O deputado Roberto Cidade (PV), que até a última quarta-feira (2), jurava fidelidade ao governador Wilson Lima (PSC), declarou que a Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) é independente ao negar ter praticado um “golpe” para ser eleito presidente da Casa.
Após não ter obtido apoio do governador para o cargo, o parlamentar se voltou contra os aliados e conseguiu conquistar votos para ser eleito.
De acordo com a deputada Alessandra Campêlo (MDB), Cidade esteve na sexta-feira passada na casa do governador, pedindo apoio para ser presidente da Aleam.
Além do convencimento dos colegas, a manobra só foi concluída por intermédio da aprovação de uma mudança na Constituição do Estado, que permitiu a antecipação da eleição da Mesa Diretora da Aleam. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) teve tramitação recorde na Casa.
Roberto Cidade vai assumir a presidência da Aleam no biênio 2021-2022, após ter recebido 16 votos contra 8 de Belarmino Lins (PP), em eleição realizada nessa quinta-feira (3).
Em entrevista concedida à jornalista Rosiene Carvalho, o deputado justificou que o parlamento não é obrigado a aceitar a indicação do governo.
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“Tive 16 votos de amigos. Ninguém fez golpe. Aqui, Assembleia é Assembleia e governo é governo. Quero dizer que o parlamento está unido e ninguém está pensando em fazer golpe. A eleição é da Casa, entre os deputados, e como é que vai ter candidato da base e de oposição? É do parlamento. A gente não é obrigado a seguir a orientação do governo”, explicou.
Ele completou que a candidatura de Alessandra Campêlo teria sido imposta pelo governo e que não foi aceita pelos demais deputados.
“Foram impor a Alessandra e a Casa não quis a Alessandra como candidata. É simples. Imposição, hoje, não vai mais. A época da ditadura acabou. O parlamento é o parlamento. Aqui, vota cada um do jeito que quer e nós somos unidos aqui. A história vai falar que não foi traição”, justificou Roberto Cidade.
Causa própria
Não é a primeira vez que o deputado Roberto Cidade usa o Parlamento Estadual para legislar em prol de seus interesses. Em julho deste ano, ele apresentou uma Indicação ao Governo do Estado para que houvesse a redução ou isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os combustíveis utilizados por embarcações no Amazonas.
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A medida beneficiaria justamente a empresa da família do parlamentar, a Navegação Cidade Ltda., que até 2018, estava no nome dele. Na época, o deputado justificou que a redução era para auxiliar os donos de lanchas e outras embarcações que foram prejudicados pela pandemia da covid-19, devido às restrições (impostos) para o transporte no Estado.
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