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Manchete

Sinésio Campos aposta na popularidade de Lula no AM na campanha do PT ao governo

Sinésio Campos aposta na popularidade de Lula no AM na campanha do PT ao governo

Por Annyelle Bezerra/ Foto: Alexandre Rabelo

Da Redação

O site Amazonas1 dando continuidade à série de entrevistas com os candidatos a vice-governador do Amazonas, na eleição suplementar, conversou nesta sexta-feira, 23, com o deputado estadual Sinésio Campos (PT), vice na chapa do candidato José Ricardo (PT). Nesta entrevista o candidato revela que a vinda de Lula a Manaus para apoiar a chapa do partido somará muito, no momento certo. Leia a entrevista completa:

AMAZONAS1 – O senhor sempre foi fiel ao Partido dos Trabalhadores (PT) que, atualmente, passa por um período de grande rejeição por parte da população, devido ao impeachment da ex-presidente Dilma e da deflagração da Operação Lava Jato. O senhor acredita ter sido uma boa ideia a formação de uma chapa “puro sangue”?

SINÉSIO CAMPOS: Primeiro é bom deixar claro que não é o PT que está em crise, mas a política nacional, tendo em vista que a Operação Lava Jato demonstrou o envolvimento da grande maioria dos partidos direta ou indiretamente. O que é fundamental a gente discutir é sobre o legado que o PT nos governos dos ex-presidentes Lula e Dilma deixou para o Brasil. Eu creio que a crise está instalada diante de tudo aquilo que o congresso nacional deixou de fazer. Não fez reforma política, não fez reforma tributária e quando não se faz uma reforma política não se discute financiamento público de campanha e fica esse pandemônio que aí está.

AMAZONAS1: O candidato José Ricardo disse que vai o apoio do ex-presidente Lula. E que o Lula viria a Manaus para fazer campanha para ele. O senhor acha que isso é positivo para a imagem do candidato?

SC: No Amazonas ninguém do PT está envolvido em nenhum tipo de escândalo e é fundamental também falar que o ex-presidente Lula, nos seus oito anos de governo, foi o presidente na história da República que mais se fez presente na história do Amazonas. Foram mais de 11 reuniões de trabalho. Então, ele tem um grande legado. A prorrogação da Zona Franca de Manaus, os programas de cotas nas universidades federais, o Prouni, o Minha Casa Minha Vida, o legado da Ponte Sobre o Rio Negro, o Programa Luz Para Todos. Tem uma gama de demandas aqui e que tem muita relação, então o presidente Lula virá e eu falo como presidente estadual aclamado pelo PT. Ele estará presente no Amazonas, na nossa campanha. O presidente Lula tem uma grande aceitação, no Estado. Ele é uma pessoa carismática e sobretudo somará no momento certo a sua vinda aqui na nossa campanha.

AMAZONAS1 – O senhor atuou na carreira docente e afirma ter afinidade com causas como Educação e Defesa dos Direitos do Professores. Durante a sua atuação na Câmara de Manaus e na Assembleia do Amazonas quais ganhos o senhor obteve neste âmbito e que podem ser ampliados, caso sua chapa seja eleita?

SC: Dentre os pontos que eu considero fundamental e pelo qual nós ainda lutamos para alcançar é a realização de eleição direta para os diretores nas escolas, democratizando esse processo. A regionalização da merenda escolar também é de fundamental importância, não dá mais para ter os achocolatados que não geram empregos para os municípios. Hoje tive contato com os produtores de laranja do município de Rio preto da Eva e eles querem ver uma quantidade maior de suco de laranja a ser servido nas escolas. Eu entendo ainda que, é cada vez mais importante assegurar a data-base dos professores, que foi uma conquista nossa e que deve ser cumprida. É importante também dar segurança para o trabalhador da Educação. As escolas deixaram de ter vigilantes e o professor passa, às vezes, a ser refém de vândalos ou de pessoas travestidas de alunos, causando violência. O piso salarial dos professores foi uma conquista que nós sempre fizemos defesa como vereadores e como deputado estadual.

AMAZONAS1 – Em março deste ano, o senhor votou contra o Projeto de Lei que aprovou o aumento de impostos de combustíveis, gás de cozinha, óleo diesel, entre outros. Como o senhor avalia a política de elevação de impostos em plena crise? E como o candidato José Ricardo e o senhor pretendem melhorar o nível de recursos do Estado sem adotar práticas desse tipo?

