Foto: Leonardo Leão / Semcom / Arquivo
Em Manaus, no Amazonas, a pandemia do coronavírus ainda escreve vários capítulos diferentes sobre como a doença causadora da covid-19 tem atingido e mudado a vidas das pessoas. No mês de fevereiro, na última terça-feira (16), alcançou a marca de 10 mil mortes pela doença, em outros tempos, nessa Quarta-feira de Cinzas se registraria o encerramento das festividades oficiais do Carnaval.
O Portal Amazonas 1 conversou com dirigentes de escolas de samba, organizadores de blocos das tradicionais bandas de marchinhas da capital para um olhar sobre a data e perspectiva sobre o futuro. Para os entrevistados, o sentimento de não ter o que comemorar neste Carnaval é unânime, mas em 2022, esperam traduzir as lutas e perdas em marchas e samba-enredo.
“Se você juntar todas as pessoas que foram embora do mundo do samba, do Carnaval, pelo menos da Grande Família, temos aí de 100 a 200 pessoas. Mas tem muito mais gente, estamos falando de muitos outros grêmios: Aparecida; Andanças de Ciganos; Sem Compromisso; Beija Flor e muito mais”, disse Luiz Gilberto, presidente da Grande Família.
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Para o dirigente da escola, o período que Manaus vive atualmente em relação ao Carnaval é de história. A Grande Família enfrentou perdas que envolvem desde membros da diretoria, até foliões e instrumentistas.
“Vivemos hoje quase robotizados, entramos nas redes sociais e nos deparamos quase todos os dias com uma nota diferente de falecimento de membros, foliões, são perdas grandes sabe? A lembrança vai ficar eterna, vai ficar para sempre, mas, com as bênçãos de Deus, vamos voltar! A nossa esperança é o Carnaval de 2022, vamos transformar essa luta, essa dor, em beleza.”, finalizou.
Quem também expressou comoção ao falar sobre perdas da Escola de Samba, foi o dirigente da Aparecida, Luiz Pacheco. Nas redes sociais da última campeã do Carnaval em Manaus, existem diversas notas de falecimento e luto. Pacheco escreveu: “são perdas imensuráveis, não temos condições de ter um estimativa do quanto perdemos,” declarou.
O dirigente da escola Andanças de Ciganos, Vilson Benayon, também conversou com a reportagem e declarou que o último sábado (14) marcou a data do desfile da escola no Sambódromo de Manaus, em 2020.
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“Na escola, perdemos aproximadamente 35 a 40 membros entre diretoria, velha guarda, baianas, foliões, comunitários frequentadores ou mais!”, declara o dirigente. Nas rede sociais, o dirigente relembrou a data e escreveu sobre saudade e solidariedade.
“Falar de carnaval hoje é falar de saudade, perdas e solidariedade a todas as pessoas que perdemos durante o ano de 2020/2021, nesse momento só tenho que agradecer a Deus por ter convivido com tantas pessoas maravilhosas e que precocemente nos deixaram, compartilho esse sentimento para que possamos amar ao próximo como se não houvesse amanhã” , escreveu.
Luís Claudio Chaves, um dos organizadores da tradicional ‘Banda do Boulevard’, também conversou com a nossa equipe sobre o futuro do Carnaval em Manaus. Para Luís, as perdas são imensas, no último ano, a banda reuniu 2 mil brincantes.
“Hoje, o que temos é a mensagem de resistência e esperança. E que o Carnaval de 2022 marque a celebração da nossa vitória sobre a covid-19”, declarou.
Ao Amazonas 1, a agremiação da Grande Família enviou uma dedicatória destinada aos foliões da escola e a todos que passam por essa data com o sentimento de saudade de festejar o Carnaval.
“Quando eu não puder pisar mais na avenida só me restará
Transbordar de saudade, a tristeza profunda que abre a ferida
Me faz voltar no tempo e chorar de verdade.
O tambor que calou, calou o meu desejo
Uma fantasia esquecida perdeu sua cor
O desfile de outrora tornou-se um cortejo
O sorriso tão lindo, esvaziou-se na dor
O silencio da noite onde todos brincavam
Vai servir de lição para hoje e sempre
E no palco sagrado onde sonhos brilhavam
Renasceremos fortes, pois sambar vem do ventre
Em 2022 estaremos de volta, até breve nação vermelha e branca
Até breve gigante da zona Leste”
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