UE Manaus (AM) – O advogado Edson Rosas Júnior, presidente afastado do Tribunal de Justiça Desportiva do Amazonas (TJD-AM), afirmou neste sábado (23) que os valores referentes às multas aplicadas a clubes e atletas sob a jurisdição do tribunal, os quais eram direcionados para sua conta pessoal, foram destinados para custear os serviços e operações do próprio tribunal.
Rosas argumentou que a medida foi necessária devido à falta de repasses adequados por parte da Federação Amazonense de Futebol (FAF), presidida por Ednailson Rozenha, para manter o pleno funcionamento do órgão. Segundo Edson, o último pedido de assistência financeira foi encaminhado à FAF em abril deste ano.
Edson enfatizou que o TJD-AM tomou a iniciativa de criar uma resolução, com o respaldo de todo o colegiado, na qual os recursos que não estavam sendo repassados seriam direcionados para sua conta pessoal a fim de garantir a continuidade das atividades do TJD-AM.
“O Colegiado, os auditores, decidiram que as coisas seriam pagas para a Secretaria. Esse dinheiro nós temos todas as documentações e recibos que foram pagos para a manutenção do (TJD-AM), disse em sua defesa.
O advogado também fez questão de ressaltar que não depende financeiramente dessas verbas, pois é “advogado há 30 anos e herdou um escritório com meio século de existência.” Rosas frisou, ainda, que leva uma vida independente e que sua intenção sempre foi contribuir com o tribunal, afirmando: “Aqui, não tiro, eu contribuo.”
Decisão
Na decisão, o auditor Corregedor Geral do Tribunal Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Felipe Bevilacqua, destacou que o STD os Tribunais de Justiça Desportiva não têm sua própria identidade legal e que é responsabilidade das federações esportivas, como a FAF, arrecadar os fundos necessários para manter o tribunal funcionando.
“Os fatos trazidos e corroborados pelos documentos anexados são de extrema gravidade, além de antiéticos e imorais, estão inclusive tipificados no Código Penal Brasileiro, podendo trazer ainda mais prejuízo à organização e funcionamento do Futebol Amazonense”.
O auditor determinou ainda que o TJD-AM foi orientado a atender aos pedidos da FAF e fazer uma auditoria para verificar quanto dinheiro foi repassado para as contas pessoais dos suspeitos.
FAF
Edson foi afastado do cargo, na última quarta-feira (21), por um período de 30 dias, após a FAF denunciar o dirigente por suspeita de desvio de recursos. A decisão foi prontamente acatada pelo Auditor Corregedor Geral do Tribunal Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Felipe Bevilacqua.
Em sua defesa, Edson Rosas afirmou: “Fiz tudo isso”, referindo-se ao uso e recebimento de dinheiro, inclusive via Pix, para não entrar com uma representação junto à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) contra a FAF, que havia deixado de destinar recursos ao tribunal.
“Porque no primeiro mês em que solicitei os recursos, eu poderia ter tomado a mesma medida que estão tomando agora comigo, afastando o presidente por não cumprir a lei […]. Tudo em nome do bem do futebol”, enfatizou.
Ciente
Segundo Edson, Rozenha estava ciente de que o tribunal passou a receber os valores das multas aplicadas a jogadores de times do Amazonas, que antes eram pagos diretamente à FAF.
“No momento em que começamos a receber esses valores aqui, informei ao Rozenha, pois liguei para ele, e ele assegurou que estava tudo em ordem. Ele estava ciente, embora agora possa negar”, concluiu.
Além dele, a secretária do tribunal, Larissa Ponce Guimarães, também recebeu a mesma punição. De acordo com Edson, ela está muito abalada, pois não cometeu nenhum erro, somente “cumpriu ordens”.
Segredo de Justiça
Procurado pelo Portal AM1, o presidente da FAF, Ednailson Rozenha, disse que não iria se manifestar devido o processo está correndo em segredo de justiça, mas adiantou que na terça-feira (26) falará na tribuna da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).
“O processo é denso e o STJ D não suspenderia um presidente de tribunal se não houvesse provas contundentes. Contudo, na terça-feira, eu irei falar na tribuna da Aleam”, destacou o presidente.
Ele ainda criticou o fato de Edson ter se manifestado em coletiva porque o processo está em segredo de justiça. Rozenha afirmou ao Portal AM1 que há muita “coisa gravíssima para se mostrar”.
“A decisão é clara, o processo ocorre em segredo de justiça, então não entendi porque que falaram. Eu estou calado, respeitando a decisão judicial, porque para mim, decisão se cumpre, né?”, finalizou.
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