Manaus, 28 de abril de 2024
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Manaus, 28 de abril de 2024

Política

Servidores que ficaram sem atendimento pela Manausmed podem ser reembolsados

Servidores que ficaram sem atendimento pela Manausmed podem ser reembolsados

MANAUS (AM) – Funcionários da Prefeitura de Manaus denunciam que tiveram que custear atendimentos de urgência e emergência por mais de um ano, após a suspensão do serviço, que deveria ser fornecido pela Manausmed. Mensalmente, o valor para o plano médico é descontado do salário dos servidores, mas ao procurarem unidades credenciadas, foram informados que não poderiam ser atendidos sem justificativa aparente.

Suspenso desde 2020, após a quebra de contrato feita pelo Hospital Check Up, os assegurados ficaram sem os serviços durante toda a pandemia, inclusive sem cobertura para tratar a covid-19, mesmo que de forma emergencial. Com isso, vários funcionários públicos tiveram de recorrer a unidades privadas, a fim de evitar o risco de contaminação em unidades públicas, lotadas com casos de coronavírus.

‘Não atendemos mais’

Uma dessas pessoas é a educadora e funcionária da Secretaria Municipal de Educação (SEMED), há 25 anos, Nelma Sampaio. Ela conta que, por várias vezes, procurou atendimento em unidades que deveriam ser credenciadas, todavia, ao chegar ao local, era surpreendida. “Todos os meses, a Manausmed publica aquele guia atualizado com unidades credenciadas, mas é muito comum ir nesses lugares e quando chega lá eles (hospital) dizem que não atendem mais ManausMed”, afirma.

Servidora da Semed há 20 anos, Nelma sempre pagou o Manausmed em dia, mas ficou meses sem o serviço

Sem alternativa, ela teve que procurar atendimento em unidades privadas não-credenciadas, o que gerou um custo a mais, além do que já paga mensalmente para a Manausmed. “Todos os meses pago por um serviço que não uso”, disse. “Além de urgência e emergência, as consultas demoram quase três meses para serem marcadas, fazer um acompanhamento com um profissional é quase impossível”, contou a educadora.

Essa lentidão nos serviços na Manausmed já é conhecida e sempre é alvo de constantes críticas. O também professor Aronaldo Saboia desabafa que, mensalmente, o valor do plano é descontado no seu pagamento, mas não consegue usá-lo. “Isso é muito complicado. Em 2020, passamos o ano todinho pagando o plano de saúde da Manausmed, sem usar um serviço sequer”, afirmou. “Até hoje, esse desconto continua sendo feito todos os meses, mas não temos isso à disposição”, concluiu.

Serviço inexistente

Conforme o decreto de nº 4.108 que regulamenta o Plano de Saúde dos Servidores Públicos do Município (SERVMED), publicado no Diário Oficial do Município em 2018, os funcionários públicos que fazem uso do plano podem ser reembolsados quando não conseguirem usar atendimentos de urgência e emergência em locais credenciados pela Manausmed.

Segundo o documento, o reembolso pode ocorrer “quando não for possível a utilização dos serviços próprios ou credenciados ou de inexistência ou indisponibilidade na rede, será realizado de acordo com o valor estabelecido na Tabela de Preço dos Serviços de Saúde do MANAUSMED”. Essa reposição também só é válida mediante a requerimento com documentos fiscais que comprovem o gasto ocorrido.

Essa é uma informação importante que não é repassada amplamente para os servidores da prefeitura. Nenhum dos assegurados que conversou com o Portal Amazonas 1 sabia desse detalhe.

Promessas e promessas

Em quatro meses da gestão de David Almeida, apenas em abril o titular da Secretaria Municipal de Administração – órgão que gerencia a Manausmed, Ebenezer Bezerra, se reuniu com vereadores na Câmara Municipal de Manaus para falar sobre a retomada dos atendimentos. Na ocasião, ele afirmou que o serviço seria normalizado em até 30 dias.

Reunião da Semad na CMM para falar sobre a retomada dos serviços

Dias depois, em 28 de abril, o discurso mudou, desta vez, feito pelo subsecretário da Semad, Cesar Marques. Ele tratou o assunto de forma superficial, dizendo que o problema seria resolvido “nas próximas semanas”. Durante a mesma declaração, o subtitular da pasta reforçou constantemente a suposta preocupação da gestão de David Almeida com a Manausmed.

Tais “semanas”, no entanto, se estenderam. Na sexta-feira, 25 de junho, os serviços supostamente foram reestabelecidos.

Em vídeo publicado nas redes sociais da Manausmed, o subsecretário Cesar Marques reaparece, em alguns segundos, para anunciar que os atendimentos de urgência e emergência para adultos e crianças foram retomados. Ele não informa, contudo, quais unidades o servidor pode procurar ou se o tratamento de casos de covid-19 estará incluso no plano.

Sem informar detalhes básicos necessários, o curto vídeo de 54 segundos encerra reiterando que o “Manausmed está preparado para essa nova forma de fazer gestão”. Dando destaque, novamente, à gestão política.

No entanto, em uma imagem conseguida com exclusividade pelo Portal Amazonas 1, dentro da Manausmed, a informação que circula é que apenas o Hospital Santo Alberto vai realizar esses atendimentos.

Nenhum órgão confirmou se a unidade fornecerá os serviços, apenas ampliando a desinformação e falta de atendimento aos que prestam serviço para a Prefeitura.