Manaus, 17 de junho de 2024
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Tecnologia

Projeto quer obrigar plataformas digitais a remunerar a mídia tradicional

A proposta, que segue em análise na Câmara dos Deputados, impede que plataformas digitais, como a Meta, dona do Facebook e Instagram, removam conteúdos jornalísticos para evitar pagamento.

Projeto quer obrigar plataformas digitais a remunerar a mídia tradicional

Plataformas Meta (Foto: Mercello Casal Jr/Agência Brasil)

Manaus (AM) – Um projeto que obriga as plataformas digitais que usam conteúdos noticiosos a remunerar os veículos da mídia tradicional foi aprovado pela Comissão de Comunicação da Câmara dos Deputados.

A medida beneficia jornais, revistas, rádios e televisões legalmente estabelecidos.

A obrigação de remuneração é dirigida às plataformas digitais com mais de dois milhões de usuários no País, como Meta (dona do Instagram e do Facebook) e Google. A proposta, que tramita em caráter conclusivo e ainda vai ser analisada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), prevê o seguinte:

os valores, o modelo e o prazo da remuneração poderão ser definidos livremente entre as plataformas e os veículos de mídia, em acordos individuais ou coletivos;

o valor da remuneração deverá considerar: o volume do conteúdo jornalístico original produzido, a audiência das notícias nas plataformas e o investimento em jornalismo das empresas, aferido pelo número de jornalistas contratados;

em caso de inviabilidade na negociação, será adotada arbitragem, cuja decisão poderá ser revista após um ano se houver mudança nas condições iniciais;

é assegurada a equidade nas negociações entre as plataformas digitais e os veículos, independentemente do tamanho destes; e

o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) poderá coibir os casos de abuso de poder econômico por parte das plataformas.

O projeto impede ainda as plataformas digitais de remover conteúdos jornalísticos para evitar o pagamento à mídia tradicional. Todas essas regras vão ser inseridas no Marco Civil da Internet.

Novo texto

O texto aprovado é um substitutivo do relator, deputado Gervásio Maia (PSB-PB), ao Projeto de Lei 1354/21, do ex-deputado Denis Bezerra (CE).

O relator mudou a redação original para incluir medidas previstas nos projetos apensados (PLs 1586/21, 2950/21 e 78/22). Ele afirma que a redação proposta estabelece regras equilibradas para garantir a remuneração.

Gervásio Maia afirmou, em defesa do seu parecer, que o pagamento aos veículos noticiosos é uma “ação necessária”. Segundo ele, a concentração das receitas publicitárias em poucas empresas globais de internet impacta diretamente a qualidade das informações disponíveis para a população.

“E como é bem sabido, a consequência de um jornalismo fraco é o enfraquecimento da democracia”, disse.

Meta

A empresa Meta, por exemplo, tem evitado o uso de notícias em suas plataformas. Entretanto, a nova ferramenta de inteligência artificial (IA) da empresa escaneia os meios de comunicação e resumi as notícias para quem perguntar.

No Canadá, onde a empresa proibiu links para fontes de notícias no Facebook e Instagram para contornar uma lei que poderia exigir o pagamento dos editores, isso já está sendo feito, conforme denúncia de um artigo publicado pelo jornal The Washington Post.

Dessa maneira, o chat de inteligência artificial da empresa usa conteúdo jornalístico sem dar crédito.

Para evitar pagar por conteúdo de jornais, a Meta alega que os usuários não têm interesse em consumir informação nas redes sociais.

(*) Com informações do Agência Câmara

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