SC: Eu fui contra qualquer tipo de aumento de carga tributária para o trabalhador, até porque você viu agora a questão da isenção do ICMS, reduziu a tarifa do transporte coletivo. Eu entendo que cada vez que se aumenta impostos, principalmente em tempo de crise, onde a iniciativa privada precisa pelo menos segurar os seus trabalhadores no mercado de trabalho, o trabalhador acaba sendo demitido.  Então, o empresariado nacional e, eu não digo o grande empresariado, mas o microempresariado e o médio empresariado está com a corda no pescoço e não tem como suportar mais carga tributária. O que eu percebo é que o Estado precisa de algo que eu pratico permanentemente aqui, ter uma nova matriz econômica que possa utilizar os nossos recursos naturais. Eu falo do setor mineral e das nossas potencialidades, da nossa biodiversidade e geodiversidade. Como é que eu posso entender que nós temos o barro do outro lado ali que só faz telha e tijolo e temos o caulim aqui próximo de Manaus, antes de Rio preto da Eva, e não se tem uma indústria de porcelanato. A Zona Franca de Manaus foi feita para isso. Dou ainda outro exemplo, por que nós temos uma Zona Franca que não tem uma produção de papel? O papel que circula, hoje, na produção dos jornais do Amazonas que são impressos, vem do Canadá, enquanto aqui nós temos para fazer papel o rejeito do caulim com celulose. Não precisa derrubar mais madeira. Até a imbaubeira tem celulose, então não é preciso madeira de lei para fazer papel. Quantas toneladas o Distrito Industrial consome de papel e não produz nada? Eu entendo o potencial do ouro que nós temos, da silvinita que é o minério do potássio, que o Brasil importa de Israel, da Rússia e do Canadá e que na verdade nós, para termos o agronegócio e a agricultura familiar fortalecido, precisamos do potássio desse fertilizante. O calcário que é um trabalho que eu tenho e continuo lutando na Assembleia. Como podemos pensar na produção agrícola se o Amazonas sequer produzia uma grama de calcário? Com a nossa luta, hoje tem uma fábrica de calcário aqui em Manacapuru. O calcário vinha do nordeste a R$ 700 a tonelada, agora sai por R$ 180. Na minha visão, o incremento da produção agrícola, do setor agropecuário, o incentivo à extensão rural vi fazer com que o cidadão não deixe o interior e comece a produzir. Têm alternativas, sim. O que falta é pensar neste modelo econômico que não é somente essa vaca leiteira chamada Zona Franca de Manaus, produtora de celular que vem com calculadora junto e já torna uma fábrica de calculadora obsoleta.

AMAZONAS1 – Durante a eleição para escolha do novo presidente da Assembleia do Amazonas, o senhor votou no candidato do então governador José Melo, apesar do seu companheiro de chapa e de partido, deputado José Ricardo estar na disputa. Por que o senhor tomou essa decisão? Como ficou a sua relação dentro do partido?

SC: É bom esclarecer primeiramente que eu também era candidato. O PT tinha dois candidatos, Sinésio Campos e José Ricardo. O partido em nenhum momento colocou como decisão política uma candidatura do PT, ou seja, não tinha alinhamento político partidário de como deveria ser a votação lá. E diante do cenário instalado que, lá não era somente uma decisão partidária, mas uma decisão do que poderia ser trabalhado dos candidatos que nós não poderíamos ganhar nunca eleição, pois só teria um voto a mais, mas sim um programa onde o próximo presidente da Assembleia pudesse democratizar e fazer um pouco mais pelos servidores da casa como também pela própria sociedade. Então, por isso nós optamos em votar no David Almeida, desta forma não houve infidelidade partidária, não houve em nenhum momento melindre entre eu o deputado José Ricardo.

AMAZONAS1 – O mandato “tampão” será curto. Quais áreas devem ser priorizadas pela sua chapa no projeto de gestão do governo do Amazonas?

SC: A crise está instalada em várias áreas, o desmonte da saúde e da educação, da segurança pública. Eu entendo que precisa ser feito algo urgente pelo menos para que não falte medicamento nas escolas, a regionalização da merenda escolar, pois é fácil fazer com que as cooperativas e os produtores rurais possam comercializar seus produtos. Na questão do Sistema Único de Saúde (SUS), o trabalho precisa ser urgente através de uma parceria entre prefeitura e governo do Estado, para que cada um possa fazer o seu papel. Não é dar o presente de grego para os prefeitos, porque hoje os prefeitos têm uma carga dobrada. Eles asseguram a atenção básica e ás vezes têm que bancar médicos, servidores nos hospitais e maternidades do interior do Estado. Eu vejo que é por aí. Para fechar, você sabia que o Amazonas é o único Estado do país que tem uma saída para o Pacífico? Nós temos um projeto há mais de 12 anos que é o Porto Manta-Manaus que prevê um porto no Equador entrando exatamente na nossa Zona Franca que não é só de Manaus, mas do Acre, do Amapá, de Roraima e também de Tabatinga. O porto da Suframa de Tabatinga está fechado. Então os produtos da Ásia que vem abastecer a Zona Franca podem inclusive não utilizar o Canal do Panamá. E praticamente a maioria das obras está feita. O Amazonas não sofreria nenhum impacto ambiental porque o Solimões é navegável durante todo o ano. Isso reduziria em 25 dias os custos das indústrias da Zona Franca e Manaus, sem pagar r royalties para o Canal do Panamá. Com isso entraria mais receita para o Estado, as nossas empresas do Distrito ganhariam muito a competitividade. Por tudo isso nós estamos apoiando sim a candidatura do José Ricardo com uma chapa “puro sangue”, porque eu entendo que ele como economista e ex-camelô fará em um ano e pouco o que deixou de ser feito em quatro anos.