Manaus, 3 de maio de 2024
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Manaus, 3 de maio de 2024

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Queimadas nas florestas alcançam terras indígenas da Amazônia

As queimadas nas florestas do sul do Amazonas alcançaram neste domingo, 25, uma área indígena próxima à Rodovia Transamazônica (BR-230).  O Amazonas é um dos dois estados da região Norte, além do Acre, que decretou emergência em função do aumento dos focos de incêndio nas florestas.

Hoje, o presidente Jair Bolsonaro autorizou as Forças Armadas para auxiliarem o estado na contenção do fogo em área verde. Mais de 7 mil focos de incêndios foram identificados neste ano, no interior do Amazonas.

Imagem do incêndio foi registrada por ambientalistas do Greenpeace neste fim de semana (Reprodução)

A área situada entre os municípios de Humaitá (a 696 quilômetros de Manaus) e Manicoré (a 350 quilômetros da capital), conhecida como terra indígena Tenharim-Marmelos tem cerca de 500 mil hectares de terras e onde vivem mais de 3 mil indígenas isolados e não isolados, segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai).

O alerta das queimadas partiu de organizações não governamentais (ONGs) estrangeiras que atuam no Amazonas, como o Greenpeace Brasil.  A ONG gravou um vídeo de uma área extensa de queimada na área indígena, na qual mostram labaredas de fogo em círculos. Não se sabe o que ocasionou o incêndio.

Segundo o ambientalista do Greenpeace Danicley de Aguiar, há pelo menos três dias, integrantes da ONG sobrevoam a região sul do Amazonas para acompanhar os alertas de queimadas emitidos pelos satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe).

“Com base nos dados do Inpe, passamos a monitorar in loco as áreas onde aparecem os focos de incêndio e nos preocupou a região da   terra indígena Tenharim-Marmelos. Fomos ao local neste sábado (24) e domingo (25) e constatamos grandes labaredas de fogo. Comunicamos o caso aos agentes públicos”, disse Danicley.

Tenharim é o nome pelo qual são conhecidos três grupos indígenas que vivem hoje na região do curso médio do rio Madeira, no sul do Estado do Amazonas. Os Tenharim-Marmelos localizam-se à beira do rio Marmelos, um dos afluentes do rio Madeira.  A aldeia é dividida pela BR-230

Fumaça densa   

Contatados pelo telefone, moradores dos municípios de Manicoré e Humaitá relataram neste domingo, 25, o aumento de uma fumaça mais densa neste domingo, desde quando iniciou o período mais quente da região, que vai de julho a setembro.

Em algumas áreas da região Sul do Amazonas a fumaça estava densa próximo à área urbana (Greenpeace)

“Desde às 10 horas (deste domingo, 25) percebemos que um grande odor de queimada vindo da floresta chegar até a área urbana, mas não vimos o fogo”, afirmou Marinaldo Teixeira, 41, comerciante de Humaitá.

“Falam que é normal haver queimadas todos os anos, mas nunca vi um céu tão escuro como hoje (domingo)”, relatou a servidora pública Mariane Silveira, 35, que mora em Manicoré há mais de 10 anos.

As queimadas na região Norte do Brasil são consideradas típicas durante o período mais quente do ano. No Amazonas, os focos de incêndio ocorrem, principalmente, no sul do Estado.

A região é a mais afetada por conta de ser a maior em registros de desmatamento ilegal e, também, em “descampagem”, que é a retirada da vegetação da terra para o aproveitamento em projetos de agronegócios. 

Pedido de ajuda

O governador Wilson Lima assinou neste fim de semana um ofício que solicita ao presidente Jair Bolsonaro o apoio das Forças Armadas para garantia da lei e da ordem como reforço no combate a queimadas e desmatamento ilegais no Amazonas. 

“É preocupante a questão do desmatamento e precisamos de ajuda do Governo Federal principalmente para o sul do Amazonas, na fronteira com outros estados. Mas também é importante ressaltar que todos os registros de focos de calor e desmatamento representam 0,16% do território do Amazonas, então é menos de 1%. Não que isso não seja grave, mas isso também acaba causando prejuízos a nossa imagem”, afirmou Lima.

Estatísticas

Dos 7.150 focos identificados entre 1º de janeiro a 20 de agosto, 6.016 estavam distribuídos em sete municípios da região: Apuí, Lábrea, Novo Aripuanã, Manicoré, Boca do Acre, Humaitá e Canutama.

Das ocorrências, 43% foram identificadas em áreas federais e perto de 1% em unidades de conservação estaduais gerenciadas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). Os focos de calor até então identificados representam 0,16% de toda a extensão territorial do Amazonas.