Manaus, 29 de abril de 2025
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Cidades

Saiba a importância da detecção precoce do autismo para desenvolvimento e inclusão

Especialista consultada pelo Portal AM1 destaca que além de ser uma forma de cuidado, o diagnóstico precoce ajuda no desenvolvimento da criança até a fase adulta.

Saiba a importância da detecção precoce do autismo para desenvolvimento e inclusão

Foto: freepik

Manaus (AM) – Neste Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, 2 de abril, o Portal AM1 conversou com a neuropsicóloga Aline Padilha, que traz os detalhes da importância do diagnóstico precoce do Transtorno do Espectro Autista (TEA). A especialista explica como é crucial esse diagnóstico, por várias razões, principalmente porque ele pode impactar significativamente o desenvolvimento da criança e sua integração social.

A importância

A neuropsicóloga Aline Padilha ressaltou que a fase da primeira infância é o momento de desenvolvimento, o que facilita se o diagnóstico for feito com antecedência.  “O diagnóstico precoce do autismo é uma forma de cuidado. Quando a gente identifica cedo que uma criança está no espectro, conseguimos oferecer a ela e à família caminhos mais claros para lidar com as dificuldades que podem surgir no dia a dia. O cérebro da criança está fase de desenvolvimento, aprendendo o tempo todo, e é nesse momento que ele responde melhor às intervenções”, disse.

“Então, quanto mais cedo a gente entende o que está acontecendo, mais cedo conseguimos ajudar essa criança a desenvolver habilidades importantes, como comunicação, socialização e autonomia. O diagnóstico precoce também traz alívio para pais (todos os cuidadores), porque deixa de ser um “não sei o que está acontecendo como meu filho ou filha” para se tornar um “agora sei como posso ajudar minha criança”, acrescentou a neuropsicóloga.

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Foto: Neuropisicóloga Aline Padilha / arquivo pessoal)

Desenvolvimento escolar

A importância do diagnóstico com antecedência para que os educadores e a família possam adaptar estratégias de um ensino mais inclusivo e favorável ao aprendizado.

“A escola é um ambiente cheio de estímulos, regras sociais, barulhos, mudanças de rotina para uma criança autista, isso pode ser muito desafiador. Quando o diagnóstico realizado precocemente, conseguimos preparar essa criança para a escola e, ao mesmo tempo, preparar a escola para essa criança. A escola pode adaptar atividades, acolher com mais empatia e oferecer os apoios certos. Isso evita que a criança se sinta inadequada, frustrada ou excluída. E mais do que isso: dá à criança a chance de se sentir capaz, pertencente, de aprender no seu tempo e do seu jeito. Esse tipo de experiência positiva na escola marca profundamente a autoestima e o prazer pelo aprender”, declarou Padilha.

 

Desenvolvimento pessoal e profissional

Ter a oportunidade de crescer sabendo quem você é faz toda a diferença. Quando a criança é diagnosticada cedo, ela tem mais chances de se desenvolver com mais autoestima, com mais autonomia e com um olhar mais compassivo sobre si mesma. Ela entende que não é “menos”, nem “errada” só funciona de um jeito diferente. E isso tem impacto direto lá na frente, quando essa criança vira adolescente e depois adulto. As escolhas serão mais alinhadas com seu jeito de ser, e ela irá entender melhor os seus limites e suas forças, se proteger de situações que não lhe fazem bem. Tudo isso influencia na vida pessoal, nos relacionamentos e até na escolha da profissão,” concluiu.

 

Ser invisível para a sociedade

As dificuldades em não receber o diagnóstico cedo. “Ser uma pessoa invisível para a sociedade. O que mais dói é ver uma criança sofrendo e ninguém entendendo o motivo. Quando o autismo não é identificado cedo, a criança pode ser rotulada como “difícil”, “preguiçosa”, “estranha”, quando na verdade ela está só tentando dar conta de um mundo que, muitas vezes, não faz sentido para ela”, salienta a especialista.

E acrescenta ainda que sem o diagnóstico, a criança não recebe os apoios certos e vai acumulando frustrações. “Sem diagnóstico a criança acumula: baixa autoestima e dificuldades sociais. Isso pode evoluir para quadros de ansiedade, depressão e isolamento. Muitas vezes, essas crianças crescem achando que há algo errado com elas e só vão entender o que viveram na vida adulta, quando já existe um histórico de dor e exclusão. Especialmente em crianças com suporte nível 1, que muitas vezes são rotuladas durante uma vida inteira ‘não é autista não ela é esquisita mesmo’, ‘sempre fala errado, fica fazendo tipo na hora de comer’, declarou.

 

Análise

Aline Padilha explica que é necessário todo esse acompanhamento desde cedo até para entender o nível de suporte da criança. “Claro que é importante considerar os diferentes níveis de suporte (suporte 1, suporte 2 e suporte 3) dentro do espectro, assim como as comorbidades que costumam estar associadas. Estudos mostram que é muito raro uma criança apresentar apenas o diagnóstico de autismo na maioria dos casos, há outras condições associadas, como TDAH, ansiedade, dificuldades de aprendizagem ou questões sensoriais. E isso impacta diretamente nas necessidades de intervenção”, disse.

“Além disso, precisamos ter um olhar atento às diferenças no diagnóstico entre meninos e meninas: as meninas muitas vezes passam despercebidas por apresentarem sinais mais sutis, com maior camuflagem social e comportamentos que nem sempre são reconhecidos como parte do espectro”, relatou.

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