Manaus, 20 de abril de 2024
×
Manaus, 20 de abril de 2024

Política

Presidente Bolsonaro tem alta média de demissões em um ano de gestão

Um levantamento do Estado de agosto do ano passado apontava que havia, em média, uma demissão a cada sete dias

Presidente Bolsonaro tem alta média de demissões em um ano de gestão

Reprodução: cartacapital

O presidente Jair Bolsonaro demitiu quatro ministros, ao menos 16 presidentes de órgãos federais, e dezenas de secretários e diretores do segundo escalão do governo, tudo isso em pouco mais de um ano de governo.

Um levantamento do Estado de agosto do ano passado apontava que havia, em média, uma demissão a cada sete dias. 

A baixa mais recente é a do ex-ministro da Cidadania, Osmar Terra.

Reportagens do Estado revelaram que o ministério, na gestão de Terra, contratou uma empresa suspeita de ser usada como laranja para desviar R$ 50 milhões dos cofres públicos.

Na dança das cadeiras, o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) perdeu um dos ministérios mais importantes do governo, a Casa Civil, mas foi nomeado para o lugar de Terra.

Baixas na educação e cultura

O campo da educação foi um dos mais afetados pelas exonerações efetivadas pelo presidente ou pedidos de demissão.

Além do ministro Ricardo Vélez, houve ao menos outras dez baixas entre funcionários do Ministério da Educação (MEC), Inep e Capes.

Ex-secretário de Educação Superior do MEC, Arnaldo Lima Júnior se demitiu em janeiro deste ano em meio à crise causada pelos erros no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e na divulgação de notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Antes disso, em novembro de 2019, coordenadores da equipe de alfabetização do MEC foram exonerados. O ex-presidente da Capes, Anderson Ribeiro Correia, e o ex-presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Rodrigo Sergio Dias, também deixaram seus cargos no final de 2019.

 

Leia mais 

 

POLÍTICA Paulo Guedes diz que fala sobre domésticas se deve a passado de docente

 

A cultura foi outra área que teve pouca estabilidade nos cargos, principalmente no alto escalão, registrando a exoneração de três secretários especiais.

Antes de Roberto Alvim, deixaram o cargo Henrique Pires (em agosto) e Ricardo Braga (em novembro).

Outros setores da cultura também tiveram mudanças.

Katiane Gouvêa, ex-secretária do Audiovisual, foi exonerada em dezembro passado.

Na mesma semana, também foi exonerada Kátia Bogéa, então presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan).

A substituta para o cargo, Luciana Feres, teve a nomeação cancelada.

O fato foi considerado uma vitória para Alvim em uma queda de braço com o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que havia indicado Feres.

Os motivos para exonerações no governo federal passaram por divergências sobre medidas econômicas, conflitos internos, declarações desastrosas e pressão popular. Relembre abaixo as demissões que ganharam maior repercussão:

Gustavo Bebianno foi o primeiro demitido pelo presidente

Nos três primeiros meses de seu governo, Bolsonaro demitiu três de seus ministros.

O primeiro foi o advogado Gustavo Bebbiano, da Secretaria Geral, que foi exonerado com 48 dias de mandato, após se desentender com Carlos Bolsonaro e ter seu nome associado à denúncia de candidaturas de laranjas do PSL durante as eleições 2018. Ele foi substituído pelo general Floriano Peixoto, do Exército Brasileiro. 

Ricardo Vélez Rodríguez

Em abril, foi demitido o colombiano Ricardo Vélez Rodríguez, indicado pelo filósofo Olavo de Carvalho para chefiar o Ministério da Educação (MEC).

Ele deixou o cargo em meio a declarações polêmicas e boicotes

Joaquim Levy

Em junho do ano passado, Bolsonaro também influenciou na mudança de comando de uma empresa estatal. Na época, ele disse que o então presidente do BNDES, Joaquim Levy, estava com “a cabeça a prêmio” durante conversa com jornalistas. No dia seguinte, Levy pediu demissão do cargo.

Santos Cruz

Em agosto, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, um dos principais nomes nas Forças Armadas, foi exonerado após atrito com a ala olavista do governo.

Ele já era o terceiro nome a chefiar a Secretaria-Geral da Presidência. 

Mais de quatro meses após a demissão do general, a Polícia Federal concluiu que são falsas as mensagens de WhatsApp que motivaram uma discussão entre Bolsonaro e Santos Cruz, e culminaram na sua saída do governo. Ele criticou a gestão Bolsonaro, que chamou de “show de besteiras”.

Ricardo Galvão

A discordância em relação à divulgação de dados também motivou a demissão de Ricardo Galvão, ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)

“Certas coisas eu não peço, mando”, afirmou Bolsonaro, após ter confirmado que pediu a demissão de Galvão por ele ter liberado informações sobre o aumento do desmatamento da Amazônia em 2019

Marcos Cintra

Em setembro do ano passado, o presidente decidiu demitir o então secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, porque considerou que a discussão sobre a criação de um imposto nos moldes da CPMF se tornou “pública demais”.

Embora tivesse apoio da equipe econômica, o assunto gerou polêmica e não agradou os seus apoiadores.

Roberto Alvim

Há cerca de dez dias, Bolsonaro demitiu o então secretário especial da CulturaRoberto Alvim, por copiar trechos de discurso nazista em vídeo transmitido nas redes oficiais do governo. Inicialmente, o presidente comunicou que o deixaria na função, mas recuou poucas horas depois por causa da reação negativa de diferente alas do governo e de alguns de seus principais apoiadores. Por fim, Bolsonaro afirmou que a situação de Alvim se tornou “insustentável”.

Vicente Santini

Ex-secretário-executivo da Casa Civil, Vicente Santini perdeu o cargo após Bolsonaro avaliar que a decisão do número 2 da pasta de viajar à Índia em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) foi “completamente imoral” e “inadmissível”. Um dia depois de sua exoneração, Santini chegou a ser nomeado novamente para outro cargo na Casa Civil a pedido do deputado federal e filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), mas sua recondução enfureceu Bolsonaro e foi anulada. 

Gustavo Canuto

A demissão de Gustavo Canuto do Ministério do Desenvolvimento Regional foi vista com surpresa até por auxiliares próximos. Bolsonaro estaria insatisfeito com a falta de entregas no ministério responsável pelo programa Minha Casa Minha Vida. Canuto ocupava o posto desde o início do governo e foi substituído por Rogério Marinho, até então secretário da Previdência e Trabalho e um dos principais articuladores da Reforma da Previdência. 

Osmar Terra

O deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) deixou o Ministério da Cidadania em meio a críticas na condução do programa Bolsa Família, subordinado à pasta, e depois de reportagens do Estado revelarem que o ministério, sob sua gestão, contratou uma empresa suspeita de ser usada como laranja para desviar R$ 50 milhões dos cofres públicos.

 

(*) com informações do Estadão