Manaus, 26 de abril de 2024
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Manaus, 26 de abril de 2024

Política

Empresário que delatou corrupção no governo do AM muda versão

Empresário saiu sem conceder nenhuma entrevista à imprensa, após reunião a portas fechadas na Assembleia Legislativa do Estado, com 15 deputados

Empresário que delatou corrupção no governo do AM muda versão

Ao comparecer na Assembleia Legislativa, empresário Francisco Dantas saiu sem falar com a imprensa (Foto: Amazonas1)

O empresário Francisco Luiz Dantas, da Dantas Transportes, esteve na Assembleia Legislativa do Amazonas, nesta quarta-feira, 11, para prestar esclarecimentos sobre as denúncias de corrupção envolvendo pagamento de propina e ‘mensalinhos’ a agentes públicos e políticos. Embora o intuito tenha sido esse, o empresário negou todas as informações.

A reunião foi realizada a portas fechadas, na sala da Presidência, e contou com a participação de 15 parlamentares. Após três horas de conversa, Dantas não citou nome de nenhum político e negou a existência de propinas em contratos da Secretaria de Estado de Educação (Seduc).

Segundo a presidente da Comissão de Educação, professora Therezinha Ruiz (PSDB), o empresário disse que efetuou pagamento de ‘glosas’ em contratos, mas não direcionado a agentes públicos e políticos. ‘Pessoas’ usavam nomes de políticos para obter favores.

“Ele não se referiu a nenhum político desta Casa, nenhuma secretaria. As pessoas pediam dele em nome de políticos, para pagar transportes além do que estava no contrato. Não tinha ‘mensalinho’, tinham serviços de pessoas que faziam e imputava a ele, que não estavam dentro do contrato. O Dantas negou todas as denúncias e afirmou que aqui [na Aleam] estava falando a verdade”, explicou Ruiz.

O deputado de oposição Dermilson Chagas (PP) disse que as explicações do empresário não foram suficientes para esclarecer as irregularidades denunciadas pelo mesmo.

“O Dantas veio para cá negar tudo aquilo que falou ao Tribunal de Contas, não saímos satisfeitos. As únicas coisas que ele afirmou serem verdadeiras são que a empresa não possui estrutura para suprir toda a demanda do transporte escolar do Amazonas e que, por isso, quarterizou o serviço. Ou seja, ganhou R$ 46 milhões e contratou outras empresas e uma delas foi a LL Transporte”, declarou.

Outro ponto destacado por Chagas foi que o empresário admitiu a existência de mais de 2 mil trabalhadores que foram contratos sem carteiras assinadas. “Existem muitas falhas nesses contratos, e o Estado não tomou nenhuma providência até agora, ele já deveria ter perdido esses contratos”.

Ao ser questionado sobre o que faltou na reunião para Dantas revelar quem seriam os agentes e políticos envolvidos no esquema de corrupção, Dermilson disse apenas que Francisco alegou ter sido ‘mal-interpretado’ e que não quis falar.

Já Wilker Barreto (Podemos) solicitou à Comissão de Educação que peça a cópia de todos os contratos e processos de pagamentos da Seduc para Dantas com intuito de analisar as informações prestadas. Além disso, também propôs o envio da gravação na íntegra para os órgãos de controle.

“O que vi aqui foi uma crise de amnésia. Ou ele mentiu lá ou mentiu aqui. No que diz respeito a agentes políticos e públicos, disse que a verdade foi dita aqui, o que resguarda a Casa. Assim, solicitei ao presidente (da Aleam) Josué Neto que encaminhe aos órgãos de controle a gravação na íntegra desta reunião, para que não possa pairar nenhuma dúvida de que a reunião foi de compadre”.

MPC  vai se manifestar apenas no processo

O procurador Carlos Alberto Almeida, que coletou as denúncias de Dantas no âmbito do Ministério Público de Contas, disse ao Amazonas1 que apenas se manifesta nos autos do processo, pois “fora é vedado aos membros do MPC”.