Manaus, 28 de abril de 2025
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Manchete

Um ano após massacre e fuga em massa, 63 detentos continuam nas ruas

Um ano após massacre e fuga em massa, 63 detentos continuam nas ruas

Portão principal do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Um ano depois do pior massacre do sistema prisional do Amazonas e da fuga de 225 presos, 63 detentos continuam foragidos, de acordo com informações da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap). O massacre que chocou o País dia 1º de janeiro de 2017 foi resultado de uma rivalidade entre a Família Do Norte (FDN) e o Primeiro Comando da Capital (PCC) e de falhas no sistema prisional do Estado.

Portão principal do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Palco de 56 mortes, o Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) registrou a fuga de 116 detentos. Outros 109 fugiram do Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat). Hoje, de cada dez presos foragidos, três continuam nas ruas.

A rebelião no Compaj começou por volta de 16h, quando alguns detentos do pavilhão 3, entre eles membros da FDN, renderam agentes e trocaram tiros com policiais militares em uma área da unidade prisional chamada de ‘seguro’. Lá ficavam os presos considerados vulneráveis e alguns membros de outra facção, PCC.

Após o massacre, 280 detentos foram transferidos para a Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, no Centro de Manaus. Depois de uma semana, o local foi palco de nova rebelião, dessa vez com quatro detentos mortos.

Passados alguns dias da chacina, o que se viu foi a peregrinação de familiares de presos em busca de informações, principalmente mães e esposas de detentos. Em maio, a Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa foi desativada.

Os 162 internos que estavam no local foram levados para um novo presídio, o Centro de Detenção Provisória (CDP 2), para onde devem ser levados os ex-secretários de Estado presos no âmbito da Operação Maus Caminhos.

Presídio foi palco do maior massacre do Estado (Compaj), em Manaus (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Descontrole do Estado

Após meses de investigação, a Polícia Civil do Amazonas pediu o indiciamento de 210 pessoas. Além da rivalidade entre as duas facções, os policiais apuraram que algumas mortes foram motivadas por provocações entre os detentos por assuntos familiares.

Depois do massacre nas prisões amazonenses e outras rebeliões em presídios da Região Norte, a presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, determinou que o órgão apurasse as causas da crise na região.

Relatório preliminar apresentado em março mostrou que as autoridades do Amazonas não sabiam ao certo o total de presos encarcerados no Estado.

O conselheiro do CNJ Rogério Nascimento, que esteve no Amazonas para inspeção das condições carcerárias do local, constatou que, além da guerra entre as facções, o massacre foi motivado pelas péssimas condições dos presídios do Estado, a superlotação e a fragilidade do sistema prisional.

Custo de R$ 4,9 mil por preso

 O CNJ também identificou que a empresa Umanizzare Gestão Prisional E Serviços Ltda, contratada pelo Governo do Estado para administrar os presídios locais, recebia, em média, R$ 4,9 mil por mês por detento, enquanto a média em outros Estados, como São Paulo, é de menos de R$ 2 mil mensais.

Apesar da discrepância, no dia 18 de dezembro de 2017, na gestão de Amazonino Mendes, o governo do Amazonas prorrogou, sem licitação, o contrato com a Umanizzare por mais um ano.

Com o aditivo, o governo local desembolsará R$ 3,4 milhões por mês com a empresa, que tem o maior contrato do executivo local.