiar ao PL, porém há rumores de que o PP indicar um vice para compor chapa na candidatura à reeleição do presidente.

Bolsonaro e Lira parecem estar de 'mãos dadas' pela reeleição, em 2022 Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
Bolsonaro e Lira parecem estar de ‘mãos dadas’ pela reeleição, em 2022 Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Em quase 30 anos de mandato de deputado federal, o chefe da nação encaminhou 171 projetos, sendo dois aprovados, um que estabelecia prorrogação de benefícios fiscais de informática e outro que autorizava a liberação de um medicamento para tratamento de câncer.

Filiação do Clã

Com a ida de Bolsonaro ao PL, ao menos dois de seus filhos devam ir junto, sendo, Flávio Bolsonaro, o número “01” e Eduardo Bolsonaro, o número “03”, conforme são chamados por Bolsonaro.

Carlos Eduardo é tido como um dos filhos mais “brigões” de Bolsonaro, principalmente nas redes sociais, não se intimidando com os comentários e cancelamento que vai sofrer nas plataformas digitais.

Já Eduardo Bolsonaro, recebeu uma notificação recente, da deputada federal, Tabata Amaral, que entrou com uma queixa-crime contra o colega de Parlamento, alegando disseminação de fake news. Muitos políticos já registraram queixas contra Eduardo, entre eles: Boulos e Kim Kataguiri.

O senador Flávio Bolsonaro (RJ), o número “01”, deve sair até o fim do ano do Patriota, legenda a qual ele ainda não tem nem seis meses de filiação. Contra Flávio, suspeitas de rachadinhas em seu gabinete, lavagem de dinheiro, organização criminosa. Porém, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça acolheu um recurso da defesa do senador e anulou todas as decisões tomadas pela Justiça do Rio de Janeiro no início das investigações do caso das rachadinhas.

Eduardo Bolsonaro pode deixar o PSL no período da janela partidária, entre março e abril de 2022, para não perder seu mandato por infidelidade partidária. Somente Carlos deve prosseguir no Republicanos.

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Mais do mesmo

Para o analista político e advogado, Carlos Santiago isso é muito comum no meio político e o presidente é expert em trocas de partidos que favoreçam a ele e os filhos. Que a busca por siglas vão de encontro aos interesses coletivos dos brasileiros e das próprias siglas.

“Bolsonaro segue uma tradição brasileira, nela há uma força enorme ao personalismo, ao caciquismo, ao mandonismo em detrimento de ideologias, siglas partidárias e o que vale é a conveniência política, o que vale é a conquista do poder ou a manutenção dele. Bolsonaro e seus filhos seguem a velha lógica da política brasileira: buscam siglas partidárias para se viabilizarem politicamente, sem levar em consideração os valores e as propostas do partido, porque o projeto é familiar, é pessoal, não um projeto coletivo”, comentou Carlos.

Carlos ressalta que Bolsonaro quis tanto um partido para chamar de seu que tentou criar a Aliança Pelo Brasil (APB), que não teve aderência de assinaturas. Na sua melhor fase, a sigla registrou até então, 155.545 mil filiações, de acordo com o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Bolsonaro tentou ter seu partido, mas depende de assinaturas - Foto: reprodução / Redes sociais
Bolsonaro tentou ter seu partido, mas depende de assinaturas – Foto: reprodução / Redes sociais

“Bolsonaro grita sempre que é homem de direita conservadora, um político de economia liberal, um cidadão de família, mas sua trajetória tanto pessoal quanto partidária é cheia de contradições. Bolsonaro tentou fundar uma sigla para chamar de sua e não conseguiu, tentou o controle partido pelo qual ele foi eleito, o PSL, e não conseguiu, agora, ele volta ao convívio de seus aliados/correligionários do “centrão” político. A trajetória da mudança de sigla de Bolsonaro e a agora a sua filiação ao PL refrete a sua postura de ser um político da velha safra da política brasileira e os seus filhos seguem no mesmo caminho do pai, nos erros mas também nos acertos, ou seja, Bolsonaro é mais do mesmo nessa quadra política”, afirma Santiago se referindo ao clã Bolsonaro (presidente e os três filhos políticos).

Sonho engavetado

O sonho de Bolsonaro, em ter um partido para abrigar sua família foi por “água abaixo”, pelo menos nas eleições municipais de 2020, em que o patriarca não conseguiu assinaturas suficientes até seis meses antes do pleito, realizado em novembro passado. E, pelo andar das filiações também não deverá se formar até 2022, haja vista que Bolsonaro não divulgou mais o partido, nem mesmo seus apoiadores de todo o Brasil, que encabeçavam ano passado as filiações à sigla.

O partido chegou até mesmo, a ter um estatuto constituído. “A Aliança pelo Brasil é um partido político com personalidade jurídica de direito privado e sem fins lucrativos, formado com base na legislação vigente e nos preceitos de seu programa e deste estatuto, para atuação em todo território nacional por prazo indeterminado.”

Ainda de acordo com o estatuto no parágrafo § 2º, o número seria registrado como 38, o que na época se cogitou fazer referência ao revólver de calibre 38″, seu símbolo seriam aros interligados, lembrando duas alianças entrelaçadas, no caso a sigla e seus representantes interligados com o povo brasileiro, e as cores que representariam a sigla levam as cores destaques da Bandeira Nacional, no caso o verde e amarelo.

“Utilizará a denominação abreviada Aliança, tendo como símbolo dois aros interligados nas cores verde e amarelo e identificado pelo número 38.”

Gestão confusa

A gestão de Bolsonaro tem sido conflituosa desde o início e episódios marcaram esses mais de 1.000 mil dias à frente da Presidência. E, durante a pandemia provocada pelo novo coronavírus que afeta o país desde o ano passado, que o presidente teve seus picos de “amor e ódio”, com negacionismo à vacinas, indicação de medicamentos, tratamento ´precoce e outros, colocando seu nome na lista de indiciados da CPI da Covid, realizada no Senado Federal por nove crimes, entre eles: Crime de charlatanismo; Crime de prevaricação; Crime contra a humanidade; Crime de responsabilidade, entre outros.

Bolsonaro na pandemia causou aglomerações e deixou de usar máscaras
Bolsonaro na pandemia causou aglomerações e deixou de usar máscaras – Foto: reprodução

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Pesquisas

Desde então, as pesquisas mostram que a popularidade do presidente vem caindo devido à pandemia. A mais recente, apontou que Bolsonaro tem 57% de desaprovação do seu governo pelos brasileiros que acham que ele deve sofrer o impeachment.

Sobre à reeleição, as pesquisas apontam que Bolsonaro não vencerá um de seus principais adversários políticos, no caso o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), que tem aparecido com 48% das intenções de votos em 2022 contra 21% do chefe da nação, Bolsonaro.

Embora as pesquisas mostrem queda na gestão e na popularidade do presidente, assim mesmo, ele ainda mantém forte presença nos meios digitais, superando os seus opositores nas redes sociais, canais que ajudaram o militar da reserva a chegar à Presidência, em 2018, pela sua falta de filtro nos meios digitais, o que acaba chamando atenção de seguidores contras e a favor.

O mandatário da nação tem 41,9 milhões de perfis de seguidores contra 26,1 milhões de apoiadores de Lula (PT); Sergio Moro (Podemos); João Doria (PSDB); Ciro Gomes (PDT); e Eduardo Leite (PSDB) juntos.

Bolsonaro lidera o ranking de seguidores em suas contas nas redes sociais
Bolsonaro lidera o ranking de seguidores em suas contas nas redes sociais

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