Manaus, 4 de maio de 2024
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Manaus, 4 de maio de 2024

Economia

Sufoco! Pandemia muda cenários e afeta a agroecologia no Amazonas

Algumas medidas foram feitas para a sobrevivência do setor - que passou um "sufoco" para se manter em atividade durante o período mais crítico.

Sufoco! Pandemia muda cenários e afeta a agroecologia no Amazonas

Foto: Reprodução

MANAUS – A pandemia do coronavírus afetou de diversas maneiras as vidas dos amazonenses. O agricultor  e os comerciantes de produções rurais tiveram que se readaptar a esse novo cenário. Em 2020, por exemplo, a Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror), visando amparar produtores, realizou  a 42ª Exposição Agropecuária (Expoagro), pela primeira vez totalmente virtual, alcançando cerca de R$ 60 milhões no agronegócio do Estado. Mas essa foi apenas uma das medidas de readequação para a sobrevivência do setor – que passou um “sufoco” para se manter em atividade durante o período mais crítico.

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A população que vive de agronegócios precisou buscar outras alternativas, além da venda em feiras.  Para alguns, a solução esteve em atravessadores que se arriscavam em levar as produções do interior para a capital. As travessias foram uma das poucas alternativas para os praticantes da agricultura familiar.

Para Daniele Rocha, os atravessadores foram, de certa forma, salvaram a renda da família, apesar da ajuda da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (ADS), foram os atravessadores que se arriscaram e trouxeram produções para serem comercializadas na capital. Mesmo estando inserida no setor de agricultura familiar há mais de 10 anos, a jovem diz que a pandemia trouxe desespero.

“Com a ajuda da ADS conseguimos vender nossos produtos nas feiras promovidas por eles, mas devido às restrições tudo ficou parado. Quando não tínhamos a ajuda deles, a gente padeceu para vender os nossos produtos. Tínhamos que recorrer aos atravessadores, que pagam um valor mínimo mas nos ajudam a não cair no prejuízo. O dinheiro mal dava para cobrir as despesas. Às vezes, nem conseguíamos vender e outras até desistimos”, disse a agricultora que comercializa pimentão, pimenta cheirosa, pepino e cheiro verde.

Sem amparo, sem alimento no prato

Morando no Ramal do Areal, localizado no km 41 da rodovia AM-010, Daniela Rocha diz que, se não fossem os amparos legais do Governo e principalmente o caboclo do interior para atravessar as produções, a família composta por sete integrantes teria passado necessidades.

“O desespero seria muito maior. Só teríamos os produtos que plantamos para consumir. O Governo do Estado fez uma auxilio emergencial para o produtor rural, em parceria com a ADS e a Afeam. Foi isso que nos ajudou a cobrir alguns prejuízos. Alguns programas voltados para a agricultura familiar nos trouxeram uma forma diferente de olhar para a situação. O balcão de vendas direto do supermercado, por exemplo, ajudou bastante já que os estabelecimentos não pararam nesse período”, declara.

Segundo Fernanda Torres, especialista em agroecologia familiar, “uma forma diferente de olhar a situação” é a melhor alternativa para o socorro de produtores rurais, mas além disso é preciso iniciativa e incentivo por parte do estado para alcançar o socorro a essas pessoas.

“Na agricultura familiar, a mão de obra é feita pela família ou por terceiros. Ela é muito diferente da agricultura convencional”, declara.

Ainda nessa perspectiva, a especialista explica o porquê de alguns produtos vindos de produções rurais terem saltado nos preços em plena pandemia.

“Com toda a conjuntura política e essa desvalorização do Real frente ao Dólar, houve um aumento no valor de alguns materiais. Tanto a pecuária, como os produtos agrícolas tiveram reajuste no valores”, explica.

Outra agricultora que sentiu a prática da agroecologia afetada pelo cenário de pandemia no estado foi Gleyce Fagundes. Ela se viu tendo que recorrer a empréstimos para manter sua própria produção de vegetais em casa.

“Um dos nossos meios de vida são as plantações e tivemos um momento em que não conseguíamos nem comprar adubos. A situação foi tão crítica que chegamos a olhar uns para os outros e nos questionávamos: ‘comemos ou vendemos?’ Ainda bem que, de certa forma, nunca nos faltou nada”, diz a agricultora.

O governo do estado

O Amazonas1 entrou em contato com o governo do estado para saber detalhes dos programas de atuação e amparo para pessoas que vivem do agronegócio. Por meio de nota oficial, a comunicação declarou que, somente por meio da Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS), em 2020, o Governo investiu R$ 4,6 milhões para compra de produções de fornecedores do Programa de Regionalização da Merenda Escolar (Preme).

“Medida que deve ser adotada também este ano; e também adquiriu com recursos de R$ 1,2 milhão de produtos de feirantes locais e investiu quase meio milhão (R$ 499,9 mil) em pescado e R$ 1,5 milhão em alimentos de cestas natalinas”, afirmam.

Além desse amparo, somente nos primeiros 45 dias deste ano, foram compradas 322 toneladas de alimentos de 162 produtores de 17 municípios, beneficiando diretamente a agricultura familiar.

“Em 2020, o sistema Sepror também realizou a 42ª Exposição Agropecuária (Expoagro), pela primeira vez totalmente virtual, movimentando cerca de R$ 60 milhões no agronegócio do estado”, finalizam.