Manaus, 23 de abril de 2024
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Manaus, 23 de abril de 2024

Política

Salles critica incentivos da ZFM e parlamentares do AM reagem

Setor de bicicletas da Zona Franca de Manaus gera aproximadamente 1,1 mil empregos diretos e mais de 3,5 mil indiretos, diz Abraciclo.

Salles critica incentivos da ZFM e parlamentares do AM reagem

O governo Bolsonaro voltou à carga contra o Modelo Zona Franca de Manaus (ZFM), dessa vez o ministro teleguiado foi Ricardo Salles (do Meio Ambiente), que criticou os incentivos destinados as empresas que produzem bicicletas no Polo Industrial de Manaus (PIM). “Em vez de continuar a dar subsídios a fundo perdido para o cara fabricar bicicleta na Amazônia, vamos fazer coisas que realmente precisam estar na Amazônia”, disse Salles.

A declaração do ministro foi numa entrevista ao site BRPolítico nesta quarta-feira, 29, onde afirmou que os investimentos na Amazônia deveriam priorizar áreas de biotecnologia e bioeconomia. “Esses são os ativos da Amazônia”, disse. Ricardo Salles será o ministro responsável pela coordenação da futura Secretaria da Amazônia, que terá sede em Manaus. Leia aqui.

Números de 2019 da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) mostram que o setor produziu quase 1 milhão de bicicletas e que o investimento dessas empresas até 2021 no PIM será superior a R$ 40 milhões.

“O setor gera aproximadamente 1,1 mil empregos diretos e mais de 3,5 mil indiretos. Com isso, a região consolida sua posição como o maior centro gerador de bicicletas entre todos os países do Ocidente, ficando atrás apenas da concentração fabril que ocorre no Sudeste Asiático”, diz relatório da Abraciclo.

Reação

Os parlamentares da bancada do Amazonas no Congresso Nacional não receberam com simpatia as declarações do ministro.

O senador Plínio Valério (PSDB) afirmou que manter os incentivos aos fabricantes de bicicletas ou a qualquer empresa no PIM não exclui novas alternativas de investimentos em bioeconomia como sugeriu o ministro.

“É claro que uma coisa não exclui a outra. É próprio desse governo querer acabar com o que está pronto. O nosso polo de bicicleta, dentro do polo de duas rodas, está consolidado. Já estou moderando para não chamar esse pessoal de imbecil. Só que é uma péssima ideia. Claro que temos que buscar a biotecnologia na Amazônia, é por ai o caminho. Agora acabar um polo consolidado? Eu me recuso a comentar algo nesse grau de inteligência”, disse Plínio.

Para o deputado federal Marcelo Ramos (PL) as declarações de Salles foram ‘irresponsáveis’. “Querer substituir um polo industrial consolidado há anos a partir de uma secretaria sem orçamento e funcionando numa sala emprestada pelo governador? Com essa manifestação irresponsável, esse senhor não é bem vindo no Amazonas”, afirmou Ramos.

Mesmo o deputado da base bolsonarista, Capitão Alberto Neto (PRTB), não concorda em anular um incentivo em detrimento a outro modelo econômico.

“Lógico que a nossa vocação é a biotecnologia, explorar bem nossa biodiversidade e temos que explorar isso no futuro (…). Mas trabalhando o presente, o incentivo às bicicletas é importante e precisamos expandir mais as vendas. É um equívoco o ministro pensar que um incentivo deve retirar o outro. Mas ele acerta em enxergar a biotecnologia como nosso futuro “, disse. 

Leia abaixo o trecho da entrevista onde o ministro cita de forma depreciativa os incentivos aos fabricantes de bicicletas no PIM.